A espera acabou e Daisy Jones & The Six está chegando ao Prime Video. É com alegria que posso dizer que o Pipoca na Madrugada já assistiu a série completa e está com bons pressentimentos de que esta produção promete ser o novo sucesso e queridinho do streaming.
Darei as minhas primeiras impressões sobre a nova série e sem spoilers. No geral, vou comentar o que poderão esperar sobre a história, a narrativa e seu desenvolvimento, se as diferenças em relação ao livro funcionam, os personagens e suas conexões, elenco, elementos técnicos e o desfecho.
Outra novidade é que haverá análise semanal de Daisy Jones & The Six no canal no YouTube do Pipoca na Madrugada, que trará mais detalhes e profundidade sobre a história. Mas já posso adiantar que a série irá agradar quem leu e é fã da obra de Taylor Jenkins Reid, e conquistará o público que terá o contato com esta trama pela primeira vez.
Qual é a história?
Baseado na obra da autora Taylor Jenkins Reid, Daisy Jones & The Six acompanha a formação, jornada, ascensão e o término da banda de mesmo nome, que estava no topo das paradas mundiais, em 1977. Mas, após um show lotado realizado no Soldier Field, em Chicago, o grupo desistiu e se separou. Anos depois, os membros da banda finalmente concordaram em revelar a verdade sobre a separação. Esta é uma história de como uma banda icônica implodiu no auge da sua existência.
A nova série do Prime Video tem 10 episódios de 40 a 50 minutos de duração, em que o espectador não sente o tempo passar. No entanto, a série será exibida semanalmente, do dia 03 a 24 de março no streaming, na seguinte divisão: 3 primeiros episódios no dia 03; 4º, 5º e 6º episódio no dia 10; 7º e 8º no dia 17; 9º e 10º no dia 24 de março. Uma curiosidade é que todos os episódios recebem títulos de músicas dos anos 60 e 70.
Outra curiosidade é que a abertura da série é simples e maravilhosa por conta da canção que foi posta ali. Ainda não sei o nome, mas estou no aguardo desta música ser liberada para todo mundo ouvir por completo.
Daisy Jones & The Six ganha uma narrativa ao estilo documentário, em que o público acompanha os personagens principais e envolvidos em depoimentos nos dias atuais ao relatar tudo o que ocorreu em suas vidas, desde a infância e a conexão com a música, a formação da banda, o encontro com Daisy Jones, o sucesso e a implosão do grupo. Simultaneamente, acompanhamos todo o desenvolvimento da história contada por quem viveu. E, assim como no livro, a identidade da entrevistadora fica em sigilo, sendo apenas revelada no final da série.
Os dois primeiros episódios apresentam duas narrativas que caminham paralelamente para apresentar os membros iniciais da banda The Dunne Brothers – que, mais tarde, viria se chamar The Six – mostrando quem sai, quem entra ou permanece no grupo; os problemas iniciais dos membros, assim como as primeiras situações pessoais da vida de cada um, o romance chegando para um deles e como tudo isso influencia nesta jornada. Juntamente, o espectador acompanha também a vida de Daisy Jones, desde a infância e juventude, passando pela difícil e distante relação dela com os pais, até a vida adulta e início de carreira na música, as dúvidas com relação ao talento e a determinação em focar neste sonho.
É possível que alguns sintam um ritmo menos acelerado neste começo, uma vez que a construção da história está em evolução e os personagens principais ainda não se juntaram por completo. Mas, para quem leu livro, já sabe o que esperar e nem sentirá tal lentidão, pelo contrário, pode até achar que as situações estejam ocorrendo ligeiramente para, finalmente, engatilhar no arco principal da série que é a banda. Mas, de forma alguma, este início deve ser menosprezado, por esta base inicial será muito importante para jornada dos personagens juntos ou separados em suas respectivas subtramas.
Primeiras impressões da série The Last Of Us
Mas as coisas não demoram a acontecer, pois Daisy Jones se reúne logo com a banda e, assim, as narrativas se mesclam na qual o público irá acompanhar tudo simultaneamente.
Livro vs Série
Uma das maiores dúvidas que vai pairar na cabeça dos fãs do livro é: a série faz uma adaptação fiel à sua obra? Posso dizer que sim, a produção segue com fidelidade na essência da trama original, mas por se tratar de uma adaptação, é normal que mudanças sejam feitas a fim de aumentar a dramaticidade e injetar elementos, ideias e conexões que fiquem atrativas ao público que já conhece a história, mas também que conquiste o novo público que terá o primeiro contato.
