Em Tudo Acaba em Festa, o cinema brasileiro novamente entrega uma comédia clichê, mas que se diferencia por abordar uma temática mais vista em filmes e séries americanos: o mundo corporativo. Mas não é da forma que você está pensando: a rotina dos escritórios, o vai e vem dos funcionários pelos corredores, alucinados em entregar o trabalho do dia, problemas no RH, discussões com o chefe. Bem despretensioso, o filme dirigido por André Pellenz critica este mundo de forma caricata, escrachada, apontando defeitos que, no fundo, são grandes verdades que ocorrem por essas paredes. No final, o longa estrelado por Marcos Veras entrega uma história baseada em fatos reais, divertida e que não se leva a sério, tornando o resultado mais eficaz.
Na trama, Vlad retrata o homem acomodado na vida, sem ter algum tipo de ambição em crescer, amadurecer e alcançar sua independência. Ainda sob o teto dos pais, o rapaz dorme mais do que devia, sempre chega atrasado ao trabalho e ainda não tem responsabilidade total com os afazeres da rotina. Mesmo conhecendo e se apaixonando por Aline – nova funcionária do escritório – Vlad até dá alguns passos para frente, mas acaba voltando à sua comodidade, o que prejudica o namoro com a colega de trabalho.
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Quando o escritório passa por uma crise em que muitos funcionários entram em desespero com a chegada da aposentadoria e demissão, Vlad tem a brilhante ideia de organizar uma festa da firma a fim de reunir os departamentos para, assim, tentar melhorar a harmonia, salvar o trabalho e ainda ganhar uma promoção do chefe, Senhor Takahari (Nelson Freitas). Tudo seria mais fácil se não fosse a resistência dos colegas, que só aceitam participar depois de falsas promessas. Além de ser desmascarado, Vlad precisa dar a volta por cima para não perder o controle da situação, o emprego e o amor de sua vida.
O que faz Tudo Acaba em Festa fugir um pouco do olhar crítico com relação aos momentos clichês é que o roteiro acerta ao fazer boas críticas sobre o mundo corporativo, onde vemos inúmeros escritórios com rixas entre departamentos, a realização do novo funcionário quando consegue o emprego na empresa dos sonhos; a decepção ao perder o emprego e/ou não ter o reconhecimento merecido pela dedicação de anos; as divertidas e estranhas reuniões em que especialistas adoram falar palavras difíceis sem chegar a uma conclusão, muito menos que alguém entenda alguma coisa; os amores proibidos e criticados pelos corredores; e, é claro a famosa festa de confraternização de todo final de ano, em que muitos juram se comportar, mas, extrapolam e protagonizam as cenas mais constrangedoras que serão comentadas por muito tempo.
Todos esses pontos citados ganham cenas cômicas e bem atuadas, seja quando Vlad não se responsabiliza por nada e, repentinamente, se vê comandando a maior festa da empresa; as brigas entre funcionários do financeiro, motoboys, laboratório, entre outros; a reunião tensa, afiada e divertida em que a chefe do RH, interpretada por Maria Clara Gueiros comanda a melhor cena de demissão; o encanto da estagiária Priscilla ao conseguir o emprego dos sonhos, uma interpretação ousada e divertida de Giovanna Lancellotti, o ciúme de Aline (Rosanne Muholland) e o medo de que Vlad coloque tudo por água abaixo, entre outros.
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Claro que a tão esperada festa de fim de ano é a cena chave e um dos momentos mais escrachados do filme, onde tudo acontece, desde a mentira de Vlad vindo à tona, funcionários dos diferentes setores de dando bem até demais, invasão de manifestantes que são contra a política da empresa; o reconhecimento de quem trabalhou arduamente e de quem quis puxar o tapete do outro; e, por fim, uma grande revelação que coloca um ponto final na festa.
De todas as interpretações, os destaques ficam para Marcos Veras e Giovanna Lancellotti, que entregam personagens que são desafiados o tempo todo, sob uma atmosfera cômica. Aliás, Lancellotti protagoniza momentos ainda mais hilários, especialmente quando ela explica a razão de vir trabalhar na empresa. É simplesmente sensacional.
Considerações finais
Tudo Acaba em Festa é uma comédia clichê, mas que consegue trazer críticas afiadas sobre o mundo corporativo com atuações divertidas em uma trama escrachada e despretensiosa. É aquele entretenimento que você não espera nada, mas sai leve por ter acompanhado uma história engraçada.
Ficha Técnica
Tudo Acaba em Festa
Direção: André Pellenz
Elenco: Marcos Veras, Rosanne Muholland, Giovanna Lancellotti, Nelson Freitas, Stepan Nercessian, Victor Leal, Diogo Vilela, Malu Valle, Maria Clara Gueiros e Amaury Jr.
Duração: 1h27min
Nota: 6,9