A saga Millennium retorna às telas com novo diretor, novo elenco e nova roupagem. Mas, será que a trama funciona bem como esperávamos? Mais ou menos e eu vou explicar o porquê. Dirigido por Fede Alvarez, A Garota Na Teia de Aranha (The Girl In The Spider’s Web) se passa em Estocolmo, na Suécia, e acompanha Lisbeth Salander (Claire Foy), uma mulher conhecida na mídia como anti-heroína, uma vigilante que ataca homens que agridem mulheres. Apesar da fama, ela se mantém distante, levando uma vida às escondidas. Um dia, Lisbeth é contratada para recuperar um programa de computador chamado Firefall, que dá ao usuário acesso a um imenso arsenal bélico. O programa foi criado para o governo dos Estados Unidos, mas agora há o desejo de destruí-lo por ser considerado perigoso demais, especialmente se cair em mãos erradas. Lisbeth aceita a tarefa, no entanto, é surpreendida por outro grupo, os Aranhas, que não medem esforços para conseguir o programa a qualquer custo.
Baseado na obra de Stieg Larsson, Millennium: A Garota Na Teia de Aranha é um filme com potencial que traz um ótimo elenco, mas que entrega uma história mal aproveitada. No primeiro ato o público dá uma pequena espiada no passado da protagonista, mais precisamente em sua infância, descobrindo fatos sombrios com relação à sua irmã e especialmente com o pai. Logo depois, o espectador é levado para acompanhar a saga de Lisbeth e sua rotina famosa como vigilante, levando-a para uma missão que é construída exatamente como uma teia de aranha, repleta de mistérios, espionagens, quebra-cabeças, terrorismo, violência e problemas governamentais. Tudo isso se tornaria ainda mais instigante e interessante de acompanhar se o roteiro ganhasse um dinamismo maior e mais detalhes que aprofundasse melhor a trama.
Ter Lisbeth Salander como protagonista e ainda muito bem atuada pela excelente atriz Claire Foy, é ter um prato cheio de camadas complexas para explorar. No entanto, o filme não dá espaço para um maior conhecimento sobre sua ‘profissão’, afinal a personagem é uma espécie de justiceira que resgata mulheres que sofrem nas mãos de agressores. Infelizmente, temos apenas uma única cena que relata isso, o que é um pouco frustrante, pois acredito que o público gostaria de acompanhar mais dessa rotina antes mergulhar na missão principal. Além disso, o passado da protagonista influencia bastante em suas atitudes e decisões no filme e, novamente, temos informações superficiais que dá para entender o que realmente aconteceu em sua infância, porém não há um contato maior para sabermos com precisão como era a relação dela com o pai e a irmã.
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Com um ritmo bem lento neste primeiro ato, o filme começa a engrenar no instante em que a personagem aceita a missão e enfrenta os primeiros obstáculos para recuperar o programa Firefall e proteger os inocentes envolvidos nesta situação. Aqui, há cenas mais dinâmicas, com lutas cruas e mais fortes que prendem a atenção do espectador.
Mas o roteiro cai novamente no marasmo com a falta de uma carga enérgica maior, sem um aprofundamento mais consistente na história, além de poucos e curtos diálogos. Enquanto Lisbeth lida com os inimigos que desejam o Firefall, o filme apresenta a relação que ela tem com o jornalista Mikael, responsável por torná-la famosa na mídia; além dele, há também a introdução de Ed Needham, que também deseja por as mãos no programa para fazer a coisa certa. No primeiro instante ele fica contra a protagonista, mas logo depois luta ao lado dela a fim de destruir a concorrência inimiga. As duas subtramas até são envolventes, mas isso demora a acontecer justamente pela falta de um contexto mais detalhado. Mesmo com essas ressalvas, a atuação de Sverrir Gudnason e Lakeith Stanfield não decepciona.
Enquanto o filme tece essa rede de espionagem, o público aguarda pelo reencontro de Lisbeth com a irmã Camilla, interpretada por Sylvia Hoeks. Quando as peças do quebra-cabeça começam a se encaixar, a trama ganha um formato mais coeso, mas ainda assim, esquece de explorar a relação das irmãs que, para mim, tinha muito o que dizer, especialmente por parte de Camilla, que perde sua chance de brilhar mais como merecia.
Considerações finais
Mesmo com uma série de contrapontos, o filme ganha um desfecho digno e satisfatório. Millennium: A Garota Na Teia de Aranha tem uma protagonista forte, uma trama de espionagem com potencial, mas que se perde, junto com tramas de alguns personagens, em um roteiro não tão bem desenvolvido quanto deveria. Não é um filme ruim por completo, apenas uma história que poderia ter sido melhor explorada tornando-se, assim, ainda mais interessante aos olhos do público.
Ficha Técnica
Millennium: A Garota Na Teia de Aranha
Direção: Fede Alvarez
Elenco: Claire Foy, Sverrir Gudnason, Sylvia Hoeks, Lakeith Stanfield, Christopher Convery, Claes Bang, Vicky Krieps, Stephen Merchant, Cameron Britton, Gabriella Grane e Landlady.
Duração: 1h57min
Nota: 6,9