Assim que foi anunciado o novo spin-off de Grey’s Anatomy mostraria o dia a dia do trabalho dos bombeiros da cidade de Seattle, localizado apenas a três quadras do Grey Sloan Memorial Hospital, a curiosidade falou mais alto, já que sou fã da série médica. Porém, nem toda a ideia te cativa no primeiro instante e, infelizmente, Station 19 fica a desejar. Mesmo assim, ainda vejo potencial na série.
Criada por Stacy McKee, a série gira em torno de Andy Herrera (Jaina Lee Ortiz) e, como toda produção da Shondaland, o programa é guiado por uma protagonista feminina. Andy é bombeira e filha do capitão Pruitt Herrera (Miguel Sandoval), uma mulher independente, determinada e forte que está pronta para assumir o lugar do pai após sofrer um acidente de trabalho. Como todo mundo sabe, Ben (Jason George), marido da Miranda Bailey, largou a medicina para se tornar bombeiro. O corpo da unidade de Seattle também é formado por Jack Gibson (Grey Damon), Maya (Danielle Savre), Travis (Jay Hayden), Victoria (Barrett Doss) e Dean (Okieriete Onaodowan).
Como disse, Station 19 tem potencial, porém chega com muita sede ao pote na tentativa desesperadora de conquistar o público, especialmente os fãs de Grey’s Anatomy. Os dois primeiros episódios que abrem a season premiere da série já apresentam um excesso de casos que poderiam ser menos e melhor espaçados: incêndios, doença grave, uma menina em trabalho de parto, uma grande explosão e a possível morte de alguns bombeiros. Ou seja, um caso mal acaba de ser solucionado e, em seguida, outro acontece a ponto do telespectador nem conseguir digerir o que acabou de ver.
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Essa overdose de acontecimentos aumenta o drama, mas não se aprofunda nas situações que, por sinal, são exageradas e ainda recebem justificativas absurdas. Por exemplo, o capitão diagnosticado com uma doença grave é realmente necessário? O personagem não poderia apenas se afastar do cargo devido à velhice e o acidente que sofre? No plot em que apresentam uma menina de 12 ou 13 anos em trabalho de parto na escola recebe a justificativa de que a mãe (também diretora) não presta atenção na filha. Que tipo de mãe é ela que não percebe que a filha, menor de idade, está com uma barriga enorme? O quão estranho e ridículo isso soa? Além disso, o suposto pedido de casamento é até aceitável, mas devido à sobrecarga de acontecimentos, o plot torna-se perdido e desnecessário.
Outro incômodo da série são os personagens extremamente estereotipados. Temos uma protagonista forte (o que é bom), mas que mostra certo temperamento difícil e dilemas para encarar, além de ter que lidar com um suposto pedido de casamento que, na verdade, nem é um pedido. No time também temos o mocinho que disputa o coração da protagonista e também o cargo de capitão, o que pode colocá-lo na posição de vilão ou traíra. Claro que não poderia faltar a melhor amiga da protagonista que está sempre preparada para apoiar e para soltar frases de incentivo e superação. Há também o bombeiro gay, o que achei legal, mas poderiam ter deixado o personagem em uma posição mais misteriosa, revelando a sua homossexualidade em um momento mais oportuno. Por fim, não poderia faltar o bombeiro galã, aquele que faz sucesso com a mulherada até nos momentos mais perigosos. Sinceramente? Achei forçado e não me simpatizei com o personagem no primeiro instante. Infelizmente outra coisa que fica a desejar são os diálogos que estão repletos de frases de efeito chatos, cansativos e que não impressionam nenhum pouco.
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Mas calma, pois nem tudo está perdido. Station 19 apresenta um pequeno crossover com Grey’s Anatomy que, por sinal é legal, aumentando as expectativas de que isso aconteça com mais frequência, já que o universo é o mesmo e as circunstâncias que rodeiam as séries permitem que elas se cruzem de vez em quando.
Station 19 deu um salto maior do que a perna na tentativa de conquistar e agradar o público a qualquer custo. Há um excesso de problematização, uma overdose de casos absurdos e mal aproveitados e personagens estereotipados que não conquistam a empatia do público instantaneamente (estou falando pela minha experiência). Mesmo assim, a série tem certo potencial e se Stacy McKee trabalhar bem esses problemas, deixar os personagens mais naturais e apresentar menos casos e se aprofundar melhor neles, a série tem chance de vingar. Se não, infelizmente o programa não passará da primeira temporada.
E aí, vocês assistiram Station 19? O que acharam da série?
Ficha Técnica
Station 19
Criado por: Stacy McKee
Elenco: Jaine Lee Ortiz, Jason George, Grey Damon, Danielle Savre, Barrett Doss, Alberto Frezza, Jay Hayden, Okieriete Onaodowan e Miguel Sandoval.
Nota: 4,0 (dois primeiros episódios).
Fotos: IMDB