It – Capítulo 2 (It – Chapter 2) chega aos cinemas brasileiros no dia 5 de setembro, e para promover a segunda parte do sucesso adaptado da obra de Stephen King, o diretor Andy Muschietti e a produtora Barbara Muschietti vieram à São Paulo em agosto para promover o filme e conversar com a imprensa sobre o que esperar desta nova trama, incluindo o elenco adulto, o mergulho no terror de King, referências e o palhaço Pennywise ainda mais assustador.
Em It – Capítulo 2, vinte e sete anos depois do Clube dos Otários derrotar Pennywise, ele volta a aterrorizar a cidade de Derry mais uma vez. Agora adultos, os Otários há muito tempo seguiram caminhos separados. No entanto, as crianças estão desaparecendo novamente, então Mike, o único do grupo a permanecer em sua cidade natal, chama os outros de volta para casa. Traumatizados pelas experiências de seu passado, eles devem dominar seus medos mais profundos para destruir Pennywise de uma vez por todas… colocando-se diretamente no caminho do palhaço, que se tornou mais mortal do que nunca.
Assista ao trailer de It – Capítulo 2
No elenco estão Jessica Chastain, James McAvoy, Bill Hader, Isaiah Mustafa, Jay Ryan, James Ransone e Andy Bean. Bill Skarsgard retorna como Pennywise. Quem também retorna é o elenco infantil com Finn Wolfhard, Chosen Jacobs, Jaeden Martell, Sophia Lillis, Jack Dylan Grazer, Jeremy Ray Taylor e Wyatt Oleff.
Confira a entrevista que o Pipoca na Madrugada participou:
Você tem familiaridade com os filmes de terror no geral?
Andy: Tenho familiaridade sim, mas não assisto todos os filmes do gênero que são lançados. Eu apenas vejo aqueles que realmente são bons e me interessam. Muitos filmes de terror são feitos com viés rentável, mas eu tenho certo faro para identificar quem genuinamente faz filmes de terror porque realmente gosta da história e dos personagens, e não apenas por dinheiro.
Porque o terror é um gênero de sucesso no Brasil?
Barbara: Eu acho que o terror é um sucesso no Brasil da mesma forma que é um sucesso na América porque é um gênero de várias emoções, e nós somos feitos de emoção, por isso somos enviesados a gostar deste tipo de gênero. No nosso caso, somos latinos e gostamos de fazer filmes que queremos ver e que as pessoas vão gostar de assistir. Temos sorte porque temos um público de fãs que vão apreciar o que fazemos.
Qual foi o principal desafio de adaptar o livro neste segundo filme?
Andy: Bem, o desafio é grande, pois esta segunda parte foi bem maior que o primeiro. Na verdade, foi desafiador, mas não foi diferente do que foi feito no primeiro longa. Nós tivemos que traçar os significados e a emoção do livro e condensá-los para transformar em um filme que, a princípio, teve o primeiro corte com quase quatro horas de duração.
O maior desafio foi levar a história para mais lugares e com maior duração (por mais dias), mais do que no livro. Eventualmente, tivemos que modificar algumas situações e consequências a fim de entreter mais, sem que o enredo tivesse ‘gordura’, ou seja, plots ou subtramas desnecessários para preencher espaço. Uma coisa sempre leva a outra, até mesmo as cenas flashbacks, que trazem informações novas para entendermos melhor o que está acontecendo nos dias atuais na trama.
Barbara: Parte também do desafio é que não tínhamos um intervalo de tempo maior para produzir o segundo filme. Nós recebemos a data de lançamento de It – Capítulo 2 no dia da estreia do primeiro filme, ou seja, tivemos apenas dois anos exatos para desenvolver um filme de escopo como este. Em um senso prático, Andy já estava trabalhando no roteiro para poder iniciar as gravações a fim de que tudo desse certo.
Como vocês lidaram com a história de IT para série de TV, se vocês usaram como referência para o novo filme, ou apenas ignoraram e mantiveram apenas o livro como referência?
Andy: Eu adoro a série original, mas o programa não foi uma referência para eu fazer o filme. O que você vê na tela é a tradução da minha emoção, do que senti ao ler o livro, do impacto que a história teve em mim quando eu tinha 14 anos e da nova perspectiva que eu tive quando reli na fase adulta. É engraçado como cria-se um paralelo entre a idade do leitor com a leitura e os personagens. Posso dizer que tive muito mais impacto e experiências com o livro do que a série. Aliás, os filmes It 1 e 2 não são remakes e, sim, adaptações diretas do livro.
Como foi convidar Stephen King para participar do filme? Ele fez algum pedido sobre o roteiro ou alguma cena específica?
