Skinamarink – Canção de Ninar (Skinamarink) é um terror que vem chamando a atenção, uma vez que viralizou na internet e conquistou uma porcentagem positiva de aprovação dos críticos. Esses dois detalhes fazem o espectador querer dar o play para saber, de fato, sobre o que se trata e, assim, aliviar a curiosidade.
No entanto, este é um filme que polariza opiniões no quesito estilo, expectativa, experiência e veredito. Para mim, Skinamarink – Canção de Ninar apresenta uma ideia inovadora, mas sua execução dificulta em segurar a atenção, desafia a paciência de quem assiste, resultando em uma experiência chata, tediosa e pouco envolvente.
É um filme cuja proposta é diferente e tentadora, mas que algumas mudanças no desenvolvimento da trama e nos detalhes poderiam ter deixado o resultado melhor. Não é uma produção que funciona para todos, e serei sincera: não funcionou para mim, mesmo reconhecendo alguns pontos positivos.
Com direção de Kyle Edward Ball, Skinamarink – Canção de Ninar acompanha dois irmãos pequenos que acordam no meio da noite e não conseguem encontrar os seus pais em casa. Eles decidem ficar na sala assistindo televisão, mas, ao longo da noite, os dois começam a caminhar pelos cômodos e descobrem que janelas e portas desapareceram. A situação fica ainda mais estranha quando objetos da casa desaparecem ou surgem em outros lugares improváveis, como o teto. Para completar, as crianças passam a ouvir vozes dizendo o que eles têm que fazer.

O primeiro ponto positivo do filme é o estilo de filmagem caseira, que dá a sensação ao espectador de estar assistindo a um VHS velho ou uma simples filmagem riscada, pixelizada, o que até faz lembrar do terror Atividade Paranormal. As cenas ganham uma coloração azulada, como se a casa estivesse apenas sendo iluminada pela luz da televisão. Já a coloração em preto faz o nosso olhar ser o mesmo da câmera, ou seja, é como se estivéssemos caminhando pelos corredores no escuro.
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É aí que a ideia principal da história começa a ganhar forma: um terror sobre um olhar em meio a escuridão e as peças que a imaginação pode pregar. Isso faz lembrar os adultos de que, muitas vezes na infância, tiveram o medo do escuro, de encontrar algo indesejado indo à cozinha ou ao banheiro; de ouvir algo além do normal e acreditar que há alguém dentro de casa, além dos nossos pais.
A câmera brinca constantemente com esta sensação ao levar o olhar do público para o mesmo dos personagens do filme. A lente sempre foca em objetos, cantos, rodapés, corredores e portas, em que tudo é entrecortado, inclusive os personagens; o fundo escuro é o elemento principal, na qual faz o espectador pensar se há algo sobrenatural escondido; se algo ou alguém irá pular na nossa frente a qualquer momento. Tais elementos aplicados alimentam esse sentimento angustiante, mas não por muito tempo, uma vez que isso se torna cansativo de assistir.

Talvez Skinamarink funcionasse melhor no formato curta-metragem, em uma duração de, no máximo, 15 minutos. No entanto, ver todo esse processo ao longo de 1h40 minutos leva da sensação de medo e angústia ao tédio, cuja paciência é testada levando a pessoa até desistir de continuar assistindo.
Muito desse sentimento é alimentado pela falta de ousadia em usar esses bons elementos do filme para prender a atenção, um ponto mais do que essencial, especialmente para este tipo de proposta. Não basta ser conceitual, é preciso saber segurar o público para tornar a sua experiência atrativa, sendo negativa ou positiva. Mas nem isso o filme faz, se importando mais no conceito e menos na execução, principalmente para quem assiste.
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Em Skinamarink, é notável a ausência do uso do sobrenatural para criar uma tensão mais forte, não apenas a sensação do medo, que some à medida que o tédio aumenta, juntamente com os diálogos escassos e as poucas aparições dos personagens na tela. Aqui, apenas a mente do próprio espectador cria possibilidades do que esses elementos oferecem e o que a história quer contar. Mas tal imaginação precisa ser alimentada, e não é.

Após uns 40 minutos de duração, é notável que existe uma presença sobrenatural dentro casa, podendo ser real ou fruto do imaginário – que movimenta o caos e alimenta o medo das crianças, dando a entender que algo aconteceu com os pais ao justificar a ausência deles. Mas, novamente, a ideia de uma presença maligna se torna superficial dentro do conceito proposto, perdendo a concentração do espectador, na qual é recuperado repentinamente com pouquíssimos e pontuais jump scares que, por sinal, são bons, mas logo acaba. É aí que percebemos que o filme necessitaria de uma dose extra da técnica, sem se debruçar no excesso.
Considerações finais

Filmes de terror que brincam com a imaginação tanto dos personagens quanto do público, mostrando que o medo pode ser relativo, é algo sensacional de ser apreciado. Skinamarink – Canção de Ninar tinha a faca e o queijo na mão para fazer isso dar certo, se não tivesse esquecido de se importar em conquistar mais a atenção do público. O problema não está no conceito, na proposta, nos elementos, diálogos, cenário e câmeras. O grande problema do filme está na execução que faça o público querer continuar assistindo.
Aliás, até agora estou questionando o significado do subtítulo de Skinamarink. ‘Pesadelo na Escuridão’ soaria melhor à proposta do filme, mas ‘Canção de Ninar’ se apropria à experiência do espectador, cuja sonolência surge no decorrer da história, que testa a paciência e irritabilidade de quem assiste.
Skinamarink – Canção de Melhor apresenta uma ideia boa sobre o medo da escuridão sob uma perspectiva infantil, mas esquece de conquistar e manter a atenção do público adulto. Como alguns já disseram, é um terror conceitual que, talvez, não funcionará para todos. De fato, para mim não funcionou mesmo, e não tenha medo de dizer que não gostou do filme só por ser algo conceitual. Nem tudo que tenta ser ‘cult demais’ é bom. E aqui, poderia até sido bom, mas errou no percurso.
Ficha Técnica
Skinamarink – Canção de Ninar
Direção: Kyle Edwards Ball
Elenco: Lucas Paul, Dali Rose Tetreault, Ross Paul, Jaime Hill
Duração: 1h40min
Nota: 1,9/5,0