Alguma vez você pensou que alguém pudesse fazer um filme sobre pega-pega? E ainda baseado em uma história que realmente aconteceu? Te Peguei! (TAG) é exatamente este filme, mas será que a nova comédia dirigida por Jeff Tomsic vai realmente pegar todo mundo?
Na trama, todos os anos, desde a primeira série, cinco amigos extremamente competitivos se envolvem, durante um mês, em um jogo insano de pega-pega em que vale-tudo – arriscando suas vidas, empregos e relacionamentos para derrotar uns aos outros com o grito de guerra ‘Te Peguei!’. Porém, este ano, o jogo coincide com o casamento do único jogador invicto, Jerry, o que deveria torná-lo um alvo fácil. Contudo, ele sabe que seus amigos estão vindo e, para isso, está bem preparado. Essa história mostra até que ponto algumas pessoas são capazes de chegar para vencer.
Não vou ser hipócrita e dizer que Te Peguei é um filme ruim, porque não é, porém, ele não fez muita diferença para mim. Mas não posso negar que a trama apresenta pontos fortes que faz o filme ser levado a sério, como uma narrativa progressiva e uma boa montagem em que acompanhamos a caça de gato e rato por quase duas horas. Ao longo de 30 anos, a brincadeira evolui e as jogadas ganham proporções cada vez maiores e perigosas e os amigos não hesitam em elaborar os movimentos e as estratégias do jeito mais insano possível, seja conseguindo um trabalho na empresa do amigo, atacando o outro no meio do shopping, no funeral, na hora do parto, entre outros. Não importa a situação: quando o mês de maio chega, o momento é o mais especial possível, deixando a competição cada vez mais acirrada.
O toque especial do jogo é que, neste novo ano, o grupo quer a todo custo pegar o invicto Jerry, o único que nunca foi pego, sempre desviando dos amigos da forma mais bem elaborada e louca, com direito a golpes de luta, pegadinhas, armadilhas e truques malucos. É aí que Te Peguei confirma o seu tom um pouco mais sério e violento (de forma comedida), pois o jogo ganha proporções gigantescas e arriscadas dentro de uma brincadeira aparentemente inocente. O filme pode ser definido como uma comédia, porém o riso é relativo. Há circunstâncias que irão provocar risadas no público, mas há momentos em que o espectador não irá manifestar nada. Eu faço parte do grupo daqueles que deram poucas risadas, pois senti que faltou empolgação ou algo que me fizesse conectar mais com a história, por mais que eu me esforçasse.
Há cenas em que as piadas são um pouco pesadas e até desnecessárias. Há uma cena na academia em que os personagens abusam de diálogos pejorativos sobre sexo. Acredito que se cortassem essa parte, não prejudicaria o filme em nada. Mas ela está ali apenas como uma “barriga” no roteiro, algo que poderia ter sido evitado.
Personagens
O que salva Te Peguei e faz a trama ganhar uma forma satisfatória são os personagens em que a maioria funciona, mas alguns ficam deslocados dentro da história.
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Ed Helms é o principal e entrega um Hogie enérgico, sagaz e sedento pelo jogo. Ele é quem reúne o grupo, chegando em cada de um jeito engraçado e surreal.
Achei que Jeremy Renner fosse fazer pequenas participações, mas ele é a cereja do bolo, o alvo de ouro e, o melhor, o psicopata da turma já que, ao longo dos anos, ele se aprimora e cria as ideias mais mirabolantes para escapar dos amigos, sem perder a postura.
Para mim, o destaque (e minha favorita) é Isla Fisher. Esposa de Hogie, Anna apoia fielmente o marido, mesmo sabendo que não pode jogar, uma vez que a regra não permite adicionar novos jogadores. Mas ela jamais perde o espírito competitivo extremamente selvagem, o que a faz ter as melhores falas e atitudes. Praticamente todas as suas cenas são boas. Para ser sincera, eu gostaria que eles tivessem adicionado ela no jogo, acredito que o desenvolvimento da trama teria tomado caminhos melhores.
Jon Hamm, Jake Johnson e Hannibal Buress entregam bons personagens cujas personalidades complementam o grupo: o autoconfiante ao extremo; o inseguro, derrotado e desastrado; e o analítico, que faz as melhores observações.
Infelizmente Annabelle Wallis e Rashida Jones não dão certo dentro do filme como se espera. Rebecca é a repórter que resolve acompanhar o jogo de perto, no entanto a personagem fica muito deslocada em vários momentos, às vezes se torna uma mera figurante. Pelo menos ela tem uma fala que é sensacional. Já Cheryl é apenas um gatilho para causar intriga entre dois personagens. O seu papel fica um pouco fora de contexto, quase que desnecessário de existir. Leslie Bibb entra no timing certo e a personagem Susan tem uma boa jogada que até chega a irritar o espectador.
Considerações finais
O final ganha um tom mais sentimental, com clima de amizade e união, além de cenas do grupo do pega-pega da vida real, o que achei legal.
Te Peguei é uma comédia em que o riso é relativo. Há piadas que funcionam e outras que poderiam ser retiradas do roteiro, pois não fariam a menor falta. A brincadeira inocente ganha um tom arriscado e até violento. O elenco tem química, mas alguns personagens ficam fora do contexto, o que faz o filme perder uma parte do trabalho. Vale a pena assistir? Depende. Aceita participar deste pega-pega?
Ficha Técnica
Te Peguei!
Direção: Jeff Tomsic
Elenco: Ed Helms, Jeremy Renner, Jon Hamm, Jake Johnson, Hannibal Buress, Isla Fisher, Annabelle Wallis, Leslie Bibb, Rashida Jones, Lil Rel Howery, Nora Dunn e Thomas Middleditch.
Duração: 1h41min
Nota: 6,5