Famoso no mundo dos contos de fada e desenhos animados, Robin Hood – A Origem é a mais nova versão cinematográfica que conta a história de origem do lendário herói dos ladrões, retratando os motivos que levam a grande figura da floresta de Sherwood a roubar dos ricos para dar aos mais pobres. A premissa é básica e a maioria já é familiarizada com o contexto, mas quais eventos culminaram com esta jornada? Como este persona nasceu? Qual é a verdadeira identidade de Robin Hood? Essas perguntas são sanadas em um roteiro com altos e baixos, personagens que cativam e derrapam na trama, além de boas cenas de ação. No geral, o filme dirigido por Otto Bathurst é um bom entretenimento para aqueles que fizerem ‘vista grossa’. Para outros, a história pode conter falhas e momentos frustrantes, podendo influenciar bastante no veredito.
Na trama, Robin é o Lorde de Loxley, um jovem nobre da Inglaterra por quem se apaixona por Marian. Enquanto vive uma linda paixão com sua amada, o rapaz é convocado para lutar nas Cruzadas, um baque inesperado em sua vida, mas um destino já traçado. Ele passa quatro anos lutando pelo país, vendo companheiros morrerem em batalhas sangrentas e impiedosas. Indignado com as decisões radicais e torturantes em meio à guerra, em uma tentativa de fazer a coisa certa, Robin tenta salvar John e seu filho, mas infelizmente, os planos não saem como o esperado. Ao retornar às terras britânicas e descobrir que, além de dado como morto, novas leis imperam a cidade, o rapaz se alia a John, que o transforma no verdadeiro herói dos ladrões com um único objetivo: devolver aos pobres o dinheiro que eles têm por direito.
O filme apresenta uma boa premissa de origem e sabe conduzir a trama de transformação do protagonista, de lorde para ladrão, criando-se dois personagens em um só. A guerra tem como propósito mostrar a origem da aptidão de Robin com arco e flecha que, por sinal, é bem aprimorada com os bons treinamentos organizados por John. Tanto as batalhas quanto o treinamento e os momentos em que o herói mascarado entra em ação pelo seu povoado, o filme entrega boas sequências de lutas, com coreografias bem ensaiadas que ficam até mais divertidas de acompanhar em câmera lenta.
Além disso, há uma boa química entre Robin e John, bem atuados por Taron Egerton e Jamie Foxx. No primeiro momento, há rivalidade forte entre eles, mas devido uma atitude nobre e generosa, a amizade surge e leva os dois para o caminho da vingança/justiça. Um dos melhores pontos que motiva Robin é justamente a falta de idoneidade do Xerife de Nottingham, um homem inescrupuloso que une o poder e a Igreja a fim de deixar o povo em escassez de dinheiro e qualquer outra fonte sustentável, um ponto que é bem enfatizado na trama. Ben Mendelsohn entrega uma performance satisfatória e até irritante aos olhos do público, uma vez que o personagem gera zero empatia e puro repúdio.
A história de Robin Hood poderia ser melhor se não fosse alguns pontos que fizessem a trama derrapar o tempo inteiro: o excesso de romantização, a linha temporal que a história se passa não condiz com o cenário e outros elementos vistos na tela e personagens mal estruturados na trama.
Uma coisa que incomoda demais em Robin Hood – A Origem é o desespero em querer enfatizar o romance o tempo todo. Fica mais do que claro a história de amor entre Robin e Marian, no entanto, o filme deixa de lado a verdadeira causa em vários momentos ao focar no desespero do protagonista em rever a amada, no ciúme nítido com relação ao novo parceiro da garota e, o pior, algumas ações só são movidas porque Marian está presente. O roteiro não faz questão de amenizar e afastar esse romance enquanto o protagonista coloca suas ações em prática por um bem maior a todos. Além disso, cria-se a sensação de que Robin precisa da aprovação de Marian (o tempo todo) para agir, o que é muito chato e tedioso. Eve Hewson entrega uma personagem que funciona melhor quando está sozinha, inclusive ela tem bons diálogos e ações, mas quando se une a Robin o nível da performance cai em uma melação romântica sem fim.
Outro personagem que fica a desejar é Will Scarlett, interpretado por Jamie Dornan. Ele tem por objetivo defender o seu povo da autoridade violenta, torturante e injusta do Xerife, ao mesmo tempo em que deseja se erguer na área política. Mesmo com o intuito de proteger as pessoas e adquirir leis mais justas, ele não quer sujar a sua reputação. Junto a isso, acrescenta-se a disputa pelo coração de Marian, o que faz Will tomar decisões mal pensadas e bipolares, deixando o espectador um pouco confuso a respeito sobre o que ele quer.
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Logo no começo, a narração de Taron Egerton confirma que Robin não sabe em que tempo se passa a história, porém o filme narra a trama do protagonista na época das Cruzadas, que não condiz com a ambientação moderna e figurinos coloridos e extravagantes demais. A cena da festa para a recepção do Cardeal é o ponto alto dessa contradição. Analisando separadamente, o cenário em si é belo e muito bem construído, mas não bate com a época proposta pelo filme.
Considerações finais
O desfecho mostra que a história ainda não terminou e que é possível termos um segundo filme futuramente. Robin Hood – A Origem tem uma boa premissa, apresenta boas cenas de ação e lutas bem coreografas, um forte protagonista e uma boa química dele com John, além do vilão que apresenta motivações plausíveis para suas ações. No entanto, o filme perde inúmeros pontos com um romance exacerbado e tedioso, personagens secundários que não ganham boa desenvoltura – como Will – e um tempo cronológico que se perde.
Em termos de entretenimento, Robin Hood – A Origem é um filme legal de assistir, mas é melhor não levar a sério, muito menos criar expectativas.
Ficha Técnica
Robin Hood – A Origem
Direção: Otto Bathurst
Elenco: Taron Egerton, Jamie Foxx, Jamie Dornan, Eve Hewson, Ben Mendelsohn, Tim Minchin, Paul Anderson, F. Murray Abraham e Lara Rossi.
Duração: 1h56
Nota: 6,0