Aladdin é o clássico de 1992 que marcou gerações e, agora, 27 anos depois, o longa retorna em uma versão live-action que faz jus à animação, concretiza sua fidelidade às histórias de Mil e Uma Noites e encanta ao entregar um cenário colorido e reluzente, uma trilha sonora viciante e personagens cativantes. Esta é a história de Aladdin, a Princesa e a Lâmpada de um jeito que você vai querer ver mais de uma vez.
Com direção de Guy Ritchie e roteiro de John August, Aladdin surpreende por vários fatores, sendo a história o principal. O desenvolvimento vai além do conhecido na animação e da obra original, em que o público conhece um rapaz pobre de Agrabah que rouba para se sustentar, é tachado de ladrão, mas nem por isso ele é uma pessoa ruim. Aladdin tem muito a mostrar, basta uma chance para revelar o seu valor interior. Não é à toa que ele é o diamante bruto tanto procurado pelo terrível Jafar e a pessoa que conquista o coração de Jasmine, uma princesa que não se fascina apenas pela beleza e prestígio, mas sim por aquele que não a deixa silenciar e a admira por querer conhecer o mundo além das paredes do palácio. Para ter uma oportunidade em meio a tudo isso, o rapaz conta com a ajuda de um ser mágico, um Gênio com poderes cósmicos e fenomenais que desconhece o gosto da liberdade por ficar preso por mais de mil anos em sua lâmpada, sempre atendendo ao mestre da vez com o famoso três desejos.
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Se você desconhece esta história, chegou a hora de conhecer, pois a live-action não só entrega na tela a sinopse descrita acima, como desenvolve subtramas e apresenta personagens sejam novos ou aqueles menos conhecidos. O filme começa exatamente igual ao desenho, com o narrador que, imediatamente, mergulha o público pelas ruas de Agrabah, uma cidade dividida entre o luxo desfrutado por grandes sultões; pobre e esforçada para um povo trabalhador, que luta para ter uma moeda dentro de seu bolso e um pedaço de pão ao final do dia.
Mesmo que faça jus, não significa que seja igual à animação e este é o primeiro ponto positivo do filme. Aladdin entrega informações a mais e desenvolvem sonhos e propósitos que se encaixam a nossa época atual. De início, o espectador toma conhecimento sobre Jasmine, especificamente sobre a origem da família de sua mãe, o que aconteceu com a Rainha e a razão da princesa ser mantida “presa” dentro do palácio, sem poder desfrutar do mundo, nem ao menos de onde nasceu. Também ganhamos detalhes (poucos) sobre Aladdin, os seus pais e o motivo dele ser um rapaz solitário, vivendo apenas com o seu amigo macaco Abu.
Egoísta e ambicioso, Jafar sonha em tomar o lugar do Sultão por não suportar estar em acatar as ordens de alguém superior. O público também descobre quem ele era antes e porque deseja tanto iniciar uma guerra com outras cidades. Esses detalhes ajudam a compreender melhor as ações que movem o vilão.
Claro que o Gênio não poderia ser apenas um ser mágico que vive em uma lâmpada. Ele foi preso ali e descobrimos que ele é um humano e deseja recuperar a sua liberdade para, justamente, voltar a sua forma original.
Filme X Animação
Claro que a live-action reproduz as cenas clássicas da animação, mas sempre colocando um toque especial. De início, temos a tradicional cena do narrador que, por sinal, confirma uma teoria do desenho. Logo em seguida, já conhecemos Aladdin sendo perseguido por guardas pelas ruas de Agrabah. No entanto, ele já está acompanhado por Jasmine, disfarçada para passear pela cidade.
Uma das cenas mais aclamadas é quando Aladdin conhece o Gênio e a live-action entrega este momento de forma mágica e reluzente para contar ao novo ‘amo’ qual é o propósito da lâmpada, ganhando um estilo rap aos passos de dança dos personagens.
Outras cenas que não ficam nada a desejar é a apresentação da Caverna Mágica, a transformação de Aladdin em Príncipe Ali e sua chegada triunfal ao palácio; e o momento romântico do rapaz com Jasmine em seu tapete mágico ao som de ‘Um Mundo Ideal’.
