É quase impossível não gostar dos filmes protagonizados por Diane Keaton. A atriz retorna na comédia As Rainhas da Torcida (Poms) – depois do divertido Book Club – um filme que fala sobre desfrutar dos sonhos reprimidos em plena terceira idade. Uma trama leve e cativante que sabe fazer o público rir e se emocionar, além de trazer boas lições sobre determinação e realizações não importa a idade que tenha. Um filme ao estilo Sessão da Tarde para entreter e ficar satisfeito.
Com direção de Zara Hayes, As Rainhas da Torcida conta a história de Martha, uma mulher solteira e sem filhos que decide vender sua casa e se mudar para a comunidade da terceira idade Sun Springs, uma vez que ela tem um problema de saúde e não está mais em condições de viver totalmente sozinha. Ao chegar lá, ela conhece a divertida vizinha Sheryl, uma mulher que ama viver o momento e não tem medo de desfrutar dos prazeres da vida, seja ser uma professora substituta, cuidar do neto Ben e promover jogos clandestinos dentro de sua casa. Quando a amizade nasce, Martha e Sheryl decidem comandar o Clube das Líderes de Torcida de Sun Springs, recrutando aquelas que realmente querem mexer o quadril. Mas para que dê certo, elas precisam enfrentar as barreiras da idade e provar que nunca é tarde demais para seguir os seus sonhos.
O filme tem um roteiro simples, bem estruturado e leve, cujos acertos estão na temática sobre a terceira idade, as problemáticas envolvidas e os sonhos a serem realizados. A princípio, Martha aparenta ser uma mulher ranzinza e antissocial, evitando qualquer encontro com Sheryl e convivendo dentro de sua própria bolha. Mas tal fase se deve ao seu problema de saúde que a faz questionar se ela viveu o suficiente para ser feliz e se ainda há tempo para realizar sonhos antigos, como participar de uma performance como líder de torcida.
A partir daqui a trama ganha um desenvolvimento positivo, com diálogos afiados revelando os prós e contras sobre a terceira idade, como problemas de saúde – seja dor na coluna, nos joelhos, ombros – ou o excesso de proteção cuja faixa etária sofre limitações e proibições simplesmente pelo fato de ser velho. De exemplo, temos a doce Helen (Phyllis Somerville) que vive sobre os olhares do filho machista, um homem “ogro”, que nega tudo a mãe pelo simples fato dela ter uma idade avançada, vide a proibição de participar do clube. Do outro lado, temos a divertida Alice (Rhea Perlman) que sempre viveu limitada pelo marido, mas com seu falecimento “precoce”, ela passa a desfrutar do bom e do melhor, inclusive a falar vários palavrões e o que pensa de verdade, sem ter medo de ninguém.
Um dos pontos positivos do filme é ver essa liberdade ser desfrutada dentro de algumas regras, já que, mesmo dispostas a participar do Clube, existe a necessidade de respeitar certos limites do corpo. Ainda assim, elas arriscam, se divertem, machucam e, ainda assim, não desistem de terem um pouco de felicidade em sua rotina.
O primeiro ponto de virada é quando a primeira performance do grupo, realizada na escola de Ben (Charlie Tahan), se torna um grande fracasso, mas sucesso total na internet. Se sentindo traídas, Martha e Sheryl exigem que Chole (Alisha Boe) seja a coreógrafa do grupo, uma vez que a aluna é uma excelente líder de torcida. De início, dá a entender que Chloe será a típica garota antipática que dará trabalho aos demais, mas, pelo contrário, ao ver o empenho e a dificuldade das senhoras, ela se redime, se solidariza e se prontifica a treiná-las para o grande campeonato de Líderes de Torcida da cidade.
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O choque de gerações traz bons aprendizados tanto para o grupo que se impressiona com a dedicação de Chloe e Ben (que colabora com as músicas), quanto da própria garota que passa a simpatizar com todas elas e a entender melhor esta fase de vida na qual, um dia, também irá passar.
O grande destaque vai para a dupla Martha e Sheryl que faz tudo funcionar dentro do filme. Diane Keaton implanta o sonho, enquanto Jackie Weaver ajuda a realizá-lo. E tal cumplicidade cresce aos poucos, rebatendo qualquer um que queira atrapalhar, seja a representante da Sun Springs, Vicki, com inveja do grupo; o filho machista de Helen; ou o preconceito das líderes de torcida da escola. Inclusive, Sheryl tem os melhores diálogos nestas cenas. A diversão também fica por conta do policial Carl (Bruce McGrill) e de sua estagiária Dorris (Dorothy Steel).
Considerações finais
O sonho é realizado, mas traz um desfecho complacente, triste e emocionante para todas. As Rainhas da Torcida é um filme sobre viver com plenitude na terceira idade, mesmo sabendo que os problemas e as limitações serão constantes na rotina. A história é engraçada, bonita e emotiva, com um elenco formidável que ganha a ótima liderança de Keaton e Weaver em seus papéis. É um filme sobre limitações, sonhos e realizações. É um entretenimento que dá gosto de assistir.
Ficha Técnica
As Rainhas da Torcida
Direção: Zara Hayes
Elenco: Diane Keaton, Jacki Weaver, Pam Grier, Rhea Perlman, Celia Weston, Phyllis Somerville, Charlie Tahan, Alisha Boe, Bruce McGill, Dorothy Steel, Patricia French, Ginny MacColl, Carol Sutton, Alexandra Ficken, David Maldonado e Karen Beyer.
Duração: 1h30min
Nota: 7,5