Desde pequena acompanho As Tartarugas Ninja, seja desenho, seriado e, até mesmo, no videogame. As quatro tartarugas lutadoras me conquistaram assim que apareceram na televisão, marcando a minha infância. Afinal, como não se apaixonar pelo forte Raphael, o nerd Donatello, o amoroso e brincalhão Michelangelo e o líder Leonardo (meu favorito)? Com personalidades distintas e apaixonados por pizza, os irmãos discutem, brigam e se completam quando o assunto é apoiar o outro e lutar em grupo. No primeiro filme, acompanhamos a jornada dos quatro herois e como eles se tornaram os famosos vigilantes de Nova York com a ajuda da repórter April O’Neill (Megan Fox). Agora, em As Tartarugas Ninja – Fora das Sombras, Leo, Donnie, Mikey e Rapha precisam lidar com o fato de que não podem mais esconder suas identidades e, para isso, eles precisam lidar com certos preconceitos.
O segundo filme, dirigido por Dave Green, mostra que as tartarugas ninja e April chamaram a atenção de vários vilões que estavam entocados na cidade. Velhos inimigos como o Destruidor, se unirão a novos malvados que não estão satisfeitos com as ações dos justiceiros, como o cientista Dr. Baxter Stockman (Tyler Perry) e o famigerado grupo de vilões conhecido o Clã do Pé. Além disso, eles terão que enfrentar uma ameaça alienígena chamada Krang, um ser da Dimensão X que deseja dominar a cidade de Nova York.
A sinopse nos faz lembrar exatamente como era o desenho animado. Para transferir essa história ao cinema, o filme recorreu ao uso exagerado do CGI (computação gráfica) e isso não tem passar despercebido. As lutas, corridas de carro, explosões catastróficas e a famosa (e clichê) destruição da cidade de Nova York é prato cheio no filme. Infelizmente, se você não curte esse excesso de efeitos especiais, então Tartarugas Ninja 2 não é um boa opção para você assistir. Além disso, o roteiro é satisfatório, mas não surpreende. Já os diálogos são simples e cheios de frases de efeito.
Os vilões da vez, como o Shredder (Brian Tee), Dr. Baxter Stockman (Tyler Perry), o alienígena Krang (dublado por Brad Garrett) e os ajudantes malvados Bebop (Gary Anthony Williams) e Rocksteady (Sheamus) são extremamente caricatos, cujo objetivo óbvio é destruir a cidade e dominar o mundo dos humanos. No caso de Bebop e Rocksteady, os personagens são transformados em javali e rinoceronte, assim como é apresentado no desenho animado. O filme não tinha como fugir dessas características, uma vez que os próprios personagens e objetivos sempre foram apresentados dessa forma na história.
O filme apresenta Casey Jones, interpretado por Stephen Amell (da série Arrow). O personagem é conhecido por ser um excelente jogador de hóquei (sua arma de defesa) cujo sonho é tornar-se um detetive de sucesso. Ao se unir a April e as tartarugas ninja, as habilidades de Casey é colocada à prova e é interessante vê-lo em ação. O ator consegue entregar um bom personagem nas telas, mas algumas cenas de fuga e luta ficam a desejar, como por exemplo, “o bandido está na sua frente, mas ele não atira”; “o personagem apanha e sofre vários acidentes, mas não fica com nenhum ferimento no rosto”. Seria Casey Jones um ser indestrutível? Com certeza ele não é e o filme peca em não mostrar cenas mais realistas.
Tenho que dizer: Megan Fox não é uma boa atriz. No primeiro filme, ela até consegue interpretar bem a personagem April O’Neill, mas neste segundo ela está péssima. A impressão que dá é que estamos diante de uma modelo que corre, apanha e cai, mas não se machuca e está pronta para posar diante das câmeras. E por um breve momento, os roteiristas lembraram que April é uma repórter, jogando uma cena em que a personagem aparece fazendo a matéria sobre a salvação da cidade de Nova York. Really? Neste filme, a gente não sabe se April é jornalista, espiã ou detetive. Ela é as três coisas, o que deixa o perfil da personagem bem bagunçado.
Apesar desses problemas, ainda vale a pena assistir ao filme, pois são as Tartarugas Ninja quem roubam a cena o tempo todo. Por ser o líder, Leonardo precisa usar a razão para fazer o grupo trabalhar, sempre puxando o potencial de cada um. Seu maior medo é falhar com os irmãos, o mestre Splinter e com ele mesmo.
Michelangelo é o mais amoroso dos quatro, age pela emoção e está sempre pronto para soltar piadinhas, afinal, o personagem é responsável pelo lado cômico da trama, fazendo referências a outros filmes (como Velozes & Furiosos) e temas da atualidade. Por ser o caçula, ele está sempre em busca de algo novo e seu sonho é poder andar entre as pessoas sem ser chamado de aberração.
Nerd do grupo, Donatello é o responsável por apresentar toda a tecnologia aos irmãos, um componente essencial que o ajudam a ficar a par de tudo o que acontece na cidade. Ele é bom de luta, mas é excelente quando o assunto é ficar descobrir uma senha.
Raphael é o irmão fortão, mal humorado e que não foge de nenhuma briga. Ele representa a força e mesmo sendo duro com os outros, tem um grande coração e faz qualquer coisa quando o assunto é proteger aqueles que ama.
Juntos, Leonardo, Michelangelo, Donatello e Raphael apresentam os principais componentes que um time de herois precisa ter: força, emoção, liderança e inteligência. É por essas razões que os personagens se destacam no filme do começo ao fim e conquistam a atenção e o coração do público.
As cenas finais são clichês, mas satisfatórias, dando abertura para um possível terceiro filme. As Tartarugas Ninja – Fora das Sombras não é um excelente filme em termos de roteiro, desenvolvimento e certas interpretações, mas é divertido. Ignore a Megan Fox e o excesso de efeitos especiais. O que vale a pena é rever as Tartarugas Ninja em ação e matar as saudades dos tempos em que assistíamos ao desenho no horário de almoço.
As Tartarugas Ninja – Fora das Sombras estreia nesta quinta-feira (16) nos cinemas.
Ficha Técnica
As Tartarugas Ninja – Fora das Sombras
Direção: Dave Green
Elenco: Megan Fox, Stephen Amell, Will Arnett, Tyler Perry, Brian Tee, Gary Anthony Williams, Sheamus, Noel Fisher, Alan Ritchson, Jeremy Howard e Pete Ploszek.
Duração: 1h52min
Nota: 7,0