Sendo assim, posso dizer que Daisy Jones & The Six tem suas semelhanças e diferenças e ambas funcionam nos respectivos formatos livro e televisão de forma independente, ou seja, não é necessário ler o livro para entender a série e vice-versa. Pelo contrário, o fã da obra sentirá prazer, entusiasmo e alegria ao ver os personagens e a história ganharem vida, forma e cor. Enquanto isso, o espectador que entra em contato inicial com a série, ficará curioso para conhecer a obra original.
Com relação as diferenças, a série aplica algumas mudanças nas conexões dos personagens e criam circunstâncias que os aproximam mais entre si, mas também entre personagem e espectador, no sentindo de que a introdução do personagem na tela não demora a acontecer, fazendo com que este entre no radar do público imediatamente a fim de criar uma opinião e gosto.
Outros elementos técnicos que fazem Daisy Jones & The Six ser uma série linda de assistir, obviamente, são fotografia, figurinos, cabelo e maquiagem, porque sim, são detalhes que complementam positivamente o conjunto da obra. Com relação à fotografia, os cenários ganham aquela atmosfera setentista, com uma coloração mais amarelada e azulada de fundo, com cores mais fortes em pontos estratégicos, mas sempre enaltecendo uma paleta em tons pastéis.
O figurino dá a forma ideal à descrição dos personagens em cada página do livro, com destaque para os visuais de Daisy Jones e Billy Dunne, que ganham caracterizações mais específicas, seja no bom e velho jeans de Billy e nas roupas mais curtas, sexy e não vulgar de Daisy, na qual ela adora usar uma blusinha sem sutiã, marca registrada da personagem. As roupas e a maquiagem ganham um estilo mais rock’n roll quando a banda está no palco a todo vapor, exalando euforia, alegria e poder enquanto cantam.
Com relação às músicas, nem preciso dizer o quanto elas são envolventes e viciantes, né? O ponto alto de Daisy Jones & The Six são as letras e seus significados, afinal, cada palavra escrita tem influência da vida pessoal da banda e os envolvidos. Há algumas mudanças nas letras e quem leu o livro vai notar. Mas sinceramente? Não senti muita diferença, o que importa é que finalmente estas canções ganharam som e melodia, tornando-se impossível ouvir apenas uma vez. As músicas Regret Me e Look At Us Now (Honeycomb) já estão disponíveis na internet.
A banda e os envolvidos
Obviamente não dá para falar de Daisy Jones & The Six sem falar dos personagens que são a alma desta história.
Claro que começo a falar de Daisy Jones, que ganha uma excelente interpretação da atriz Riley Keough. Posso dizer que ela nasceu para este papel na qual é possível notar a sua entrega de corpo e alma. Daisy tem uma personalidade muito forte, assim como sua presença, uma construção feita a partir da ausência do amor de seus pais, que sempre a mantiveram distante deles. É possível até notar que a mãe de Daisy via a filha como concorrência, o que é até um absurdo.
Com relação à Daisy, posso dizer que a série dá uma suavizada na construção da personagem, em comparação com o livro. Na obra original, a protagonista tem a sua beleza sempre endeusada por todos ao redor, o que a faz chamar a atenção, complementado por seu figurino que torna o conjunto da obra atrativo. Na série, a beleza da personagem existe, mas é colocada em segundo plano, priorizando o seu talento e a determinação em realizar o sonho de se tornar uma cantora e compositora.
A personagem ganha uma construção crescente, cujo início é bem suavizado, a colocando até no posto de “mocinha sonhadora’, além de camuflar um pouco os problemas pessoais e familiares. As problemáticas vão aumentando organicamente, especialmente depois que ela se junta à banda, concentrando-se no maior problema de Daisy que é o seu vício, um ponto que já é enfatizado desde a sua juventude no livro.
Sem mais extensões, Daisy é a típica personagem que vai fazer o público sentir uma montanha russa de sentimentos: ora você vai amá-la; ora irá achá-la egoísta e desprezível em certas situações; ora terá vontade de abraçá-la e dizer que tudo ficará bem.
O ator Sam Claflin é outro que nasceu para fazer esta série e ele está incrível na pele de Billy Dunne, um rapaz que sempre foi próximo do irmão e da mãe desde a adolescência, marcado pelo abandono do pai, uma figura na qual ele sempre colocava como o seu espelho, cuja decepção se torna ainda maior. Mesmo que o irmão tenha criado a banda, é Billy quem lidera e se torna o cabeça da banda, não deixando o desânimo chegar, mesmo quando a situação não fica a favor do grupo em certas ocasiões.
Billy é um personagem bem multifacetado, que acerta e erra bastante, tem amor de sobra, mas também sabe ser egoísta e teimoso ao ponto de sempre fazer o que quer, sem escutar o que os demais também pensam e desejam. Isso gera discussões entre os integrantes, especialmente quando Daisy entra em cena, provando que os dois são extremamente similares, o que pode causar uma combustão.
