A segunda temporada de Sex Education estreia dia 17 deste mês na Netflix e, para você que ainda não conferiu a primeira temporada, o Pipoca Na Madrugada reuniu cinco motivos -sem spoiler- para você se animar e maratonar essa produção e ter, já já no streaming, novos episódios para desfrutar.
Antes de começarmos, você precisa saber a breve sinopse dessa série poderosa que veio para quebrar diversos tabus e naturalizar o sexo, os hormônios – e descobertas – na adolescência e a diversidade da sexualidade e do gênero.
Otis (Asa Butterfield) é um jovem inseguro, com apenas um amigo no colégio, e está entrando na puberdade, mas, diferente dos outros garotos, não consegue se masturbar e, também diferente de todos, sua mãe é uma terapeuta sexual famosíssima. Depois de um evento incomum no colégio, no retorno às aulas, Otis acaba se tornando o conselheiro sexual de seus colegas.
Agora, segue à lista dos cinco motivos para maratonar essa produção:
Politicamente correto
Em minha opinião, o humor negro saiu de moda faz muito tempo e, concorda comigo, ele normalmente afetava e depreciava certos grupos sociais como os negros, as mulheres e/ou os LGBTs? Pois em Sex Education podemos rir sobre diversos assuntos e não sermos, em nenhum momento, cúmplices do preconceito.
O riso é algo descontraído e politicamente correto na série, uma vez que os momentos de comédia não buscam menosprezar a sexualidade, o gênero ou a etnia de alguém em troca de algumas piadas. Sem mencionar que a produção busca representar uma diversidade grande de etnias, sexualidade, gênero e empasses sexuais, transformando tudo em uma atmosfera não-hollywoodiana em que não há apenas brancos, héteros e cisgêneros preenchendo a tela enquanto assistimos.
Desconstrução de gênero
O gênero é tratado de forma inovadora durante a produção, como se fosse totalmente desconstruída a ideia fixa de masculinidade (para homens) e feminilidade (para as mulheres). Os três personagens principais Otis, Eric (Ncuti Gatwa) e Maeve (Emma Mackey) não seguem – ou se preocupam – com os padrões de gênero.
Otis, o protagonista, não sente sua masculinidade ferida por ter um amigo homosseuxal – Eric – ou por nunca ter transado na vida. Ele se sente incomodado com sua virgindade apenas quando começa a se tornar uma espécie de conselheiro sexual em seu colégio sem nunca ter tido uma experiência na vida.
Já Maeve, que idealiza essas sessões do “terapeuta” com os estudantes, não é feminina e não se preocupa em ser, busca manter seu estilo descolado e até mais masculino que os personagens homens da série.
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O trio representa uma quebra de padrões de gênero, uma vez que masculinidade e feminilidade é um fluxo tanto em homens quanto em mulheres. Não há reafirmação de padrões.
Amizade de Otis e Eric
No decorrer da temporada é impossível não se encantar com a amizade de Otis e Eric. Os amigos, mesmo sendo bem diferentes, o primeiro hétero e branco, o segundo negro e homossexual, se dão muito bem e em nenhum momento comentam sobre suas diferenças, afinal, elas não têm importância. Além disso, os dois não se preocupam com o que os outros pensam sobre a forma como se relacionam, eles são carinhosos em público, naturalizando a afetividade entre homens.
O casal de amigos é, também, imune de preconceitos e tabus entre si: conversam sobre tudo desde problemas familiares até relações sexuais. A confiança, carinho e consideração que eles têm é presente e se sobrepõem às diferenças, inseguranças e preconceitos.
Feminismo e sororidade
No começo, o feminismo não se faz tão presente, apenas com Maeve que gosta de se impor e não se submete aos comportamentos machistas da maioria do colégio. Porém, mais uma vez, há uma quebra de padrões, dessa vez de uma forma mais nítida e direta.
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A empatia entre mulheres, ou sororidade, é introduzida na história após fotos íntimas de uma menina vazar na internet. Constrangida, ela assume que as fotos são dela em público para que não “atribuem” a foto à outra pessoa. Mas quando essa cena acontece, uma sensação de empatia toma conta de todas as meninas do colégio, e elas têm uma ação simples, acolhedora e empoderada que ajuda a menina da foto a enfrentar aquele constrangimento. Uma cena cheia de emoção e feminismo que vale muito a pena conferir.
Representação do sexo
Pelo título podemos imaginar que há muitas cenas explícitas de sexo, quando, na verdade, não é bem assim. A produção se preocupa em mostrar vários tipos de órgãos genitais, mas a transa em si, é bem mascarada e até a masturbação têm uma representação cinematográfica muito criativa.
Em vez de mostrar alguém gemendo ao se tocar ou transar, a série explora mais as músicas e o cenário, criando uma incrível trilha sonora e palheta de cores nas cenas de prazer para representar aquilo como algo poderoso e único, e não banal e supérfluo.
Além disso, há paixão entre os personagens, sentimentos que os envolvem tanto dentro quanto fora do sexo. Sex Education consegue, assim, nos explicar como transar tem muito mais haver com o que os inúmeros sentimentos e pensamos que temos do que com uma fútil atração corporal.
Ensina, com muito humor e diversidade, como o sexo é – principalmente – tudo aquilo que nunca pensamos que poderia ser como: o que pensamos sobre nós; o que achamos que o outro pensa sobre nós; o que sentimos por nós mesmos – e pelo outro; as inseguranças que temos com o nosso corpo e a aparência; as relações que buscamos; os desejos que reprimimos; as percepções que criamos do mundo; os fantasmas do passado e as aventuras do futuro; as sensações boas e estranhas, os calafrios e os olhares; as borboletas no estômago e o suor das mãos.
Sex Education vem mudar tudo que você pensa sobre sexo e, eu te juro, você não vai se arrepender.
Ficha Técnica
Sex Education
Direção: Ben Taylor e Kate Herron
Elenco: Asa Butterfield, Emma Mackey, Ncuti Gatwa, Gillian Anderson
Duração: 8 episódios (50 min aprox.)
Nota: 9,0