Andy: Eu queria que ele ficasse mais ciente sobre o que estávamos fazendo no segundo filme, mais do que o primeiro. Na verdade, no primeiro longa eu estava mais nervoso para conhecê-lo e compartilhar o que estava fazendo, uma vez que estava produzindo o filme a partir da visão que eu tinha sobre o livro e, na verdade, eu não queria desviar a minha visão com outras interferências. Mas ele não fez palpites em quase nada neste segundo capítulo. Ele assistiu e gostou muito de It – A Coisa, mas neste segundo longa eu fiz questão de atualizá-lo sobre o que estávamos fazendo, com o intuito de recebe o feedback dele. Ele é um escritor que sabe abraçar o significado de adaptação. Claro que ele gosta quando os filmes realmente ficam bons, mas ele não interfere em absolutamente nada, independentemente de estar bom ou não.
Barbara: Ele apenas coloca um muro entre ele escrever e outros adaptarem o que foi escrito.
Andy: Nós conversamos e perguntei o que ele gostaria de ver no filme. Ele até fez uma listinha fofa do que queria e pediu que a gente colocasse a cena da estátua Paul Bunyan, que ganha vida e ataca o personagem Ritchie. Ele chegou a pedir outra cena, mas infelizmente não tínhamos mais verba. Outra decisão que temos que tomar é o preço que vamos gastar. Temos dinheiro para as despesas, mas temos que equilibrar para saber aonde vamos gastar, em qual cena, qual parte da narrativa. No livro, vemos a destruição de Derry e isso é espetacular, mas no filme isso custaria boa parte do que tínhamos e, talvez, não sei encaixaria bem com as decisões dos personagens.
E o elenco adulto? Jessica Chastain sempre foi a escolha de vocês para interpretar Beverly? Quais outros nomes vocês já tinham em mente para escalar no segundo filme?
Barbara: Nós amamos Jessica desde o filme Mama e o nome dela veio logo em nossa mente quando lembramos do postal escrito pelo personagem Ben “seu cabelo como fogo do inverno”. Subconscientemente, quando escalamos a atriz Sophia Lillis, nós já imaginávamos ela como uma ‘mini Jessica’. Ela sempre foi a nossa Beverly, então nós só tínhamos que ver se ela aceitaria o papel e se caberia em sua agenda, já que ela é muito ocupada.
Andy: James McAvoy, Bill Hader e James Ransone sempre foram os meus preferidos. Aliás, Ransone tem uma similaridade muito forte com Jack Dylan Grazer, não só pela aparência facial, mas o jeito de se comunicar muito rápido. Já Hader sempre foi o Ritchie para mim. Não há um cara mais engraçado do que ele, além disso ele é um ótimo ator dramático. McAvoy sempre foi um dos meus atores favoritos e ele também tem similaridades com Jaeden Martell que faz a versão mirim de Bill.
O mais legal é que todos aceitaram fazer o filme de primeira, um ponto muito difícil na hora de escalar um elenco, pois há atores que queremos muito, mas eles não gostam do filme, ou não tem como encaixar a produção em sua agenda; ou então, há atores que querem muito fazer o filme, mas eles não se encaixam no perfil que queremos. É uma dança horrível, mas este não foi o nosso caso, pois todos queriam fazer o filme. Os demais do elenco foram escolhidos pelas audições.
O filme tem bastante sequências assustadoras, mas se aprofunda nas emoções e na jornada dos personagens. Como foi o processo de trabalhar esses aspectos com o elenco?
Andy: Para mim é muito importante os valores emocionais dos personagens dentro da história. Tivemos muitas conversas com cada ator/atriz individualmente e em grupo durante os ensaios, além do dia da gravação. Ou seja, tivemos três etapas de processo. Eu faço o que for possível para fazer o elenco alcançar a essência de seus papéis, mas são eles que fazem toda a construção do personagem no dia D da gravação.
Barbara: A generosidade uns com os outros é um ponto muito importante para criar o laço no set de filmagens.
Andy: já no primeiro filme, as crianças criaram um laço instantaneamente e com muita espontaneidade. E esse laço, tanto do elenco infantil quanto o adulto, traz boas similaridades e força aos personagens. Claro que isso exigiu mais esforço dos adultos, enquanto para as crianças foi bem mais fácil.
Qual é a maior dificuldade de dirigir um filme com essência clássica da narrativa dos anos 80/90 e o cenário em que o terror passa por uma nova fase?
Andy: Eu não usei os anos 90 como referência para este filme, como foi usado na série original. Basicamente, transcrevi minhas emoções e experiências com a história para o formato filme. Acredito que It não tem laço com o cenário do novo terror de hoje. Na verdade, o filme mistura horror, humor, emoção, tudo, como era usado nos filmes dos anos 80.
Muitos têm um termômetro que mostra o que está dando certo e o que fará sucesso. Em filmes de terror, como você utiliza esse termômetro?
Andy: O screening é o melhor termômetro, pois vemos a reação do público, se eles estão rindo, estão concentrados em uma cena, assustados em outro momento do filme, se não estão entediados ou se distraindo. O mais legal é que a audiência demonstra o medo enquanto vê um filme de terror, diferente de um diretor ou produtor, que chega um momento em que ele acaba não sentindo mais nada.
Barbara: O mais incrível é que quando estamos assistindo um filme com o público, de repente vemos uma reação, um medo exaltado, coisas que não planejamos para acontecer em determinada cena, e acontece.