The Umbrella Academy é uma série que desconstrói o estereótipo dos super-heróis, entregando uma história cujos personagens são completamente disfuncionais, um dos pontos fortes que desperta a vontade de fazer uma maratona. A 1ª temporada ganha um ritmo lento, progride com arcos instigantes e ótimas reviravoltas, entregando uma temporada introdutória para conhecermos os personagens.
Se gostou da 1ª temporada, posso dizer que a 2ª temporada é ainda melhor, com uma narrativa mais dinâmica, um ritmo em que as ações acontecem de forma mais rápida, uma vez que já conhecemos cada personagem e, agora, a série irá aprofundar suas histórias com novos arcos e novas consequências.
Adaptado dos quadrinhos de Gerard Way, com ilustrações do brasileiro Gabriel Bá, a 2ª temporada de The Umbrella Academy parte dos eventos finais da 1ª temporada em que vemos a Terra sendo destruída com o Apocalipse, provocado pela Vanya que desperta de vez os seus poderes e destrói a Lua, fazendo os asteroides atingirem todo o planeta.
O número Cinco consegue salvar a família levando a todos em uma viagem no tempo em que acompanhamos nesta 2ª temporada. Desta vez, os irmãos vão parar em Dallas na década de 1960, mas a viagem faz com que cada um vá parar em um tempo diferente.
The Umbrella Academy – crítica da 1ª temporada
O primeiro ponto positivo desta 2ª temporada de The Umbrella Academy é que a série nos entrega 10 episódios com quase 50 minutos de duração, que passam muito rápido e entrega um roteiro ágil, contemplativo e divertido que sabe dosar o drama dos protagonistas em meio a uma nova aventura. Mesmo com uma nova missão a frente, a série se aprofunda mais nas relações pessoais de cada personagem, seus conflitos internos e trabalham melhor suas personalidades, uma vez que já conhecemos a essência deles lá na 1ª temporada, sem precisar ficar apertando a mesma tecla.
Logo no primeiro episódio, o telespectador descobre em que época cada personagem foi parar: Klaus e Ben ficam presos em 1960; Alisson chega em 1961; Luther vai parar em 1962; Diego chega no dia 1 de setembro de 1963; Vanya chega no dia 12 de setembro de 1963; e Cinco chega no dia 25 de novembro de 1963, fatídico dia em que um novo Apocalipse acontece no planeta.
Mais uma vez, temos a premissa de um novo Apocalipse em que o Cinco vê todos os seus irmãos lutando para impedir a destruição total, mas como estamos falando da década de 60, há também outros momentos históricos como o ataque dos soviéticos e o assassinato do presidente Kennedy.
O trailer da 2ª temporada de The Umbrella Academy faz o público ter certa sensação de que vai acompanhar a mesma história, mesma missão e mesma fórmula da 1ª temporada. Confesso que cheguei a pensar nisso, mas ao assistir a nova temporada, vi que estava completamente enganada (ainda bem). Sim, temos novamente a premissa de um novo Apocalipse chegando, uma vez que os personagens mudaram de época, mas carregaram com eles este mal, afinal, eles estão fora da linha do tempo deles.
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Além de impedir o novo apocalipse, o que move a 2ª temporada da série é o roteiro que se aprofunda mais nas relações e nos conflitos dos personagens que tentam se encaixar em uma época que não pertence, refazer suas vidas e passar por uma auto avaliação e autoconhecimento, juntamente com a adição de velhos e novos personagens que torna toda a trama mais interessante e nenhum pouco entediante de acompanhar.
Junto a uma narrativa bem desenvolvida e nada cansativa, a 2ª temporada de The Umbrella Academy apresenta cenas de luta, perseguição, explosões e embates muito bons e divertidos de assistir, regados por uma trilha sonora sensacional, que vai desde a canção de Frank Sinatra tocada na cena fatídica do Apocalipse, até a música dos Backstreet Boys em uma cena de luta. Se tem uma coisa que ninguém pode reclamar desta nova temporada é a trilha sonora, porque está incrível e impecável.
Um adendo e que também se torna outro ponto positivo para a série, são as cenas introdutórias de cada episódio, que são bem cinematográficas, com uma atmosfera de cena de filmes dos anos 60, quando aparece o título da série. Pode parecer uma coisa boba, mas é um detalhe bem feito e que não passa despercebido.
Personagens em nova época
A 1ª temporada de The Umbrella Academy quebra os padrões das típicas histórias que apresentam o herói perfeito, honesto e leal, que usam seus poderes para o bem. Eles continuam com esse objetivo, mas sempre acompanhamos uma família de heróis disfuncional, com falhas e vulnerabilidades que, agora, são mais aprofundados nesta 2ª temporada a fim de enfrentar tais conflitos internos de cada um e se tornar melhor.
Novamente temos Aidan Gallagher dando o seu melhor como Número Cinco. O personagem continua liderando a série, com o objetivo de reunir os irmãos novamente para impedir o Apocalipse. Ele está sempre à frente de tudo, tem as primeiras ideias para colocar em ação (mas nem sempre são as melhores), briga, discute, luta e é por isso que ele é um dos meus personagens favoritos da série.
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Intitulado líder do grupo desde a 1ª temporada, Luther (Tom Hopper) traz uma ótima contradição: ele é o mais forte, o líder, mas também o mais sensível, o mais vulnerável, o que pensa duas vezes antes de agir. Aqui, ele trabalha como segurança de um chefão e participa de lutas clandestinas para se sustentar. Ele ainda não superou totalmente a separação da Alisson e segue pela cidade por um ano, trabalhando a solidão e a introspecção até reencontrar os irmãos.
