Adam Sandler e Jennifer Aniston retornam para desvendar mais um divertido mistério. Mistério em Paris (Murder Mystery 2) é a nova produção da Netflix que dá continuidade as aventuras investigativas do casal protagonista de Mistério no Mediterrâneo (2019). Mesmo que o primeiro longa seja melhor, esta sequência não deixa de ser envolvente em seu novo caso, com novos e antigos personagens, mais sequências de ação em uma atmosfera mais galhofa e despretensiosa. Vale a pena assistir e vou te dizer o porquê.
Com direção de Jeremy Garelick, Mistério em Paris se passa quatro anos após os eventos do primeiro filme, trazendo de volta Audrey e Nick Spitz que, desta vez, trabalham como detetives em período integral e tentam fazer a sua agência de investigação particular dar certo.
Quando eles são convidados para o casamento do amigo Marajá (Adeel Akhtar) em sua ilha particular, eles se veem novamente no meio de uma confusão depois que o noivo é sequestrado logo no início da festa. Todos os convidados são suspeitos e, agora, o casal Spitz tem nas mãos a chance de realizar dois sonhos: provar o potencial da agência e fazer a tão esperada viagem à Paris.
É preciso deixar claro que é necessário assistir ao primeiro longa, uma vez que a sequência traz de volta antigos rostos para dar continuidade à trama, mesmo que o intervalo entre as histórias seja de anos. Sendo assim, Mistério em Paris é aquele filme ‘sessão da tarde’ para relaxar com uma divertida história de mistério que mistura o suspense de Agatha Christie com o drama de novela mexicana, o que soa ruim, mas acredite, não é.

O início situa o espectador sobre o status da vida do casal Spitz e a dura jornada como detetives que não soa nada fácil, uma vez que o lado profissional acaba refletindo na vida pessoal e no casamento. Para desfrutar da tão desejada folga, Audrey e Nick têm a chance de participar do casamento do Marajá que, imediatamente, é sequestrado, assim que os respectivos novos e antigos personagens são apresentados para, assim, se tornarem os suspeitos principais neste novo caso. À medida que a situação se torna cada vez mais confusa, alguns suspeitos são eliminados, enquanto outros rostos surgem para tornar tudo ainda mais caótico, colocando Audrey e Nick como principais suspeitos novamente.
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Mistério em Paris segue a mesma fórmula narrativa do longa anterior e ganha um desenvolvimento mais galhofa e despretensioso, se comparado a Mistério no Mediterrâneo, uma vez que foi melhor lapidado, ganhando um cuidado maior para se criar as linhas do mistério até se chegar na grande revelação. Nesta sequência, o mistério se torna mais previsível, mas em compensação, as sequências ganham mais ação de encher os olhos, especialmente no cenário parisiense.

Toda a investigação gira em torno do casamento, as conexões com o noivo e, é claro, o próprio Marajá, cuja riqueza chama a atenção dos mal intencionados e daqueles que, um dia, ele possa ter irritado. É aqui que o público conhece o elenco, relembrando dos antigos e conhecendo os novos rostos.
Jennifer Aniston e Adam Sandler continuam ótimos e extremamente confortáveis atuando juntos em seus papéis. A química entre eles é divertida e funciona muito bem, especialmente pela dinâmica do casal, com manias e costumes em que um entende bem como a mente e personalidade do outro funciona ou irá funcionar em determinada situação. Por exemplo, o fato de Audrey saber que o Nick não é bom de mira; o Nick é ciente do quanto a Audrey ama uma história de mistério, capta os detalhes e fará de tudo para proteger o marido e vice-versa. Mas o toque especial se encontra nos diálogos jocosos, sempre com uma boa tirada ou sacada no timing certo para agir. Você já dá o play no filme justamente por saber que tem os dois como protagonistas. Particularmente, eu gosto e dei mais risadas.

Quem retorna em Mistério em Paris é o Capitão (John Kani) que, desta vez, perdeu o braço, o que soa tragicômico ao personagem, uma vez que ele já havia perdido a mão; o Marajá que, agora, está empolgado com seu casamento e está ainda mais debochado e caricato; e o Inspetor Delacroix (Dany Boon), que assume novamente o comando do caso para encontrar o verdadeiro culpado. No entanto, achei que o filme diminuiu a seriedade do personagem, preferindo que ele mantivesse a mesma essência apresentada no primeiro filme.
Dos novos personagens, temos Claudette (Mélanie Laurent), a noiva do Marajá e principal suspeita; Saira (Kuhoo Verma), irmã do Marajá; Francisco (Enrique Arce), ex-jogador e atual empresário de negócios do Marajá; e a Condessa Sekou (Jodi Turner-Smith) e sua assistente Imani (Zurin Villanueva). Todos eles possuem uma conexão e uma dependência forte com o Marajá, o que pode levar cada um a desencadear uma motivação plausível para eliminá-lo deste jogo.
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O que posso dizer é que alguns desses personagens ganham um destaque maior, como Claudette e Saira, enquanto outros servem de alívio cômico ou apenas para mover a peça deste quebra cabeça misterioso no timing certo, seja para levar os protagonistas até o verdadeiro culpado, ou para confundi-los ainda mais.

Audrey e Nick também vão contar com a ajuda de Miller (Mark Strong), agente e negociante de sequestros do MI-6, que não hesita em agir, mas precisará do casal que já se tornou peça fundamental desse caso. A partir daqui o filme constrói todo o desenrolar da investigação com sequências de ação até hilárias – como a cena da van e a cena final na Torre Eiffel – até se chegar ao fatídico momento da revelação.
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A reta final é gostosa de assistir por conta de todo o caos instalado na Torre Eiffel, com direito à Jennifer Aniston pendurada e Adam Sandler atirando errado, mas sempre atacando no momento certo. No entanto, a revelação da identidade do verdadeiro arquiteto de todo este plano ganha uma atmosfera de novela mexicana, em um drama exagerado e jocoso. Ora alguns irão curtir e não se importar, enquanto outros não.
Considerações finais
Mistério em Paris é uma sequência que traz novamente o estilo de Agatha Christie em um tom ainda mais despretensioso e menos lapidado que o primeiro filme. Apresenta novos personagens para instalar o novo mistério comandando pela dupla de protagonistas que continua boa, cuja resolução ganha um desenvolvimento previsível, divertido e gostoso de acompanhar.
Mistério em Paris não é melhor que Mistério no Mediterrâneo, mas é uma continuação hilária, satisfatoriamente bem construída e carregada com mais sequências de ação. As chances de termos um terceiro filme são altas e não descarto essa possibilidade. Talvez nem a Netflix. Um filme para relaxar, entreter e desligar o cérebro.
Ficha Técnica
Mistério em Paris
Direção: Jeremy Garelick
Elenco: Adam Sandler, Jennifer Aniston, Mark Strong, Mélanie Laurent, John Kani, Adeel Akhtar, Jodi Turner-Smith, Dany Boon, Kuhoo Verma, Zurin Villanueva, Enrique Arce, Jillian Bell, Tony Goldwyn, Annie Mumolo e Myo Leong.
Duração: 1h30min
Nota: 3,0/5,0