Outra personagem que rouba a cena na série é Camila Dunne, interpretada por Camila Morrone, cujas expectativas são atendidas, mesmo que alguns pontos tenham sido modificados com relação à sua personalidade, conexões e circunstâncias. Sua essência é forte e permanece sempre sólida a série toda, sofrendo algumas alterações na reta final diante das escolhas. Existe um triângulo amoroso entre Camila, Billy e Daisy, que também ganha certas diferenças, mas sempre respeitando a obra original. Eu já tinha gostado da personagem no livro e, na série, o sentimento continua sendo o mesmo.
Suki Waterhouse e Will Harrison interpretam Karen e Graham Dunne, que vão fazer o público se apaixonar por eles também. Confesso que imaginei os personagens com outras características enquanto lia o livro, o que é normal, e na série, ambos esbanjam carisma e química juntos e separados. Irei me aprofundar mais nestes personagens durante a análise semanal.
Crítica: Todo Dia a Mesma Noite
Outra grande surpresa são Eddie e Warren, interpretados por Josh Whitehouse e Sebastian Chacon que, na minha opinião, conseguiram captar totalmente a essência e personalidade dos personagens. Quem leu o livro, sabe que o Eddie é chato, temperamental, criando uma rivalidade com Billy com relação às escolhas feitas para a banda, algo na qual Eddie não se sente 100% satisfeito, alimentando um constante incômodo, especialmente com o vocalista.
Enquanto no livro, o Eddie apenas reclama e pouco faz, a série da a oportunidade do Eddie ser mais afiado nas palavras, ter mais atitude e espaço para confrontos, especialmente com Billy, o que torna a situação mais interessante, alimentando a turbulência entre os integrantes da banda, que fará a diferença na reta final.
Já o Chacon traz toda a essência debochada e ‘good vibes’ que o Warren tem no livro para a série e dá gosto de ver. O personagem é exatamente o que muitos imaginaram enquanto lia cada página da obra.
No elenco também temos Nabiyah Be como Simone Jackson, que está simplesmente maravilhosa e sinto que ela ganhou um espaço maior na série do que no livro. O espectador consegue acompanhar a jornada de Simone na vida pessoal e carreira musical sem Daisy por perto para ofuscar, já que no livro, Simone aparece mais como um apoio maior à amiga.
Crítica: Na Sua Casa ou Na Minha?
Outros personagens coadjuvantes que também chamam a atenção são Teddy Price e Rod Reyes, interpretados por Tom Wright e Timothy Olyphant. A série dá mais espaço a estes personagens, especialmente Teddy, produtor responsável por descobrir e unir o talento de Daisy Jones com a banda The Six. Além disso, Teddy sai dos bastidores e ganha mais importância ao nutrir um sentimento paternal com os integrantes, especialmente Daisy, Billy e Simone. Já Rod Reyes tem uma participação mais pontual, ganhando mais destaque apenas na reta final da série.
E o desfecho? É igual?
A reta final de Daisy Jones & The Six ganha um desfecho cuja essência permanece a mesma do livro, respeitando as situações e causando a mesma emoção comovente e melancólica que a obra original causou. No entanto, assim como restante da série, o final também ganha circunstâncias diferentes que alteram algumas situações, mas que o resultado segue o mesmo.
Há um detalhe do livro que eu gostaria muito de ter visto, mas infelizmente foi retirado. Ainda assim, isso não diminui a qualidade da adaptação.
Considerações finais
Daisy Jones & The Six é uma adaptação com uma trama de amor e música envolvente, vicia com suas canções, apresenta personagens que geram um mix de sentimentos no decorrer da trama e ganha elementos que engrandecem positivamente todo o conjunto da obra.
Daisy Jones & The Six é uma série que funciona de forma independente, seja para quem leu o livro ou para quem vai ter o contato pela primeira vez sem saber absolutamente nada. É uma história que merecia uma adaptação na tela, cuja expectativa é atendida com maestria e grande satisfação. Uma série que não vai sair da sua cabeça por um bom tempo.
Ficha Técnica
Daisy Jones & The Six
Adaptado da obra de Taylor Jenkins Reid
Criação: Scott Neustadter e Michael H. Weber
Elenco: Riley Keough, Sam Claflin, Camila Morrone, Suki Waterhouse, Will Harrison, Josh Whitehouse, Sebastian Chacon, Nabiyah Be, Tom Wright, Timothy Olyphant, Sychelle Gabriel, Naya Kodeh, Ayesha Harris, Gavin Drea, Jack Romano e Nick Pupo.
Duração: 10 episódios (40 a 50min)
Nota: 4,5/5,0