Buscando (Searching) é a prova de que uma história simples e uma ideia na cabeça pode se transformar na mais bela execução em uma tela. Dirigido por Aneesh Chaganty, o suspense prende a sua atenção do começo ao fim com uma narrativa dinâmica e enérgica cuja atmosfera de tensão é crescente ao longo de 1 hora e 42 minutos, o tempo perfeito para entregar uma trama aparentemente clichê, mas que surpreende formidavelmente.
O filme relata a história de David Kim (John Cho), que entra em uma espiral de desespero com o desaparecimento de sua filha Margot (Michelle La), de 16 anos. Uma investigação local é aberta e uma detetive é designada para o caso. Mas 37 horas depois e sem pistas, David decide buscar no único lugar em que ninguém olhou ainda, onde todos os segredos são mantidos: no computador da filha. Em um suspense hipermoderno contado a partir de aparelhos que usamos no nosso cotidiano para nos comunicarmos, David vai traçar pistas digitais deixadas por sua filha antes que ela desapareça para sempre.
O que torna Buscando um excelente filme é a forma como a narrativa visual da história é montada. O público não acompanha o drama ‘pessoalmente’ e, sim, por meio de telas como computador e celular em suas mais diversas vertentes, seja pelo aplicativo de mensagens como Messenger e Whatassap, e-mail, Facetime, pastas de arquivos e, é claro, muitas e muitas pesquisas realizadas para encontrar as pistas. Por se tratar de um jogo de telas, pode se chegar ao pré-conceito de que Buscando seja um filme cansativo, mas não é. O filme dura o tempo ideal não só para não ser maçante ao espectador, como também entrega uma história pontual, muito envolvente e com um desfecho arrebatador.
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Além disso, é preciso ressaltar o excelente trabalho que fizeram ao traduzir tudo para o português, o que facilita o público de prestar a atenção na trama, sem se perder ao tentar entender o que se passa nas telas.
O filme não parte logo da premissa do desaparecimento, mas volta no tempo e faz o público embarcar na nostálgica pesquisa pelo antigo Windows (7) para sabermos um pouco mais sobre a vida da família Kim. Por meio de pastas recheadas de fotos, vídeos, textos e áudios, descobrimos que David, Margot e a mãe/esposa Pamela tiveram momentos bonitos, harmoniosos e repletos de muito amor. Mas a cada pasta aberta e e-mail lido, a história muda de tom, saindo de um clima harmonioso para o início de uma tensão que está prestes a se intensificar.
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Outro grande ponto positivo de Buscando é que o filme molda perfeitamente o suspense através das variadas telas e, logo que Margot é dada como desaparecida, cria-se uma atmosfera de tensão que vai crescendo a cada arquivo e mensagem aberta ou pesquisas feitas por David. Além disso, a edição de som está excelente, pois enfatiza ainda mais o drama e o medo do protagonista sobre o que pode ter acontecido, além de aguçar a angústia no espectador.
É importante saber que há pistas ao longo da história, mas é normal você não captar logo no primeiro instante, afinal você estará absorto na investigação. Buscando é aquele filme que você precisa assistir mais de uma vez para coletar esses detalhes, assim a história fica ainda mais instigante.
Não é o que parece
Uma coisa muito interessante é que mais do que um drama e suspense sobre o desaparecimento de uma garota, Buscando faz uma crítica a tudo o que vemos e julgamos virtualmente. Nem tudo é o que parece ser e o roteiro faz questão de jogar cenas que faz o próprio espectador ficar no meio desse julgamento. Será que David está exagerando? O que mais está por trás do desaparecimento de Margot? Quem são os verdadeiros amigos da garota? Quem está falando a verdade? Quem está aproveitando da situação para se autopromover na internet? Falando assim, parece estranho, mas quando vocês forem assistir vão entender melhor.
Personagens
Se de um lado a narrativa visual destrincha formidavelmente a história, do outro lado, o elenco entrega uma excelente atuação nas diversas telas. Não importa em qual tela o público acompanha, John Cho transmite angústia, desespero, questionamentos e dúvidas sobre um pai à procura de sua filha. Sua interpretação está ótima e o público compra a dor e o sofrimento do personagem.
Debra Messing é Rosemary Vick, uma detetive que se entrega de corpo e alma à investigação e surpreende por mostrar até onde uma pessoa é capaz de ir para salvar a vida de alguém. Sua atuação é mais minimalista, tornando os momentos mais surpresos ao público.
Claro que Michelle La não fica para trás e entrega uma Margot perdida, com um olhar vago e que esconde algo. O que se passa em sua cabeça a ponto de fazê-la desaparecer? Margot é um grande ponto de interrogação que faz a trama crescer e o espectador especular a todo o momento sobre o que pode ter acontecido.
Considerações finais
Se o desenvolvimento é excelente, o desfecho de Buscando é arrebatador, pois o filme leva o espectador para um possível caminho previsível, mas dá a curva e entrega um final surpreendente. É um filme que, aparentemente, é simples e clichê, mas que instiga, intriga e conquista a atenção do público até a última tela ser desligada.
Ficha Técnica
Buscando
Direção: Aneesh Chaganty
Elenco: John Cho, Debra Messing, Michelle La, Joseph Lee II, Sean O’Bryan e Roy Abramsohn.
Duração: 1h42min
Nota: 10