Cidade Perdida (The Lost City) pode entrar para o hall de ótimas comédias românticas por justamente brincar com o clichê, não surfar apenas neste gênero migrando a trama para uma boa aventura que ganha momentos cômicos, cenários reluzentes e bons efeitos especiais, protagonizados por um elenco cuja química funciona da melhor maneira possível. É amor, aventura, fanfic e comédia em um único enredo com bom desenvolvimento e um final delicioso. Vale a pena assistir e vou te dizer o porquê.
Com direção de Adam Nee e Aaron Nee, Cidade Perdida acompanha a brilhante e reclusa escritora Loretta Sage, que escreve sobre lugares exóticos e misteriosos em seus romances populares de aventura, cujas capas são estreladas pelo belo modelo Alan, que tem dedicado sua vida e imagem para personificar o herói Dash.
Mas durante uma turnê do lançamento da obra ao lado de Alan, Loretta é sequestrada pelo magnata excêntrico Abigail Fairfax que tem a obsessão de encontrar o tesouro da cidade perdida descrita no seu recente livro. Para provar que é mais do que um rosto bonito e que pode ser um herói na vida real, Alan inicia um plano para resgatar Loretta. Ao encontrá-la, a dupla é forçada a viver uma aventura inerente e insana não só para garantir a sobrevivência, mas também para encontrar o antigo tesouro, antes que seja perdido para sempre.
Já quero iniciar este texto ressaltando os personagens e o ótimo elenco escolhido. Sandra Bullock, mais uma vez, continua impecável em suas performances e entrega uma Loretta reclusa e mergulhada no luto anos após a partida do marido, seu companheiro de vida e aventuras que nutria sua criatividade para escrever os livros que, agora, encontra-se bloqueada uma vez que a solidão a impede de conhecer pessoas e novos lugares e, consequentemente, a faz torcer o nariz para a turnê da sua mais nova obra que, por sinal, ganha reviravoltas que criam grandes burburinhos com os fãs e sua agente Beth.
Channing Tatum é Alan, a personificação de Dash, mas que Cidade Perdida faz questão de mostrar a essência do personagem e desvencilhar sua imagem ao do herói fictício para mostrar quem ele é de verdade. Mas enquanto este processo está em andamento, o filme faz questão de mostrar as tentativas de Alan ser Dash não só para os fãs, mas especialmente para Loretta durante o resgate, o que rende ótimos alívios cômicos na trama sem soar forçado, vulgar ou sem graça.
Aliás, nunca imaginei Channing Tatum e Sandra Bullock como par romântico em um filme. E não é que dá certo? A química que os atores colocam em seus personagens é boa e funcional, porque além de divertir, o público fica na torcida pelos dois o tempo todo, não importa qual final terá.
É esta química dos protagonistas que faz o enredo do filme engrenar que, por sinal, ganha um desenvolvimento positivo ao trazer aventura exótica e ação em uma comédia romântica que tem os seus momentos clichês propositais, sem cair na curva da comédia pastelão sem graça.
Toda a sequência do resgate, da fuga e busca pelo tesouro perdido ganha bons efeitos especiais e um cenário exótico e reluzente que dá mais graça e cor à situação aventuresca. Enquanto vemos Loretta e Alan encontrar meios de fugir do vilão e sobreviver em uma selva linda e perigosa, os protagonistas se encarregam de trazer uma atmosfera de ‘fanfic’ em seus diálogos, como se estivéssemos lendo um romance hot com ótimas pitadas de humor, o que rende em cenas hilárias e sensuais como quando Loretta precisa retirar as sanguessugas das costas de Alan; quando os dois acampam e dormem juntos na rede e, até mesmo, quando eles discutem trazendo à tona as vulnerabilidades e essências de cada um, o que faz um enxergar melhor o outro.
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Já a ação fica por conta dos embates que a dupla tem com o antagonista e seus capangas, seja elaborando uma armadilha para despistá-los, o que rende em consequências maiores e irônicas, sequências de fuga e luta em carros e, é claro, na reta final em que todos ficam frente a frente ao tão aguardado misterioso tesouro.
O ator Daniel Radcliffe não fica a desejar e está bastante confortável na pele do vilão Fairfax, nada mais que um bilionário desocupado que fica obcecado por um tesouro perdido de um livro e, assim, coloca os seus privilégios em primeiro lugar, sequestra e arrisca várias vidas apenas para satisfazer sua obsessão. O antagonista sabe dar gás à trama, mas nada tão incrível.
No entanto, o ator Brad Pitt faz uma excelente participação especial como Jack Trainor, escalado para ajudar Alan durante o resgate de Loretta. Seu tempo de tela é pouco e o personagem aparece logo no início do filme, mas consegue fazer uma entrada triunfal e deixar uma excelente marca registrada com uma reviravolta inesperada que vai surpreender todos. Que bela participação, viu?
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Já a atriz Da’Vine Joy Randolph é Beth, uma editora literária que vai até as últimas consequências para proteger sua escritora preciosa, garantindo também momentos hilários e sarcásticos ao filme. Uma boa adição ao elenco.
Considerações finais
A reta final de Cidade Perdida rende boa ação, a tão esperada descoberta do tesouro perdido e um ótimo e divertido desfecho para todos, especialmente à Loretta e Alan, os melhores representantes de fanfics românticas.
Cidade Perdida é uma comédia romântica que acerta no enredo ao misturar aventura e ação, traz clichês propositais e bem dosados sem cair na falta de graça, apresenta diálogos sarcásticos que ganham uma atmosfera de romance hot divertida com uma ótima dupla de protagonistas ao lado de um elenco que não fica a desejar neste resgate caloroso, cômico e aventureiro. É aquela comédia romântica que não pode faltar na sua lista.
Ficha Técnica
Cidade Perdida
Direção: Adam Nee e Aaron Nee
Elenco: Sandra Bullock, Channing Tatum, Daniel Radcliffe, Brad Pitt, Da’Vine Joy Randolph, Patti Harrison, Bowen Yang, Joan Pringle, Héctor Aníbal, Thomas Forbes-Johnson e Omar Patin.
Duração: 1h52min
Nota: 3,8/5,0