Keanu Reeves retorna para o novo capítulo da franquia de ação de sucesso. John Wick 4: Baba Yaga encerra a jornada do protagonista de forma magistral em um filme grandioso, com sequências de lutas fenomenais, poucos diálogos e precisos, novos personagens que roubam a cena, momentos emocionantes e comoventes e um protagonista que vai até as últimas consequências em busca da sua liberdade e da paz para todos. John Wick 4 é esplendoroso e os apaixonados pela franquia sairão satisfeitos do cinema.
Com direção de Chad Stahelski, em John Wick 4: Baba Yaga, enquanto a recompensa por sua cabeça continua aumentando cada vez mais, Wick terá que enfrentar novos adversários mortais e violentos ao redor do mundo. Enquanto isso, a Alta Cúpula está decidida a desativar os hotéis Continental ao redor do mundo, de uma forma radical, dando o fim a tudo e todos que tentam proteger John.
Este é um caminho sem volta, mas Wick descobre uma alternativa para derrotar a Cúpula e, assim, recuperar a sua liberdade. Para isso, ele deve enfrentar um novo inimigo, que não medirá esforços para matá-lo, transformando velhos amigos em inimigos. Mas Wick também contará com antigos e novos aliados nesta última batalha.
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O quarto filme parte dos eventos finais do terceiro longa, em que vemos Wick se recuperar, após levar um tiro de Winston, e ainda cair do telhado. Com King como aliado, Wick retorna à superfície para encarar as autoridades deste universo em busca da sua liberdade. Mas ao eliminar a importante figura do Ancião, John Wick desencadeia a fúria da Alta Cúpula, que contrata o Marquês para encerrar as atividades de todos os locais que possam proteger o ‘banido’, desencadeando ameaças, radicalismo, medo e uma nova guerra.
A sequência inicial é chocante e irá emocionar a todos, especialmente os fãs da franquia por conta de um personagem veterano ser o destaque desta cena. A partir daqui, vemos o Marquês dar início à caçada a John Wick, o que faz o filme levar o espectador a uma viagem para outros cenários deslumbrantes além de Nova York, como Osaka, Berlim e Paris. Aqui, já posso enaltecer a fotografia e as ambientações do longa que, podem ter a sua dose de CGI, mas não tem como negar que estão formidáveis.
Como a maioria já deve saber, os filmes John Wick não têm como ponto forte os diálogos, especialmente da parte do protagonista, mas ainda assim as explicações dadas na trama são condizentes, fazendo jus ao ‘menos é mais’ no quesito palavras.
Agora, com relação as sequências de luta, fuga e confrontos, a franquia vem crescendo neste parâmetro e entregando momentos alucinantes a cada filme. É nítido a evolução neste quarto longa ao entregar estas sequências ainda mais grandiosas e acrobáticas, que faz o público até perder o fôlego, no sentido positivo. A construção da história ganha até um formato de videogame, na qual o protagonista precisa passar de fase para lidar com os inimigos, adquirir novas conquistas e proteções, atrair novos aliados para, assim, ficar frente a frente com o vilão e alcançar o grande triunfo.
É quase impossível dizer qual sequência alucinante de John Wick 4: Baba Yaga é a melhor, pois todas são. Mas, arrisco dizer que as sequências no Continental em Osaka, a briga na balada em Berlim, as lutas nas escadas da Sacré Couer e no trânsito de Paris são as minhas favoritas. Aliás, a cena da escada é tão boa que chega a ter aquele alívio cômico perfeito que faz o público rir diante do caos.
Todas essas sequências são excelentes, mas não se fazem sozinhas. Tudo isso funciona perfeitamente graças ao ótimo elenco que conta com veteranos da franquia e novos rostos que são outro ponto positivo do filme.
Keanu Reeves continua confortável e ainda melhor no papel principal. Wick vai até as últimas consequências em busca da liberdade e da paz para os demais, que sofrem dos efeitos colaterais por onde Baba Yaga passa. É incrível ver e energia caótica e dinâmica do ator em todas as cenas de ação, em que o espectador perde o fôlego só de assistir, mas o protagonista não, muito menos a postura. As referências clássicas aos objetos usados por Wick são colocadas aqui, como o famoso lápis e a técnica de sempre dar mais de um tiro para ter certeza que o inimigo foi derrubado. Aliás, os ternos à prova de bala são ótimos, hein?
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Dos veteranos retornam o saudoso ator Lance Reddick, como Charon, o querido Concierge do Continental; Ian McShane como Winston, que vai lidar com as consequências drásticas que o hotel sofre e a reconciliação com Wick, devido aos últimos acontecimentos vistos no terceiro filme, fazendo os dois novamente serem bons aliados; e Laurence Fishburne como King, o rei do submundo, que faz uma participação reduzida, mas é boa e no timing certo.
