A Netflix nos entrega The Old Guard, mais um filme de ação, mas que fica a desejar em vários pontos. Com uma premissa instigante e que chama a atenção, a trama não engata em cenas de ação que poderiam empolgar o telespectador, peca no desenvolvimento dos personagens deixando muitos questionamentos e entrega um vilão bobo, sem graça e que, no fim das contas, faz pouca diferença.
Dirigido por Gina Prince-Bythewood e baseada na série de quadrinhos de Grek Rucka, The Old Guard acompanha Andy (Charlize Theron) que lidera um grupo secreto de mercenários inexplicavelmente imortais luta há séculos para proteger o mundo. No entanto, uma missão de emergência faz suas habilidades extraordinárias ganharem notoriedade, cabendo a Andy e Nile, a mais nova integrante da equipe, fazer de tudo para acabar com a ameaça de quem quer replicar seus poderes e lucrar com eles.
Com sinceridade, The Old Guard tem uma premissa boa e acredito que, se não tivesse levado tão à sério o filme, a história teria sido melhor. Assim que o filme termina, o telespectador tem a sensação de que toda a história não passa de uma grande introdução de duas horas de duração. E como toda introdução, a trama apresenta os personagens, revela suas motivações e sua missão. No entanto, The Old Guard peca em vários momentos, deixando passar boas oportunidades que poderiam ter tornado um bom filme de ação empolgante para quem assiste. Mas vou explicar melhor.
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Todos os personagens, incluindo a protagonista Andy e a novata Nile (Kiki Layne) que, repentinamente, descobre que é uma imortal, The Old Guard revela o tempo que esses mercenários já viveram, passando por momentos históricos do mundo, como cruzadas, guerras, entre outros. O telespectador compreende como e quando Andy, Booker, Joe, Nicky e Nile se conhecem, seja nos dias atuais ou séculos atrás, uma vez que os imortais sonham uns com os outros até eles se encontrarem. A ideia é que eles se reúnam para se protegerem e, consequentemente, protegerem as pessoas para trazer benefícios e ações positivas à humanidade.
É dessa forma que a personagem Nile é introduzida na trama e levada ao grupo. À medida que a vamos acompanhando a história deles, questionamentos vão surgindo e, infelizmente, o filme não entrega respostas, marcando o seu primeiro ponto negativo. The Old Guard fica a desejar ao não desenvolver melhor os personagens, especialmente a sua origem. Por se tratar de imortais que viveram séculos, o público almeja saber a razão de como eles se tornaram imortais, como o corpo se regenera com feridas brutais e jamais envelhecem. Mais do que isso, o filme joga a confirmação de que os imortais podem morrer, mas não explicam como, porque e quando isso pode começar a acontecer. Simplesmente o telespectador tem que aceitar as informações e seguir em frente com as dúvidas, gerando certa frustração.
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Outro ponto negativo é que o filme vende os personagens como imortais que trabalham como um grupo secreto de mercenários que vão protagonizar boas cenas de ação, certo? Mais uma vez, o longa tem a chance de entregar boas sequências de lutas que vão fazer o telespectador ficar hipnotizado, no entanto, o roteiro acaba inclinando muito mais para o drama. Ou seja, o filme se leva à sério demais e foca em um drama cujo desenvolvimento é raso; é intitulado um filme de ação, cuja ação torna-se ausente. Não há um equilíbrio e nem uma boa dosagem dos dois lados, o que faz o público criar expectativas por momentos radicais e se decepcionar por não ter; e ganhar um lado dramático em que muitas perguntas não são respondidas.
Personagens
Com relação aos personagens, no geral, eles são bons, mas perdem força pelo seu mal desenvolvimento no roteiro. Charlize Theron dá o seu melhor e é nítido nisso. A Andy tem seu lado mercenário e misterioso, mas que não é bem aproveitado como deveria, afinal, ela é uma grande imortal da humanidade! O filme conta que há outra pessoa do passado de Andy que não conseguiu sobreviver até os dias atuais, deixando mais pontas soltas dentro do filme.
A Nile é a imortal novata e o telespectador fica sem entender a razão dela ter tal imortalidade, uma vez que nem a origem é explicada. Além disso, a personagem não é tão agradável em grande parte do filme, levando mais de uma hora para aceitar o seu novo estilo de vida, o que faz a história ficar tediosa em alguns momentos.
Joe (Marwan Kenzari) e Nicky (Luca Marinelli) formam o casal imortal romântico e são eles quem dão certa graça ao filme. Já Booker (Matthias Schoenaerts) ganha uma motivação que faz com que reviravoltas aconteçam na história. No entanto, os plots twists não são tão fortes quanto se imagina, o que acaba ficando fora do contexto, já que muitas perguntas não são respondidas ao longo da trama.
Chiwetel Ejiofor interpreta Copley, um detetive que aparenta querer a ajuda dos mercenários, no entanto, ele sabe quem eles são, motivo que o faz armar para entregar o grupo ao verdadeiro antagonista do filme, Merrick (Harry Melling), dono de uma grande indústria farmacêutica que almeja descobrir a fórmula da imortalidade. É um vilão sem graça e fajuto, o que deixa o público incrédulo ao ver imortais apanharem de um magnata da farmácia. Infelizmente não rolou.
Considerações finais
The Old Guard entrega um desfecho com um embate entre imortais e antagonista, dando a redenção e justiça aos personagens, sendo que nem todos têm um final tão feliz. Mas não para por aí: o filme entrega uma cena que deixa a trama em aberto para um possível segundo filme, o que faz o telespectador chegar à conclusão de que esta história é só a ponta do iceberg, mas que poderia ter contado mais coisas.
The Old Guard é um filme regular, assistível, tem uma protagonista boa, mas que poderia ter explorado melhor a história e entregado uma trama mais rica. Se tiver um segundo filme, espero que estes pontos sejam corrigidos e melhorados.
Ficha Técnica
The Old Guard
Direção: Gina Prince-Bythewood
Elenco: Charlize Theron, Kiki Layne, Marwan Kenzari, Luca Marinelli, Harry Melling, Van Veronica Ngo, Matthias Schoenaerts e Chiwetel Ejiofor.
Duração: 2h05min
Nota: 5,0