O legado de Rocky Balboa permanece invicto, retornando as telas para dar sequência à trama de Adonis Creed em Creed II. Dirigido por Steven Caple Jr, pode se dizer que o filme tem um roteiro simples e até previsível, mas emociona com uma trama convicta e forte, homenageando a franquia estrelada por Sylvester Stallone.
A história dá continuidade à vida de Adonis Creed que, atualmente, se torna o pugilista campeão mundial. Entre treinamentos, campeonatos e uma vida feliz ao lado de Bianca, Adonis leva um susto ao se deparar com sombras do passado. Ele recebe o convite para lhttps://pipocanamadrugada.com.br/site/critica-green-book-o-guia/utar com Viktor Drago, filho de Ivan Drago, o próprio quem tirou a vida de seu pai, Apollo Creed, décadas atrás. Rocky está ao seu lado para o que der e vier e, juntos, eles irão confrontar o legado que os dois compartilham, questionar pelo que vale a pena lutar e descobrir que nada é mais importante do que a família.
Creed II entrega um roteiro singelo em termos de técnica e desenvolvimento, uma vez que a narrativa traz uma estrutura tradicional e previsível que vai desde a apresentação do ‘herói’, a missão, a aceitação e negação, o desafio, as falhas e o embate final. É possível tomar conhecimento sobre cada passo que o protagonista vai dar e qual será a cena seguinte, no entanto, isso não significa que seja ruim, uma vez que o filme abraça uma história redonda e já pronta, pelo contrário, mergulha em um mar de emoções e nostalgias que vão fazer o público emocionar e cair de cabeça na história, especialmente os fãs da franquia, já que o filme utiliza de referências que remetem ao Rocky IV, relembrando cenas icônicas (da escadaria e a estátua de Balboa) e momentos marcantes e tristes, como a morte de Apollo Creed e tudo o que passou pela mente de Rocky ao ver o amigo estirado no chão. É quase impossível o público não expressar nenhum sentimento ao se deparar com momentos tão memoráveis dessa trama.
Outro ponto positivo é que Creed II não é uma história de luta, perdas e ganhos, mas também sobre valores como família, amizade, amor e caráter. Todos os momentos em que Adonis questiona a si mesmo sobre o que fazer, tais conflitos ressaltam o medo de reviver um luto que marcou sua vida, de se tornar uma figura paterna ausente para o seu filho, assim como o seu pai foi para ele devido à tragédia, o medo de perder sua parceira e amor de sua vida e, é claro, o medo de perder os seus próprios valores. Afinal, o que a história mais ressalta é o significado desta luta para Adonis. O que ele realmente quer ao aceitar esse desafio? Apenas lutar? Vingança ou justiça pelo seu pai? Poder e superação sob a família Drago? É muito interessante ver Rocky bater de frente sobre essas questões de forma singela, direta e pontual. Todos esses questionamentos crescem cada vez mais com a chegada do bebê, sua nova rotina ao lado da esposa e filho (ou filha), o seu estado físico atual e – por último, mas não menos importante – o carinho e a cumplicidade que ele tem com Rocky.
As cenas de treinamento são tão boas que, junto com ótima trilha sonora, empolga e faz os espectadores torcerem cada vez mais para que tudo dê certo no final, mas sem tirar os resquícios de receio de que algo ainda pode falhar. Já as cenas de luta entre Adonis e Viktor Drago são excelentes, causando uma torcida furiosa e angustiante, como se estivéssemos assistindo a uma luta ao vivo. Uma curiosidade é que os atores realmente trocaram alguns socos durante as gravações para dar veracidade às cenas.
Michael B Jordan retorna mais amadurecido na pele de Adonis Creed, entregando um personagem com responsabilidades ainda maiores, confuso com os seus debates internos, mas que se reorganiza e coordena seus objetivos com maestria, com os verdadeiros valores colocados à prova e sem desistência alguma. Sua química com Tessa Thompson é maravilhosa. Bianca sabe o que quer, não desiste de sua carreira, é uma mãe de primeira viagem de dar inveja, além de ser um apoio emocional e racional ao Adonis.
Mais do que amigo, Sylvester Stallone entrega um Rocky mentor, um homem mais racional e objetivo que coloca bom senso nas tomadas de decisão de Adonis. Impossível não criar empatia por este personagem icônico, que também tem a chance de se reaproximar do seu filho.
A grande surpresa é Viktor Drago, interpretado por Florian Munteanu. Com o rancor do abandono da mãe e a frieza do pai Ivan Drago (Dolph Lundgren), Viktor não tem o conhecimento mais profundo do que é receber o amor e carinho de alguém, fazendo-o entrar em um looping de treinamento à base de ódio e vingança, uma vez que o sobrenome Drago ficou manchado com a derrota de Ivan em Rocky IV. Com pouquíssimos diálogos, Viktor expressa todas as suas emoções no rosto e nos socos que dá. No entanto, o desfecho traz redenção para Viktor e Ivan, revelando um final surpreendente, bonito e muito emocionante entre pai e filho.
Considerações finais
Creed II é uma história que acerta no tom da emoção, na trilha sonora e referências nostálgicas à franquia Rocky Balboa. Todos os personagens se destacam e alguns até surpreendem e ainda traz um final emocionante e digno.
Mais do que uma história de ringue, Creed II é uma homenagem ao legado de Rocky que veio para atrair uma nova geração a conhecer essa antiga história.
Ficha Técnica
Creed II
Direção: Steven Caple Jr.
Elenco: Michael B Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Florian Munteanu, Dolph Lundgren, Phylicia Rashid, Wood Harris, Andre Ward, Russell Hornsby, Milo Ventimiglia, Brigitte Nielsen, Pete Postiglione e Roy Jones Jr.
Duração: 2h10min
Nota: 8,9