Cinco anos após Uma Aventura Lego, a animação retorna às telas com uma boa sequência sem surpreender tanto quanto o primeiro filme, no entanto, a trama diverte com uma jornada de conflitos, reviravoltas, novas amizades e aceitação.
Com direção Mike Mitchell, Uma Aventura Lego 2 (The Lego Movie 2) traz de volta os personagens adoráveis Emmett, Lucy, Batman e cia que, após restabelecerem a paz e a ordem na Legolândia, precisam enfrentar uma nova ameaça desconhecida: os Lego Duplo. Com uma aparência distorcida e sem pronunciar palavras não tão coerentes, as novas peças chegam ao tamanho gigante e, sem saber como explicar a sua presença, assustam a todos. Amedrontados – devido ao que passaram anteriormente – todos ficam com um pé atrás, mas Emmett tenta um diálogo pacífico, gerando uma reação estranha e um ataque interminável: cada vez que os cidadãos tentam reerguer os prédios, uma nova destruição acontece, levando à cidade a um apocalipse eterno.
Os anos passam e todos amadurecem e tornam-se mais sombrios, menos Emmett, que ainda consegue ver o lado bom das coisas em um cenário abandonado e triste. Na tentativa de dar uma vida mais colorida a uma pequena parte da cidade, eles chamam a atenção da general Mayhem, que chega ao território para levar os líderes a outro planeta. Seu objetivo é reuni-los com a rainha Tuduki para a realização de uma grande cerimônia. No entanto, a partir de um sonho, Emmett teme que essa viagem seja algo pior: o Armageddon e o fim da era Lego.
Se o primeiro filme apresentou a cidade, os legos e o primeiro obstáculo, nesta continuação vemos personagens mais maduros e endurecidos, justamente por perder o lar que protegeram por anos. Tudo isso acontece devido ao elemento externo que comanda a sociedade dos legos: Finn e, agora, a chegada de sua irmã mais nova, Bianca. O roteiro desenha muito bem a maneira como os irmãos brincam, discutem e brigam e como esses fatores atingem os brinquedos. Uma simples ação ou movimento é capaz de destruir tudo ao redor quando, na verdade, é apenas uma tentativa de Bianca ficar mais próxima do irmão.
Ao mesmo tempo em que o filme dá essa realidade panorâmica e estremecida ao espectador, também mergulha no mundo dos brinquedos para nos dar a visão do que está acontecendo com as peças que vivem da forma mais branda e/ou radical possível. Assim que um novo ataque acontece, os líderes são sequestrados pela general, que os transportam para outro planeta a fim de prepará-los para uma grande e misteriosa cerimônia.
Crítica: Se a Rua Beale Falasse
Ao transitar para um novo universo, o filme entrega sequências óbvias, como a rainha maquiavélica que tem um objetivo maligno; os sequestrados que fazem de tudo para fugir; o herói a caminho do resgate; um novo personagem que se torna elemento chave para a trama e, é claro, o clímax da história. A narrativa entrega esses pontos clichês justamente para fazer o público pensar no caminho mais previsível, enquanto o filme leva para um trajeto surpresa, entregando bons plot twists, personagens que vão surpreender e decepcionar, novos elementos externos do mundo real que afetam os legos, desdobramento de personalidades e um desfecho satisfatório.
Mais do que um boa história, Uma Aventura Lego 2 caminha pela auto aceitação, revelando as camadas dos personagens e fazendo cada um mostrar quem são de verdade. Sem dúvida, Emmett é o que mais se transforma, passando pela fase do pré-conceito por ser considerado imaturo. Várias vezes o personagem é julgado por sua alegria, otimismo e decisões mais pacíficas, uma vez que essas características podem torná-lo vulnerável. O mesmo acontece com Lucy, que sempre foi vista como forte e durona, mas a verdade é que há uma camada mais colorida e feliz por baixo da capa sombria que veste. Uma das lições que o filme traz é que nem sempre uma transformação forçada gera consequências positivas. Aceitar o próximo do jeito que é, talvez, gere respeito e efeitos mais positivos ao redor.
Outros personagens que surpreendem são a general Mayhem que traz bastante mistério, especialmente pela sua identidade; a rainha Tuduki, por não ter medo de mostrar suas várias facetas (uma vez que ela tem inúmeros formatos) e o seu objetivo; Rex Perigoso, que se junta à Emmett na missão e entrega um plot que surpreende e enriquece a trama; e o retorno de Batman com um lado mais vulnerável e sentimental.
A animação também resgata elementos que deram certo no primeiro filme, como o tom sarcástico e irônico nos diálogos, músicas que vão grudar na sua cabeça (Everything is Awesome!) e as tradicionais referências à cultura pop, com direito a participação da Liga da Justiça (agora com a versão do Aquaman do Jason Momoa), a divertida rixa entre Batman e Superman, piadas com Bruce Willis, Mary Poppins e Edward Cullen, da saga Crepúsculo, além da participação da DeLorean de De Volta Para o Futuro.
Considerações finais
O final empolga e traz um desfecho feliz e repleto de boas lições. Uma Aventura Lego 2 traz de volta os personagens carismáticos que conquistaram crianças, adolescentes e adultos no primeiro filme com uma desenvoltura madura e melhor, reviravoltas que surpreendem e referências clássicas e atuais da cultura pop para divertir ainda mais o público. É um filme que vai agradar todas as idades mais uma vez.
PS: A dublagem brasileira continua ótima, mas acredito que vale a pena ver também na versão original devido ao excelente elenco.
Ficha Técnica
Uma Aventura Lego 2
Direção: Mike Mitchell
Elenco de dublagem: Chris Pratt, Elizabeth Banks, Will Arnett, Tiffany Haddish, Stephanie Beatriz, Alison Brie, Nick Offerman, Charlie Day, Channing Tatum, Jonah Hill, Richard Ayode, Jason Momoa, Gal Gadot, Ben Schwartz, Noel Fielding, Ralph Fiennes, Jorma Taccone, Bruce Willis, Will Forte e Ike Barinholtz.
Elenco: Will Ferrell, Maya Rudolph, Jason Sand e Brooklynn Prince.
Duração: 1h47min
Nota: 7,9