Sicário: Dia Do Soldado é um filme que se esforça para conquistar o público, porém ao chegar aos créditos finais você não só percebe que não se importa com o filme como também questiona se este longa é realmente necessário. Dirigido por Stefano Sollima e roteirizado por Taylor Sheridan, após Sicario – Terra de Ninguém, Alejandro Gillick (Benicio Del Toro) e Matt Graver (Josh Brolin) trabalham juntos em uma missão secreta que envolve a filha de um chefão das drogas, Isabel (Isabela Moner). Alejandro acaba se vendo em uma encruzilhada moral e suas escolhas podem acabar desencadeando uma sangrenta guerra entre cartéis.
Sicário: Dia do Soldado apresenta uma trama que você tenta se importar, mas infelizmente não consegue. O roteiro não tem elementos fortes capazes de fazer uma conexão e identificação com o público. A história inicia um bom caminho, mas o seu desenvolvimento desanda e, quando tenta volta aos eixos, a atenção do espectador já está dispersa.
O filme inicia com cenas viscerais de ataques terroristas que impactam. Ao dar esse ponto de partida e apresentar os personagens principais, o longa faz você acreditar que vai colocar o Estado Islâmico como pauta a ser explorada, no entanto, a história aborda rapidamente sobre piratas somalis e engrena o público ao verdadeiro foco do filme: a guerra entre cartéis mexicanos e a migração e venda de pessoas na fronteira dos Estados Unidos e México.
Não dá pra negar que Sicário tem um primeiro ato interessante e boas cenas de ação regadas a sangue, mas ao entrar no arco sobre o cartel e a migração, o filme se estica demais, deixando o roteiro monótono. Há cenas aleatórias cuja conexão demora para acontecer, diminuindo o ritmo e o dinamismo capazes de prender a atenção. Chega um momento em que você não se importa com o que está acontecendo, muito menos pensa ‘eu quero saber o que vai acontecer. Eu preciso assistir até o fim’.
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Quando o filme entra no arco sobre a migração de pessoas, somos apresentados a Miguel Hernandez (Elijah Rodriguez), um garoto que trabalha com o primo na fronteira. Boa parte do seu plot é aleatório dentro do filme, pois até a ligação acontecer com o plot central da trama, o público fica se entender direito a razão desses personagens estarem ali.
Alejandro, Matt e Isabel formam um trio de personagens que funciona razoavelmente bem. Você não torce contra, mas também não se empolga. Dos três, o personagem de Benicio Del Toro é o que eu mais gosto, mas com ressalvas. Cria-se uma empatia por Alejandro ao vê-lo dividido entre o dever a ser cumprido e suas escolhas e princípios. A forma como ele tenta proteger Isabel é interessante, mas não conquista 100% pela ausência de um laço mais paternal entre os dois. Mesmo sendo o meu favorito, Del Toro tem uma reviravolta muito estranha que, particularmente, não gostei. O filme toma uma decisão e depois volta e entrega um desfecho diferente que fica aceitável, mas esquisito. Não quero falar para não dar spoiler. A empatia por Alejandro cresce e você compreende as motivações que o levam ao desejo de vingança, mas também em proteger a menina. Mas não dá pra negar que o desenvolvimento desse personagem tende a balançar várias vezes no filme.
Josh Brolin está mecânico no filme, apenas cumprindo um papel. A todo o momento você vê Matt fazendo o que tem que ser feito, mas somente nos instantes finais que você vê um lado mais humano do personagem, além de um pequeno plot twist. A química dele com Isabel é zero. Isabela Moner está bem e não traz nada de interessante no papel, ou algo que possa surpreender.
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Catherine Keener e Matthew Modine interpretam Cynthia Foards e James Riley, autoridades do governo que comandam a missão secreta ao lado de Matt. Os personagens apenas movem algumas peças para dar uma chacoalhada na trama, mas não fazem muito mais do que isso.
Considerações finais
Sicário: Dia Do Soldado tenta entregar uma história promissora, mas falha pela falta de energia, dinamismo, química e elementos fortes que atraiam a atenção do público até o fim. O roteiro é monótono e a conexão entre os arcos dentro da trama demoram para acontecer, fazendo você se importar cada vez menos com o que está assistindo. Infelizmente Sicário 2 não soube aproveitar uma história que poderia ser mais rica, densa e intensa.
Ficha Técnica
Sicário: Dia Do Soldado
Direção: Stefano Sollima
Elenco: Benicio Del Toro, Josh Brolin, Isabela Moner, Catherine Keener, Matthew Modine, Elijah Rodriguez, Jeffrey Donovan, Manuel Garcia-Rulfo, Shea Whigham, David Castaneda, Jake Picking, Bruno Bichir e Christopher Heyerdahl.
Duração: 2h02min
Nota: 5,0