New Amsterdam é a nova série médica que mal chegou à televisão e já está conquistando vários fãs, especialmente os mais apaixonados por dramas médicos. Criado por David Schulner, o primeiro episódio logo assusta com o excesso de subtramas que se discorrem tudo junto e misturado, mas logo prova que o programa tem bom potencial ao abordar vertentes mais distintas quando comparados a outras séries médicas. O cenário agrada logo de cara, os personagens são carismáticos e ainda temos um protagonista cuja bagagem é pesada e vai emocionar com sua missão e seus dramas pessoais.
Mas afinal, qual é a trama principal? Baseado na obra Twelve Patients: Life and Death at Bellevue Hospital, do autor Eric Manheimer, New Amsterdam se inspira no Bellevue, o hospital mais antigo dos Estados Unidos. A trama segue o personagem Dr. Max Goodwin (Ryan Eggold), o mais novo diretor médico da instituição que chega com o objetivo de acabar com a burocracia e fornecer cuidados excepcionais aos pacientes. Ele é uma pessoa que não aceita ‘não’ como resposta e, logo de cara, Max desestabiliza o ambiente e o status quo para dar uma nova vida ao local subestimado – mesmo sendo o único no mundo capaz de tratar os pacientes mais distintos sob o mesmo teto, desde o Presidente dos EUA até prisioneiros de Rikers.
Trama acelerada e boa
A série já deixa claro o seu objetivo: quebrar a parede da burocracia, muitas vezes ingrata, e priorizar os pacientes não importa quem ou quais obstáculos estejam no caminho. “Saúde e cuidado” é o lema do hospital e muitas vezes você verá Max dizer a emocionante frase “Como posso te ajudar?”, palavras de atenção e conforto que quebram o desespero, a insegurança e a falta de esperança do paciente.
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A nova produção do canal americano NBC pode assustar alguns, já que ela entrega os dois primeiros episódios em um ritmo bem acelerado, ambientando os telespectadores no hospital, apresentando todos os personagens principais junto com vários plots que se se misturam pelos corredores. No primeiro instante é possível imaginar que se a série continuar nesse formato, talvez ela não dê conta de desenvolver e se aprofundar melhor nas histórias, no entanto, a trama corre apenas no começo a fim de fazer uma grande e breve apresentação e, a partir do 3º episódio, ela já começa a se estabilizar.
No primeiro episódio tudo acontece: Max inicia no novo cargo de diretor médico e logo demite todo o departamento de cirurgia cardíaca a fim de mostrar qual é a sua missão, uma mudança radical e ainda descartar médicos que perderam seu propósito para o dinheiro e status. Enquanto o público acompanha a demissão em massa, a série já separa os rostos que se tornarão de suma importância na trama.
No primeiro instante, New Amsterdam já entrega um dos plots principais, que é o caso do garoto liberiano que chega ao hospital com suspeita de Ebola. Além de trazer uma doença com grandes riscos – especialmente para a Dra. Laura Bloom (Janet Montgomery) – ainda levanta a hipótese de um ataque terrorista. Junto a este plot, temos o segundo caso de uma mulher que chega morta e é ressuscitada de imediato. Após os primeiros atendimentos, o Dr. Vijay Kapoor (Anupam Kher) descobre que a paciente estava recebendo tratamento para um diagnóstico completamente errado.
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Ao caminhar para a ala psiquiátrica, o público se depara com o caso de Jenna, uma garota traumatizada por sofrer abuso sexual nos lares adotivos onde morou. Por fim, acompanhamos a trama principal de Max que vai desde se reconciliar com sua esposa Georgia (Lisa O’Hare), grávida do seu primeiro filho e descobrir uma grande fatalidade em sua vida.
O diferencial da série médica
No mercado da televisão o que não falta são boas séries médicas para assistir. Então, qual é o diferencial de New Amsterdam e o que o torna tão interessante e atrativo? O ponto principal que, a princípio pode não ser tão relevante para o público, é o bem-estar dos pacientes. No entanto, a série trata deste assunto do ponto de vista burocrático e mental, ou seja, vamos ver médicos capazes de quebrar muitas regras a fim de trazer o melhor cuidado possível para o paciente. De exemplo, vocês verão várias vezes Max ser rápido nas suas tomadas de decisão, pensando nas consequências, mas arriscando sua pele ao pisar ‘em cascas de ovo’.