Dos novos rostos, temos Bill Skarsgard dando vida ao Marquês, um vilão deliciosamente detestável, que vai testar a paciência de Wick e do público por conta das suas ações drásticas e covardes. E o ator está sensacional neste papel.
Outro personagem que chama a atenção e rouba a cena é Sr. Nobody, interpretado por Shamier Anderson, que busca a recompensa pela cabeça de Wick. No entanto, ele sofre uma virada de chave formidável que dá gosto de acompanhar, especialmente pela sua cachorra e fiel parceira que, por sinal, dá bastante trabalho aos inimigos.
Quem também se destaca no quarto filme é Donnie Yen como Caine, velho amigo de Wick que se vê obrigado a lutar contra ele para proteger a sua filha. Caine tem habilidades incríveis por conta da sua deficiência visual, deixando qualquer um no chinelo, tornando-se um oponente à altura de John.
No elenco também está Hiroyuki Sanada como Shimazu, o Gerente do Continental de Ozaka, um personagem que te conquista instantaneamente e participa de uma das melhores sequências do filme. Ele mostra fidelidade e parceria com Wick, mesmo quando tudo começa a ruir ao seu redor, afetando a sua própria família, como a filha Akira (Rina Sawayama). Este é um detalhe que faz o espectador gostar ainda mais dele, como eu gostei.
Considerações finais
A reta final de John Wick 4: Baba Yaga leva o público a um desfecho excelente e irônico, ao mesmo tempo que é melancólico e emocionante, encerrando a jornada de John Wick neste universo. O filme contém uma cena pós-crédito.
John Wick 4: Baba Yaga encerra a franquia de ação com maestria, grandiosidade e com boa dose de emoção e despedidas. Mas o universo John Wick vai se expandir, pois teremos a série spin-off Continental, que irá contar a história do Hotel e a vida de Winston e aliados; e também teremos o filme Ballerina, que será protagonizado pela atriz Ana de Armas e contará com a participação de Keanu Reeves.
******CONTÊM SPOILERS******
Nesta parte com spoilers, preciso pontuar alguns momentos cruciais do filme. Para começar, preciso dizer que há inúmeras mortes na história, no entanto, há três mortes que são impactantes, uma vez que nos despedimos de personagens fortes e queridos.
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No início do filme, o público acompanha a destruição do Hotel Continental de Nova York, um ultimato dado pelo Marquês, que busca colocar as mãos em John Wick. Como recado, ele acaba matando Charon, impactando a todos com esta decisão do roteiro. A morte do Concierge choca e comove ainda mais, justamente por ser um personagem maravilhoso da franquia. No entanto, o impacto é mais forte, uma vez que vemos este desfecho junto com o recente falecimento do ator Lance Reddick, que nos deixou aos 60 anos.
Outra morte que, pelo menos a mim me comoveu, é de Shimazu, o gerente do Continental Ozaka, que conquista o olhar do público rapidamente, que torce para que nada aconteça com ele. Mas na franquia John Wick, estamos cientes de que não podemos nos apegar aos personagens. Sua morte demonstra fidelidade e bravura ao defender a família, os amigos e seus princípios.
Por fim, a terceira e maior morte deste filme é do protagonista. Infelizmente, John Wick morre ao final da saga, após conquistar a tão aguardada liberdade e paz para todos. Ao intimar um duelo contra o Marquês, o vilão usufrui de sua covardia colocando Caine para lutar contra Wick. Durante o duelo, Wick engana o Marquês, levando alguns tiros, mas dá o último tiro para matar o antagonista.
Ao ganhar o duelo, a Alta Cúpula restaura a liberdade de Wick e Caine; e devolve a gerência à Winston, assim como o Hotel Continental e sua reconstrução. No entanto, John não resiste aos ferimentos e morre nas escadas de Sacré Couer, tendo como última imagem a lembrança de sua falecida e amada esposa Helen.
Cena pós-crédito
John Wick 4: Baba Yaga contém uma cena pós-crédito que mostra o retorno de Akira em busca de vingança. Ela volta para matar Caine, uma vez que ele foi o responsável pela morte do pai dela, Shimazu. Carma, né?
Ficha Técnica
John Wick 4: Baba Yaga
Direção: Chad Stahelski
Elenco: Keanu Reeves, Ian McShane, Donnie Yen, Bill Skarsgård, Laurence Fishburne, Hiroyuki Sanada, Shamier Anderson, Lance Reddick, Scott Adkins, Rina Sawayama, Marko Zaror, Natalia Tena, Aimée Kwan, Clancy Brown e George Georgiou.
Duração: 2h49min
Nota: 4,5/5,0