The Circle é um reality show da Netflix que começou nos Estados Unidos, fez sucesso e ganhou uma versão brasileira. The Circle Brasil é apresentado por Giovanna Ewbank e contém uma diversidade de participantes. Mais do que isso, teve uma trama mais interessante que a dos EUA e revelou como a nossa geração, antenada nas redes sociais, coloca a autenticidade acima dos padrões de beleza.
O show convoca pessoas para ficarem alojadas em um mesmo hotel, do próprio The Circle, lá elas ficam isoladas e só podem se comunicar através de uma plataforma digital, o Circle. E, o que o reality quer saber é: o que você seria capaz de fazer para ser a pessoa mais popular de uma rede social se 300 mil reais estivessem em jogo? Esse é o The Circle Brasil!
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Diferente do The Circle EUA, o brasileiro teve uma trama mais interessante, com personagens cheios de dinamismo e autenticidade. Claro que havia os famosos “perfis fake” que usavam fotos de amigos, outros nomes, só para ser o popular. Mas The Circle Brasil provou que, muito além do fake e da beleza padrão, o que te torna popular em uma rede social é a autenticidade e unicidade de seu perfil.
Todos nós somos únicos, mas será que buscamos mostrar isso nas redes sociais? Não. Há uma grande massificação de roupas, rostos, cores de cabelo, maquiagem e até ângulos de fotos, todo mundo quer se parecer com todo mundo. O que esquecemos é que, o diferente, inusitado, autêntico e a linha fora da curva é o que chama a atenção na multidão, no Instagram e no The Circle.
O show começa com a primeira eliminação de Ana Carla, uma modelo totalmente dentro dos padrões de Hollywood (e das redes sociais): branca, olhos azuis, rosto fino e com traços europeus. Ana Carla é a típica “blogueirinha”. Óbvio que ela faz sucesso nas redes sociais aqui fora, mas será que ela chama a atenção tanto quanto uma figura engraçada e única como Whindersson Nunes? No meio da internet, fica claro que não.
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O programa funciona através das classificações, um dia ou outro os sete, oito ou nove participantes são obrigados a classificar os outros perfis através do seguinte critério: no primeiro lugar quem você mais gostou e no último lugar quem você menos gostou. Por incrível que pareça, Ana Carla ficou em última colocação e foi eliminada, julgada como “perfeita demais”, “linda demais” e “fake”. A escolha da foto de Ana foi determinante para ela ser a primeira eliminada, sem nem os participantes terem oportunidade de conversar com ela.
Além disso, o que mostra como a autenticidade e unicidade prevaleceram nesse programa, e como “ser popular” parece sinônimo de “ser você mesmo e com orgulho”, foi a primeira e segunda classificação. Dois participantes permaneceram no topo do ranking por vários dias justamente por passarem, em seus perfis, autenticidade. Os outros jogadores gostavam e comentavam da “energia”, “poses diferentes” e “ousadia” de quem fugia de fotos no senso comum e explorava biografias sinceras e sem frases montadas.
Dumaresq e Marina foram os perfis que permaneceram no topo do pódio por muito tempo, e assim avançaram de forma considerável no jogo, os dois ficaram entre os finalistas para o prêmio. Tanto Marina quanto Dumaresq buscavam expressar, por meio de fotos, hashtags, emojis, mensagens e bios quem eles são, sem querer enganar ou impressionar alguém.
Eu sou assim e assim, gostou? Ótimo. Não? Acontece, mas o que posso fazer? Era esse o jogo de Duma (apelido carinhoso adquirido ao logo do programa) e de Marina, a garota do Méier. A forma deles jogarem com todas as cartas na mesa sobre quem são foi o que os levou para a final, os outros integrantes do Circle sentiam confiança neles, ao conversarem, sentiam autenticidade e unicidade.
Curiosamente, Duma e Marina não são os espelhos dos padrões de beleza hollywoodianos como Ana Carla. Marina é negra, gorda, com tranças e olhos castanhos escuros. Enquanto Duma é muito magro, não-branco e não tem um rosto com traços europeus, mas nordestinos.
Além disso, outro jogador que se destacou – e muito – na trama, não pelo seu jeito ou perfil diferente, mas pelo seu método de jogar. JP, também conhecido como o bombeiro militar gato do The Circle, conseguiu mostrar que era muito além de um rostinho bonito.
O jogador se demonstrou simpático, atencioso e com o coração aberto, a sua forma de tratar as pessoas, mesmo por mensagem, ganhou o coração delas, o que fez ele ser, no final, varia vezes o mais bem classificado. JP foi ele mesmo, desde o começo foi julgado por escrever mensagens muito “quadradas” que pareciam uma “redação”. Mas, ao longo das interações, os participantes perceberam que JP era diferente, tinha as gírias do norte e nordeste e era, muito além, de uma aparência.
Além das classificações, The Circle Brasil busca fazer “festas”, criar “joguinhos da discórdia” ou apenas jogos para fazer os participantes interagirem mais. A plataforma desenvolve várias dinâmicas que coloca o jogo em um ótimo patamar de interação, mas os brasileiros conseguiram trazer, além disso, um dinamismo maior.
Enquanto no EUA os integrantes se preocupavam em sempre fazer média um com os outros, no brasileiro não tinha isso. Teve muito desentendimento, cutucadas, veneno e, claro, bom humor, memes e piadas sem parar. Com cariocas, paulistas, nordestinos e mais uma gama de diversidade como héteros, LGBT e fakes muito forçados, o The Circle Brasil criou uma narrativa divertida, dinâmica e mais envolvente que o próprio show original.
FICHA TÉCNICA
The Circle Brasil
Apresentado por Giovanna Ewbank
Participantes: João Akel, Raphael Dumaresq, Marina Gregory, Lorayne Oliver, João Pedro Gadelha, Lucas Blazute, Marcel Blazute, Rayssa Santos, Rafael Vitar, Paloma Lisboa, Gabriel Moraes, Rub Vulcan e Ana Carla Medeiros.
Duração: 1 temporada. (50min a 1h de duração por episódio).
Nota: 7,0