Kéfera Buchmann retorna aos cinemas na pele da famosa Camilla Mendes em Eu Sou Mais Eu, filme dirigido por Pedro Amorim que aborda a ascensão da protagonista, a forma como lida com a fama e sua construção de caráter baseado em um passado conturbado, marcado pelo bullying e o rótulo de ser “bizarra”. De uma forma despretensiosa e com um roteiro bem estruturado e com boas pinceladas mais sérias, o filme prende a atenção pelas boas performances, pelo retrato nostálgico dos anos 2000 e por abordar assuntos de extrema relevância para os dias de hoje.
Na trama, Camilla Mendes é uma estrela da música pop. Dona dos maiores hits do momento, ela não tem tempo para pensar em nada que não seja sua fama e seus milhões de seguidores. Sem paciência, tudo que importa é que a sua nova música ‘Eu Sou Mais Eu’ seja a número um nas paradas. Ao se deparar com pessoas do seu passado, a personagem deixa claro que não superou traumas ocorridos na adolescência, o que dá a entender que esses resquícios ajudaram a moldar sua personalidade rude e cheia de rancor. Um dia, ao se deparar com uma fã bastante peculiar, ela acorda misteriosamente em 2004, tendo que lidar novamente com os mesmo dramas, o bullying da inimiga Drica, as provas e trabalhos da escola. O mais complicado mesmo vai ser ela convencer seu melhor amigo, Cabeça de que veio do futuro. Mas, mais do que isso, ela terá que lidar e superar os problemas que lhe afetam tanto, até mesmo, anos depois.
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Sem expectativas nenhuma, Eu Sou Mais Eu entrega um roteiro singelo e bem desenvolvido, sem muitas firulas para explorar e, até mesmo, criticar. A ideia do filme é entregar uma boa desconstrução da personagem, junto com boas mensagens sobre uma sociedade atual construída na base da toxicidade tecnológica e da agressividade e não aceitação do próximo.
Sem fazer comparações com os demais filmes de seu currículo, Kéfera está bem no papel e entrega uma boa atuação ao apresentar uma personagem em dose tripla: uma Camilla famosa, rica e cheia de sucesso, impaciente, rude, chata, egoísta e grossa com todos ao seu redor, desde o produtor até a sua mãe. Ao voltamos no passado, descobrimos a Camilla original: adolescente, estudante, inteligente, que não se importa com a aparência, insegura e receosa com o que os outros vão dizer a seu respeito. Essas últimas características se sobressaem justamente pela personagem sofrer bullying constantemente, cenas que incomodam um pouco de assistir pelo fato do filme fazer o público se colocar em seu lugar e ver o quão isso é errado, revoltante e triste. Por fim, temos uma nova Camilla sendo construída sob o olhar do espectador, que tenta refazer os mesmos passos de um jeito diferente, erra novamente, mas consegue aprender a lição que tanto precisa.
Um dos pontos mais interessantes do filme é ver o auge e o declínio, a construção e desconstrução da protagonista que sai da tão sonhada zona de conforto para retornar em uma época infeliz e traumática. É esse novo desenvolvimento de caráter, os erros e acertos que tornam a história legal, atrativa e, principalmente, relevante para variados públicos, seja adolescentes, fãs da Kéfera desde os tempos de YouTube (até hoje), pessoas que passam ou já passaram por momentos traumáticos como a personagem e, por fim, para o público que vai presenciar momentos nostálgicos dos anos 2000 por ter vivido a adolescência nesta época.
É a partir dessa reviravolta na vida da personagem que o filme a tira do pedestal da fama e revela o seu lado mais humano e consciente, especialmente nas cenas com o seu avô (Arthur Kohl) que, por sinal, são as que mais divertem e emocionam.
E por falar em nostalgia, Eu Sou Mais Eu bebe de boas referências de 2004, trazendo músicas e bandas de sucesso dessa época, como por exemplo, a banda Rouge, além de desenhar trejeitos, figurinos e objetos bastante populares, como o discman e roupas coloridas e desleixadas, tudo isso sem exageros. Além disso, o filme brinca com o fato de a protagonista ser completamente avançada em uma época em que ninguém sabia o que era ‘selfie’ e ‘Spotify’, nem existia celular touch, apenas celular formato ‘tijolo’ com joguinho da cobra e mensagens SMS. Esse detalhe diverte bastante, mas também ajuda a moldar o novo caráter de Camilla ao mantê-la mais em contato social com as pessoas e fortalecer o seu lado humano e sentimentos.
Outros dois personagens que chamam a atenção e contribuem para a construção da protagonista são a Drica e o Cabeça. Interpretada por Giovanna Lancellotti, Drica é a popular da escola e a pessoa que mais atormenta Camilla, sem se importar com qualquer consequência. O seu objetivo é humilhar e deixar sua oponente sempre para baixo, destacando o fato da Drica se sentir insegura com sua própria aparência e personalidade, o que fica nítido quando ela se depara com a transformação da personagem.
Mais que melhor amigo, João Cortês interpreta um Cabeça que vai tentar colocar ordem nos trilhos para a amiga. Ele é quem tenta guiá-la para o caminho certo, apontando os erros que não podem ser cometidos novamente. É um personagem divertido, fofo e que emociona também em alguns momentos.
Considerações finais
A grande verdade é que Eu Sou Mais Eu é um filme que você não cria nenhuma expectativa, no entanto, a história te ganha com uma protagonista nada perfeita que aprende com os erros e traumas, personagens carismáticos, um cenário nostálgico e um desfecho bom à trama. É um filme que os fãs de Kéfera vão amar e ainda pode agradar os demais espectadores.
Ficha Técnica
Eu Sou Mais Eu
Direção: Pedro Amorim
Elenco: Kéfera Buchmann, João Cortês, Giovanna Lancellotti, Arthur Kohl, Flavia Garrafa, Felipe Titto, Marcella Rica, Estrela Straus e André Lamoglia.
Nota: 7,0
Que legal…!!
Esta foi uma visita excelente, gostei muito, voltarei assim
que puder… Boa sorte..!