Com o sucesso de Invocação do Mal, a Warner Bros não perdeu tempo em dar sequência ao filme e ainda iniciar a produção de alguns spin-offs desse universo de terror. O primeiro a ir para as telas foi Annabelle (2014), já que a história da boneca despertou a curiosidade de muitos. Infelizmente a trama decepcionou, mas devido ao sucesso de bilheteria, a produtora deu sinal verde para uma sequência. O resultado é Annabelle 2 – A Criação do Mal, um filme que é consideravelmente melhor que o primeiro, com bons personagens, bons sustos e uma trama satisfatória. Não serão todos, mas acredito que alguns ficarão satisfeitos em ver a evolução de uma história que não começou tão bem três anos atrás.
A nova trama é uma sequência invertida de Annabelle. Se o primeiro filme traz as consequências do mal em uma boneca, o segundo trará a origem do mal e seu crescimento gradativo. A trama se inicia com a tristeza e desolação do fabricante de bonecas Samuel Mullins (Anthony LaPaglia), e sua esposa Esther (Miranda Otto) após a trágica morte de sua filha Abelinha (Samara Lee). Os anos se passam e, para diminuir a dor e a sensação de ninho vazio, o casal abriga a freira Charlotte (Stephanie Sigman) e algumas garotas de um orfanato que, recentemente, foi fechado. À medida que os dias passam, as meninas percebem que há algo de estranho e sobrenatural rondando a casa, especialmente Janice, já que ela é a primeira a se tornar o alvo do mal que se encontra debaixo do teto.
Annabelle 2 apresenta melhorias em vários aspectos em relação ao primeiro filme. Para começar, o longa apresenta um roteiro mais estruturado e bem costurado ao universo de Invocação do Mal. Ao longo da história, o público irá se deparar com alguns easter eggs dos próximos spin-offs que estão por vir, como é o caso de A Freira (The Nun). Se você já assistiu aos filmes anteriores, terá mais facilidade em captar as referências. Além disso, o roteiro entrega uma história bem contada de como o mal surgiu logo no primeiro ato, sem truques para confundir o espectador. O filme deixa claro a sua proposta e o que o público verá ao longo do seu desenvolvimento.
O susto é bom e o medo é relativo
Quando o assunto é assustar, David F. Sandberg (Quando As Luzes Se Apagam) sabe bem o que faz. Se no primeiro filme a boneca não passa de uma figurante e um objeto medonho, nessa sequência, Annabelle ganha um tom muito mais sombrio e assustador, aparecendo em lugares improváveis, fazendo movimentos sutis para amedrontar e iniciar uma certa paranoia tanto nos personagens quanto no público. “Será mesmo que ela se mexeu? Ou foi o vento? Será que é alguém tentando assustar? Ou é fruto da minha imaginação?”. Nesse quesito, o diretor consegue aplicar a fórmula do “menos é mais”, trazendo um resultado positivo.
Além de colocar a boneca como elemento principal, Sandberg utiliza dos famosos artifícios que geram medo, mas que tal sentimento pode ser relativo para cada um: a porta que se abre e fecha repentinamente; a sombra que passa no canto do cômodo da casa; uma batida na parede; barulho de passos; pouca iluminação; um corredor longo e completamente escuro, entre outras coisas. Além desses elementos, o diretor não abre mão das cenas clichês e dos jump scares que, para mim, estão no timing certo. De exemplo há o personagem que vai em direção ao barulho estranho; a garota que não acredita no sobrenatural e depois descobre que é verdade, entre outros. Não vou falar muito para não tirar a graça do filme. Mas se o primeiro filme abusa demais do clichê, em Annabelle 2 ele se encontra mais equilibrado, tornando o medo relativo, ou seja, você pode se assustar na hora e esquecer ou ficar com um medo constante pelo o que está por vir.
Enquanto o filme acerta ao mexer com o nosso psicológico e nossas emoções, ele erra ao entregar demais. Achei desnecessário dar um formato ao mal originado ali. Ele simplesmente poderia ficar subtendido, caminhando pelos objetos e pessoas, pois todos compreenderiam perfeitamente. Quem for assistir, vai entender o que estou dizendo.
Personagens
Outro acerto do filme é ter um elenco composto por crianças e adolescentes. Por mais que sejam inocentes e frágeis, as garotas mostram coragem e astúcia quando o assunto é salvar a pele. Os olhares distraídos e as expressões faciais aterrorizadas alimentam ainda mais o suspense. Esse trabalho é bem feito pelas atrizes Talitha Bateman e Lulu Wilson, intérpretes de Janice e Linda. Enquanto as crianças mostram mais ousadia, as adolescentes (como Nancy e Carol) demonstram desdém à situação e menos coragem ao lidar com o perigo. Essa inversão de papeis até pode ser clichê, mas funciona muito bem, além de trazer momentos interessantes e até cômicos para a trama.
Considerações finais
A cena final é bem amarrada e surpreende o público com um desfecho redondo e bem explicativo. Melhor que o primeiro filme, Annabelle 2 – A Criação do Mal apresenta uma narrativa bem estruturada e costurada à linha cronológica do universo de Invocação do Mal. Os personagens podem não ter um grande destaque, mas cumprem o seu papel na trama. As cenas de sustos são clichês, mas ganham equilíbrio tornando o medo relativo para cada um. É um filme que não decepciona, mas aí vai da opinião de cada um. Eu gostei e sai satisfeita do cinema. Aliás, não saiam correndo da sala, pois há uma cena pós-créditos.
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
Annabelle 2 – A Criação do Mal
Direção: David F. Sandberg
Elenco: Anthony LaPaglia, Miranda Otto, Stephanie Sigman, Talitha Bateman, Lulu Wilson, Philippa Coulthard, Grace Fulton e Samara Lee.
Duração: 1h50min
Nota: 7,9