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Outro ponto importante é que a série dá prioridade à saúde mental, um dos assuntos pouco explorados nos demais dramas médicos. A trama entrega cenário e personagens que vão explorar bem o assunto. Interpretado por Tyler Labine, Dr. Iggy Frome é o psiquiatra do hospital e o responsável por trazer assuntos importantes como abuso sexual, preconceito, depressão, mudança de sexo, entre outros. Também temos o Dr. Kapoor e sua excelente aptidão em descobrir os problemas de saúde justamente por saber ouvir os pacientes e fazer perguntas peculiares.
De exemplo, há três episódios muito interessantes e que chegam a emocionar: o episódio do preconceito da polícia com os negros, levando o caso de tiroteio ao hospital; o caso de uma moça com depressão, mas que não pode receber cuidados devido ao preconceito enraizado na cultura de sua família; e o caso do garoto que já sabe que é menina e deseja colocar silicone, no entanto, ele ainda não tem idade suficiente para fazer isso e acredita que seus pais são contra a sua mudança.
Outro ponto muito bom e que quero ver mais na série é o tratamento que o hospital oferece aos prisioneiros de Rikers. Ainda não há um aprofundamento melhor nesta trama, mas é possível saber que o hospital tem uma conexão com a prisão que faz os médicos chegarem rápido para lidar com casos de mulheres grávidas que não podem cuidar de seus filhos dentro da cadeia; ataques brutais tanto entre prisioneiros como da própria polícia.
Protagonista que dá o que falar
Max Goodwin chama a atenção por ser um protagonista ao triplo. Temos a versão Max médico, que vai lutar pelo hospital e mais ainda pelos seus pacientes; a versão Max como pessoa, que quer fortalecer seu casamento e se preocupa com o bem-estar da esposa, especialmente na fase da gravidez. E a versão Max paciente, pois logo no primeiro episódio, o público descobre que o personagem tem câncer. Isso não é spoiler, uma vez que o trailer já entrega essa revelação.
Max é uma pessoa boa e generosa demais a ponto de colocar os outros a frente da sua saúde. Mas com a esposa e o bebê a caminho, ele tem que tomar a grande decisão dar prioridade ao seu bem-estar e tratamentos que estão por vir, sem largar a mão do hospital. É uma batalha tripla que emociona bastante.
Dramas pessoais
Não são somente os casos que chegam ao hospital que fazem a série médica. Os demais personagens também têm seus dramas pessoais que já ganharam um bom pontapé. Workaholic, Dra. Laura Bloom foca demais no trabalho, deixando de lado a vida pessoal e isso acaba prejudicando em seus diagnósticos, uma vez ela exagera no número de horas dentro do hospital e ainda procura por mais trabalho em outros locais.
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A série deixa claro que ela tem (teve) um caso com Floyd Reynolds (Jocko Sims), chefe do departamento de cirurgia cardíaca. No entanto, a relação fica em cima do muro, uma vez que Floyd tem medo de se relacionar com mulheres que não são negras.
Interpretada por Freema Agyeman, Helen Sharpe é oncologista que se afastou do consultório para se dedicar à publicidade do hospital com palestras e entrevistas. Com a ajuda de Max, ela quebra esse status e retorna aos seus pacientes, validando a razão dela ter se tornado médica. Além disso, ela também tem o desejo de ser mãe, mas sabe que há percalços para esta realização.
Dr. Vijay Kapoor é um dos meus personagens favoritos não só por sua peculiaridade em descobrir os problemas de seus pacientes, como também ele carrega o peso na consciência por ter se afastado de seu filho. Agora, ele deseja se reaproximar, mas sabe que ainda haverá obstáculos para atrapalhar esta reunião.
Iggy Frome é outro personagem que conquista o público rapidamente e traz o drama de ser homossexual, casado e pai de filhos adotivos, algo que desperta o preconceito e a não aceitação dentro de sua própria família.
Considerações finais
New Amsterdam é a nova série médica que tem potencial justamente por pontos diferentes e atrativos ao programa, como a quebra da burocracia e o foco no bem-estar do paciente e bons quadros sobre saúde mental. Os personagens são cativantes, alguns divertidos e ainda há um protagonista que vai emocionar em vários momentos. Vale a pena assistir.
Ficha Técnica
New Amsterdam
Criação: David Schulner
Elenco: Ryan Eggold, Janet Montgomery, Freema Agyeman, Jocko Sims, Tyler Labine, Anupam Kher, Lisa O’Hare, Zabryna Guevara, Margot Bingham e Sendhil Ramamurthy.
Duração: 1ª temporada – 9 episódios até agora (40 min. apróx).
Nota: 8,5