Com direção de Albert Hughes, Alfa (Alpha) é um filme belo que deve ser apreciado principalmente pelo seu visual deslumbrante, fator principal que enobrece a trama e prende a atenção do público. A aventura épica se passa na última Idade do Gelo que vai relatar a origem do relacionamento do homem e o animal.
Na trama, acompanhamos o jovem Keda que irá acompanhar os passos de seu pai Tau, líder da tribo. Em sua primeira caçada, o objetivo é desenvolver o instinto de sobrevivência, uma vez que a seleção natural decreta que somente os mais fortes e aptos seguem em frente. No entanto, após sofrer um grave acidente, o garoto é obrigado a aprender a viver sozinho na natureza. No meio desta caminhada de autoconhecimento, ele enfrenta uma alcateia e, relutantemente, passa a domesticar um lobo abandonado pelo grupo. Os dois acabam aprendendo a confiar um no outro, tornando-se aliados, protetores e amigos, suportando os perigos que cruzam seus caminhos e as dificuldades e percalços que a própria natureza impõe. Mas tudo isso não os fará desistir de encontrar o caminho para casa.
Com uma história bem simples e bonita, Alfa se destaca pela estética visual e o uso de paleta de cores claras e únicas. A maioria das cenas é panorâmica, com o objetivo de desenhar na tela o cenário rústico de uma natureza linda, sedutora e, aparentemente, ‘vazia’, mas à medida que a câmera vai se aproximando e fechando em determinados pontos do ambiente, o espectador percebe as armadilhas e os truques que a natureza esconde atrás de suas pedras, folhas e árvores. Esse tipo de leitura é bem interessante de fazer e o filme faz questão de guiar o olhar do público para essa análise.
Há momentos em que veremos uma única cor, seja verde, marrom, laranja e, até mesmo branco, indicando a mudança de ares e clima que o protagonista terá que enfrentar. Pode se dizer que a própria mãe natureza é o berço do homem, como também é a vilã devido aos desafios brutos que o protagonista enfrenta, como o frio extremo, calor, a fome, a ameaça de outros seres selvagens e o medo.
Alfa faz questão de contar uma história por meio de imagens, cores e ambientações, mas isso não quer dizer que o roteiro seja fraco. O filme entrega uma história simplória que não exige muitos diálogos, mas utiliza de boas ações. Por ter uma narrativa não linear, o público já descobre logo nos primeiros minutos o que acontece com o personagem para, logo em seguida, voltar no passado e, assim, compreender melhor a jornada de Keda.
É no desenrolar da aventura que conhecemos o protagonista, interpretado por Kodi Smit-McPhee. Ele entrega um Keda que age pelo coração, mostrando que a força não é o único caminho para a sobrevivência, apesar de ser de extrema importância. Tudo isso é visto na relação oscilante entre ele e o lobo que cruza seu caminho. Visto como um animal selvagem, Keda transforma a relação de predador e presa em cumplicidade, aliança, proteção até chegar à amizade. A autoridade e o poder são utilizados para amansar a ‘fera’ que, consequentemente, quebra essa proteção selvagem de ambos, criando uma aproximação natural e verdadeira, refletindo a origem da confiança e do amor entre o homem e o lobo. Há cenas até engraçadas dos dois.
Crítica: Slender Man: Pesadelo Sem Rosto
Por ter diálogos mais curtos e corriqueiros, e mais técnicas visuais a serem analisadas, o filme acaba dando leves barrigadas no seu desenvolvimento, o que pode fazer o espectador perder a concentração. E mesmo sendo um filme mais parado e analítico, Alfa entrega um pequeno plot twist que torna o final bonito, emocionante e, até mesmo, fofo.
Considerações finais
Alfa é um filme que utiliza poucas palavras e mais a estética visual e ações do protagonista para nos contar a história do menino e o lobo. Mesmo um pouco arrastada em certos momentos, a trama não perde a sua beleza e consegue entregar uma história bonita sobre sobrevivência, medo, confiança, amizade e amor.
Ficha Técnica
Alfa
Direção: Albert Hughes
Elenco: Kodi Smit-McPhee, Jóhannes Haukur Jóhannesson, Natassia Malthe, Léonor Varela e Spencer Boagaert.
Duração: 1h36min
Nota: 7,2