Claro que o filme aproveita para nos dar detalhes sobre o encontro do príncipe Ali, Jasmine, Sultão e Jafar, a forma como eles tentam se aproximar durante uma grande festa no palácio, o conflito interno de Aladdin sobre sua verdadeira identidade e o momento do Gênio desfrutar seus minutos de liberdade.
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Toda a ambientação é engrandecedora e os cenários são amplos, exagerados e extremamente coloridos, dando um clima bollywoodiano ao filme de encher os olhos do público.
Trilha Sonora
Impossível não se render a esta trilha sonora viciante e divertida de Aladdin, que é ótima tanto na versão original quanto na versão em português, muito bem executada pela banda Melim. Márcio Simões, Daniel Garcia e Lara Suleiman que dão as vozes em ‘A Noite na Arábia’, ‘Correr Para Viver’, ‘Nunca Teve Um Amigo Assim’, ‘Príncipe Ali’, ‘Um Mundo Ideal’ e a nova canção ‘Ninguém Me Cala’, que faz parte de uma cena empoderadora de Jasmine.
Personagens
Os personagens são o ponto forte do filme e não ficam a desejar. Mena Massoud está muito bem como Aladdin, entregando um rapaz que luta para sobreviver na cidade, deixa nítido a sua tamanha bondade quando divide o seu único pão ou fruta com aquele que tem mais fome. É o verdadeiro diamante bruto por ter um lado bom, mas também um lado teimoso e conflituoso diante das circunstâncias que exigem o seu verdadeiro eu, uma identidade que ele teme revelar para não ser desprezado como sempre ocorreu. Sua amizade com Abu é a coisa mais genial já feita e está fiel à animação, assim como sua química perfeita com o Gênio e o romance puro, natural e crescente com Jasmine.
Will Smith prova ser um excelente Gênio, sem entregar uma interpretação forçada ou fantasiosa demais. Ele é inteligente, sarcástico, engraçado e apaixonante. Finge que não se importa, mas sabe que a amizade com Aladdin já nasceu e faria de tudo para ajudar o seu mestre, mesmo não sendo um desejo oficial. Ele se apaixona também, revelando o seu verdadeiro lado humano que lhe foi tirado. Realmente, um amigo como ele você nunca teve.
Quem também se destaca é Jasmine, um papel que caiu perfeitamente para Naomi Scott. Jasmine é princesa e prisioneira de sua própria casa, mas ganha empoderamento que a faz sonhar alto e mergulhar em livros e mapas com um único objetivo: se tornar sucessora de seu pai no trono, algo que não é permitido para uma mulher. Mas ela não se deixa abater por isso, nem quando tentam silenciá-la, o que a faz lutar ainda mais para mudar as leis de Agrabah. Sua química com Massoud é natural e funciona muito bem.
Marwan Kenzari entrega um Jafar que traz a melhor representação de que a ambição extrema ao poder leva a autodestruição do homem. O vilão é rude, egoísta e não aceita estar em segundo plano, o que o faz tomar atitudes drásticas e passar por cima de todos, sem medir as consequências até para ele mesmo. O ator atende as expectativas do personagem, mas acredito que em certos momentos ele poderia ter trabalhado melhor suas expressões, reações e um lado mais misterioso em que ele pudesse esconder, e, ao mesmo tempo, deixar nítido sua ruindade e inveja.
Há dois personagens que é interessante acompanhar no filme: a criada de Jasmine, Dalia (Nasim Pedrad), que entrega uma amizade singular com a princesa, além de ser um interesse amoroso para alguém; e o chefe dos guardas Hakim (Numan Acar), que vê sua fidelidade e honra ao Sultão, as leis e os princípios do reino bastante estremecidas.
Considerações finais
Aladdin entrega um final grandioso, lindo e satisfatório, faz jus à animação e a história original, mas caminha bem com suas próprias pernas ao ousar nas subtramas e desenvolver melhor seus personagens que, por sinal, são cativantes do começo ao fim, assim como sua trilha sonora. Esta é a live-action sobre Aladdin, a Princesa e a Lâmpada que você, provavelmente, já conhece, só que agora com um toque ainda mais mágico.
Ficha Técnica
Aladdin
Direção: Guy Ritchie
Elenco: Mena Massoud, Naomi Scott, Will Smith, Marwan Kenzari, Nasim Pedrad, Navid Negahban, Numan Acar, Billy Magnussen, Jordan A. Nash e Amir Boutrous.
Duração: 2h8min
Nota: 8,5