Jason Statham tinha apenas um jet ski e uma lança e fez história em alto mar! Brincadeiras à parte (mas é exatamente isto que acontece), Megatubarão 2 (The Meg 2) chega aos cinemas trazendo uma sequência satisfatória no quesito ação e personagens com boas dinâmicas, mas com inconsistências mais notáveis no roteiro. É uma produção que cumpre no quesito entretenimento, mas se torna um pouco inferior ao primeiro filme.
Com direção de Ben Wheatley, Megatubarão 2 inicia ao retratar a existência do Megalodonte na Terra há 65 milhões de anos, cujo tamanho e força batem de frente com qualquer espécie pré-histórica, até mesmo o famigerado dinossauro.
Nos dias atuais, Megatubarão 2 traz de volta alguns personagens do primeiro longa, como o mergulhador especializado Jonas Taylor que trabalha ao lado de pesquisadores submarinos na Instituição Oceânica que, agora, segue nas mãos do filho Jiuming (Wu Jing), tio da garota Meiying, que está maior e também sob os cuidados de Jonas após a perda da mãe Suyin e do avô.
Mais do que encontrar espécies diferentes no fundo do mar, esta equipe também precisa enfrentar saqueadores ambientais que, para conquistar o que há de mais precioso no fundo do mar, irão até as últimas consequências como despejar lixo radioativo, sabotagens e, é claro, despertar a fúria e libertar monstros que, até então, estavam quietos no submundo aquático.

Se o primeiro filme conseguiu criar uma atmosfera de suspense interessante com relação à chegada do Megalodonte e sua capacidade de destruição por onde passa, esta sequência não faz questão de preparar o terreno, fazendo com que os personagens vão até o local onde estes seres se encontram e, até mesmo, consigam criar uma espécie dentro da Instituição, o que indica que algo de errado pode acontecer a qualquer momento.
Enquanto criam equipamentos de altíssimo nível capazes de atingir regiões oceânicas nunca antes visitadas, os personagens chamam a atenção de mentes malignas que desejam status e controle, sem ao menos saber os efeitos colaterais que podem surtir. Sendo assim, o inimigo da vez não é o tubarão pré-histórico e, sim, vilões e vilãs corporativos que fazem de tudo em nome do poder.
Talvez este seja o ponto em que Megatubarão 2 perca um pouco da força na história, pois no primeiro longa temos o Megalodonte como o maior vilão, que provoca e instala todo o caos a fim de que os personagens heróis encontrem uma solução. Desta vez, o Megalodonte é colocado em segundo plano, um obstáculo a mais para que o protagonista e coadjuvantes tenham que enfrentar, além dos inimigos terrestres.

A sequência inicial revela o tempo de existência destes monstros na Terra, dando a entender que os personagens terão como foco encontrar mais destas espécies. No entanto, estas espécies só retornam porque seu espaço foi invadido por humanos obcecados por poder e riqueza, o que faz estes megalodontes e outros tipos de criaturas irem à superfície.
Um ponto que causa estranheza é com relação ao tamanho do tubarão pré-histórico: às vezes, apresenta um animal gigante; às vezes dá ao espectador a sensação de ver um tubarão menor. Isso até acontece no primeiro filme, mas há uma justificativa para se fazer isso, enquanto nesta sequência fica um pouco a desejar. A estrutura do Megalodonte do primeiro longa é bem melhor.
Ainda assim, os efeitos especiais usados nestes monstros são satisfatórios e as sequências de ataques não ficam a desejar. Poderiam até ter adicionado pitadas de suspense para tornar as cenas mais angustiantes de assistir, como acontece no primeiro filme.
Megatubarão 2 também apresenta duas novas espécies que até contribuem nos ataques e destruições, mas a justificativa para estarem presentes são inconsistentes. A primeira espécie que surge é um polvo gigante que vem à superfície após um incidente. Esta adição até funciona quando os personagens estão no fundo do mar, já que “invadem” o espaço desta criatura. No entanto, sua aparição em alto mar é totalmente desnecessária, na qual não foi notada por ninguém até o instante em que surge. Será que nenhum personagem reparou que havia outro tipo de monstro seguindo, além dos megalodontes?

Outra inconsistência que surge na história é a aparição de uma espécie pré-histórica em meio a uma ilha turística. Como aquele tipo de espécie existe nos dias atuais e por que ninguém descobriu que havia este perigo em um local repleto de turistas e muito movimento? Não faz o menor sentido. É possível aceitar o retorno de Megalodontes, uma vez que há justifica para suas aparições. Mas para esta nova espécie pré-histórica? Não há resposta.
Enquanto os protagonistas lidam com o retorno de mais um Megalodonte à superfície aquática, o grupo também enfrenta os traidores dentro da Instituição, dando início ao caos.
Os confrontos em si são bons e toda a ação se concentra nestes embates, além daqueles contra os monstros. Porém, estes inimigos nada mais são do que personagens caricatos da área corporativa que querem obter poder e controle total. São personagens rasos, que sempre aparecem no local e timing errados, enquanto os seus ajudantes é quem tomam as rédeas de toda a situação. Talvez esta escolha de antagonismo seja cansativa para alguns, justamente por não ser algo inédito, ser mais do mesmo que vemos em muitos filmes.

No geral, o elenco é agradável e segura muito bem as pontas da história. Jason Statham encarna novamente o salvador da pátria, aquele que fica frente a frente com o Megalodonte e vai até as últimas consequências para salvar quem ama. O ator tem boa química com todos, especialmente com Meiying (Shuya Sophia Cai) que, por sinal, é uma garota com atitudes impulsivas, mas pensadas. A personagem parece que vai atrapalhar, mas sua inteligência e sagacidade contribuem para que as coisas funcionem.
Crítica: Mansão Mal-Assombrada
Outro personagem que se destaca é Jiuming (Wu Jing), que dá continuidade ao legado do pai e da irmã para sua sobrinha ficar à frente no futuro. Mas se tem um personagem cuja sorte está sempre ao seu lado é ele, pois Jiuming consegue sair de todas as situações de alto risco por um triz e, até mesmo, por excesso de confiança.
Os personagens veteranos Mac (Cliff Curtis) e DJ (Page Kennedy) são mais aproveitados nesta sequência e funcionam bem juntos e separados, enquanto os novos como Rigas (Melissanthi Mahut), Jess (Skyler Samuels) e Sergio Peris-Mencheta contribuem satisfatoriamente à história.
Considerações finais
A reta final é o supra sumo do caos que, no fim das contas, termina bem, mesmo com o saldo alto de mortes e destruições pelo caminho. Se esta sequência der certo e ganhar os corações dos fãs, assim como a bilheteria, não duvido que haja um terceiro filme no futuro.
No geral, Megatubarão 2 funciona pelos personagens e as sequências de ataques. Mas foge um pouco do caminho ao apresentar inconsistências em algumas justificativas de roteiro e deixar as criaturas monstruosas em segundo plano, dando visibilidade maior a um inimigo caricato e superficial. A ação é boa, mas poderia ter sido melhor com uma pitada de suspense, assim como no primeiro filme.
Ficha Técnica
Megatubarão 2
Direção: Ben Wheatley
Elenco: Jason Statham, Cliff Curtis, Shuya Sophia Cai, Wu Jing, Sienna Guillory, Skyler Samuels, Melissanthi Mahut, Page Kennedy, Sergio Peris-Mencheta, Kiran Sonia Sawar, Feliz Mayr e Whoopie Van Raam.
Duração: 1h56min
Nota: 2,9/5,0