A Alisson (Emmy Raver-Lampman) chega em uma época em que as pessoas negras não são bem-vindas e bem-vistas pela cidade. Assim, ela se torna ativista do movimento dos direitos civis para os negros, é acolhida por um grupo de mulheres que trabalha em um salão de belezas de Dallas e conhece o Raymond (Yusuf Gatewood), que se torna o seu marido. A dúvida que muitos tiveram desde o final da 1ª temporada é se a Allison voltaria a falar e recuperar o seu poder do ‘rumor’, uma vez que a Vanya cortou a sua traqueia durante uma briga entre as duas. E sim, a Alisson recupera sua voz e seu poder, a série mostra como foi, mas não dá muitos detalhes de como ela recuperou. Acredito que ela tenha passado por uma regeneração, algo parecido. Com isso, ela decide não usar mais seu poder e junto ao movimento, ela passa a conquistar as coisas e as pessoas sem manipular nada, até o momento em que ela realmente precisar. É algo que a série faz a gente enxergar bem como a personagem trabalha bem esse conflito dentro dela desde a 1ª temporada.
Diego (David Castañeda) chega na década de 60 e é internado em uma clínica psiquiátrica por conta do seu complexo de herói (que ninguém acredita) e por ele afirmar que o presidente Kennedy será assassinado e ele precisa impedir isso. O Diego continua impetuoso, astuto, mas melhora muito o seu lado rancoroso, se dando melhor com os irmãos, especialmente com a Vanya. Na clínica ele conhece a Lila (Ritu Arya), uma personagem muito interessante, uma adição ao elenco que faz a diferença e que acrescenta positivamente na história, trazendo boas reviravoltas.
Desta vez temos um Klaus (Robert Sheehan) que não está em constante estado entorpecente como na 1ª temporada, mostra mais o seu potencial, tenta mexer na linha do tempo para alterar coisas que ele já viu acontecer mais para frente, se torna profeta aos olhos de um culto criado quando ele chega na década 60, o que é bem divertido, e o melhor, ele tem um entrosamento muito maior com os irmãos. Gostei bastante do personagem nesta temporada, mais do que na 1ª temporada.
Mas o arco do Klaus faz o público conhecer melhor o personagem Ben (Justin H.Min), que apareceu pouco na temporada passada. Ele está morto há 17 anos e a série mostra a cena do seu funeral que revela o quanto os irmãos se sentiram culpados por sua perda e como o pai não ajudou nenhum pouco a aliviar a consciência deles. Além disso, descobrimos a razão para ele ter ficado na Terra ao lado de Klaus, o que foi muito bom, já que ele contribui bastante no poder do Klaus, que é ver e controlar os mortos. O personagem ganha mais espaço nesta temporada, a dinâmica com o irmão é muito boa e ele vai ter um papel fundamental nesta temporada, entregando uma cena que vai te emocionar bastante.
Por fim, temos a enigmática Vanya (Ellen Page), que ganha um arco interessante, bem desenvolvido e faz você ter uma empatia ainda maior pela personagem. Ao cair na década de 60, ela é atropelada pela Sissy (Marin Ireland). Ela acolhe Vanya, que vai morar com sua família na fazenda e se torna babá do garotinho Harlan (Justin Paul Kelly), que não fala. Mesmo sem memória, Vanya trabalha para tentar lembrar da sua vida passada, mas que só vem à tona quando seus irmãos a encontram novamente. A química com a Sissy é muito boa, rende bons plots que vão dar ápice ao último episódio e, novamente, o poder de Vanya vai causar novos problemas para todos, mas desta vez, a família está unida para ajudá-la.
Em meio aos contratempos, as mudanças, encontros e desencontros, os irmãos encontram a versão do pai da década de 60 e tenta descobrir o que ele está tramando. Nesta temporada, Reginald Hargreeves (Colm Feore) está ainda mais misterioso, com planos estranhos e o público tem um conhecimento maior sobre seu passado e como tudo aconteceu para entendermos melhor o que vimos na 1ª temporada. Além disso, o personagem tem segredos que rendem plots twists muito instigantes nesta temporada. Assista e descubra.
Como disse anteriormente, além de novos personagens, temos o retorno de antigos personagens que trazem de volta a Comissão que serve novamente de obstáculo para o Cinco e seus irmãos, como por exemplo, o trio de irmãos suecos que perseguem os irmãos todo tempo para matá-los a qualquer custo.
Considerações finais
The Umbrella Academy retorna com uma 2ª temporada praticamente impecável. A série acompanha novamente a família de super-heróis disfuncional, que se aventura em uma nova década, trabalha bem o drama e se aprofunda nos conflitos pessoais de cada um, o que rende reviravoltas e surpresas que tornam os episódios incríveis. A atmosfera sombria e violenta é mais dosada, continua boa e o desfecho é ótimo e deixa um excelente gancho para uma 3ª temporada.
Assista ao vídeo:
Ficha Técnica
The Umbrella Academy
Criado por: Steve Blackman e Jeremy Slater
Adaptação: HQs de Gerard Way e Gabriel Bá
Elenco: Ellen Page, Tom Hopper, David Castañeda, Aidan Gallagher, Emmy Raver-Lampman, Robert Sheehan, Justin H. Min, Ritu Arya, Yusuf Gatewood,, Marin Ireland, Justin Paul Kelly, Stephen Bogaert, Cameron Britton, Colm Feore, Jordan Claire Robbins e Kate Walsh.
Duração: 2ª temporada – 10 episódios (50min aprox.)
Nota: 9,5