Rua do Medo Parte 2: 1978 (Fear Street) chega na Netflix trazendo a sequência da primeira parte que se passa em 1994, em que o público é levado a um passado ainda mais sombrio e sanguinário de Shadyside em que novas revelações são feitas sobre a maldição e, finalmente, a possibilidade de acabar com o mal enraizado pela bruxa Sarah Fier. Se você curtiu o primeiro longa, acredito que irá gostar deste também.
******CONTÊM SPOILERS******
Com direção de Leigh Janiak, Rua do Medo Parte 2:1978 dá continuidade aos eventos finais do primeiro longa, em que Deena e Josh procuram pela sobrevivente do último ataque em Shadyside a fim de resgatar Sam da maldição de Sarah Fier, uma vez que seu nome foi marcado na pedra pela bruxa, tornando a garota a mais nova assassina da região e vítima do mal.
Com isso, o espectador conhece C. Berman (Gillian Jacobs), conhecida por Ziggy, a sobrevivente do terrível massacre no acampamento Nightwing ocorrido em 1978, em que ela vê os amigos, as crianças e a própria irmã morrerem de forma horrenda. A partir daqui, tanto os personagens quanto o público mergulham na história, viajando ao passado para tomar conhecimento sobre o que ocorreu no local, a razão para a maldição ter despertado e, finalmente, a solução para eliminar a imagem de Sarah Fier de uma vez por todas.

Assim como tivemos personagens carismáticos no primeiro filme, Rua do Medo Parte 2: 1978 também entrega personagens bons, relevantes e inteligentes para enfrentar tal situação crítica, sem deixar de lado alguns estereótipos tradicionais de filmes de terror dos anos 80, como adolescentes rebeldes e maldosos, crianças inocentes, cenas de sexo e a ‘final girl’ pronta para ‘salvar o dia’ e eliminar o mal. A rivalidade de Shadyside e Sunnyvale é nutrida desde essa época, como revelam as brigas e disputas dentro do acampamento, em que os moradores da cidade do bem-estar não suporta a cidade vizinha e caçoa pelo fato de ser amaldiçoada, como vemos durante a briga entre Ziggy e Sheila (Chiara Aurelia).
Crítica: Rua do Medo Parte 1: 1994
O filme também estabelece a relação das irmãs Berman, em que Ziggy (Sadie Sink) é a rebelde enquanto Cindy (Emily Rudd) tenta ser a garota certinha para camuflar todos os problemas familiares, o que deixa a irmã frustrada diante de sua falsa postura.
Por ser apenas uma lenda e motivo de humilhação para Shadyside, a maldição de Sarah Fier começa a ganhar mais detalhes a respeito do que vimos no primeiro filme, quando a mãe de Ruby Lane, a enfermeira Mary Lane (Jordana Spiro), entra em cena revelando sua investigação sobre a maldição e o que a bruxa é capaz de fazer, tudo isso para provar o que levou a sua filha a matar os amigos, transformando sua imagem em uma das crias da bruxa, como foi visto no primeiro longa. A partir daqui a enfermeira tenta eliminar a nova vítima que, no caso, é Tommy (McCabe Slye), namorado de Cindy, o próximo a se tornar o mais novo assassino da cidade.
Assim como o elenco anterior, Rua do Medo Parte 2: 1978 também apresenta bons personagens com destaque para as irmãs Ziggy e Cindy, Alice, Tommy e Nick Goode, o que faz o espectador compreender para quem o policial havia enviado uma mensagem por debaixo da porta (para Ziggy), o que prova que Nick realmente sabia sobre a maldição, mas temia em ter a credibilidade e a autoridade rebaixada por conta de uma lenda em que poucos acreditam.

Mesmo tendo que lidar com o desconhecido e descobrir as pistas e a origem sobre a bruxa e a maldição, os personagens mostram coragem e ousadia, mesmo que o medo fale mais alto, além de ir contra certos pensamentos, o que faz as camadas de cada um se tornarem vulneráveis e visíveis, como é o caso de Cindy e Alice (Ryan Simpkins), amigas de infância que se afastaram por conta de uma briga, revelando o histórico de cada uma e a razão para elas terem mudado nos últimos anos. Mesmo completamente opostas, a dupla se reconecta e entrega boas cenas de suspense e tensão em que o público teme e torce por elas o tempo todo.
Enquanto a dupla desvenda o que há por trás da origem da maldição, revelando detalhes intrigantes sobre a bruxa – que ganhará forma completa no terceiro filme – e tenta impedir que mais pessoas se tornem assassinos, em paralelo o público acompanha o massacre que vai acontecendo sequencialmente no acampamento quando Tommy está completamente possuído, matando cada um de forma brutal.
Se o primeiro filme entrega boas cenas sangrentas, Rua do Medo Parte 2: 1978 impressiona com mortes ainda mais violentas e sanguinárias, reforçando o gênero terror slasher, seus clichês e homenageando o apogeu das produções de terror da década de 80 como Halloween, Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo.
Em meio ao caos sangrento, o filme também cria um ótimo vínculo entre Ziggy e Nick (Ted Sutherland) que ajudam a desvendar em como derrotar de vez a bruxa, fazendo o público torcer por mais uma dupla. Mas será que eles conseguem?
Final explicado

O 3º ato do filme ganha uma atmosfera de tensão ainda maior quando Alice e Cindy interpretam o diário de Sarah Fier e descobrem que para a maldição acabar é necessário reunir corpo e mão decepada da bruxa, que deu início ao mal a partir deste sacrifício. No local onde todo o ritual aconteceu, Alice encontra a mão de Sarah Fier, além do mal que vive lá (em forma de gosma), o que faz a personagem ter a mesma visão que Sam teve no filme anterior, com relação ao passado da bruxa e suas vítimas.
Assim, Alice, Ziggy e Cindy decidem procurar o possível local onde está o corpo, o que faz a fúria da bruxa despertar e dar vida às suas crias. Inclusive, a figura do homem encapuzado e com o machado que vemos no primeiro filme, na verdade, é o Tommy, o que faz o público entender melhor a origem desses monstros que perseguem e matam as vítimas sob o comando da bruxa.
Infelizmente Alice não sobrevive, restando apenas as irmãs Berman que, para o desespero de ambas, elas não encontram o corpo e ficam encurraladas quando os assassinos aparecem. Para salvar a irmã, Cindy enfrenta e morre pelas mãos do próprio namorado, enquanto Ziggy também é golpeada, mas é ressuscitada por Nick, assim como Deena faz com Sam ao final do primeiro filme.
Crítica: Uma Lugar Silencioso – Parte 2
Retornando aos dias atuais, Deena descobre onde está a mão e a reúne com o corpo da bruxa, que faz a garota ter uma visão reveladora. Deena se enxerga na própria Sarah Fier em 1666, dando a entender que ela é a reencarnação da bruxa, o que faz o filme deixar um grande gancho para Rua do Medo Parte 3: 1666, em que finalmente vamos descobrir o que levou Sarah a iniciar a maldição e ser enforcada em praça pública, despertando a ira e vingança sobre os demais moradores de Shadyside.
Rua do Medo Parte 2: 1978 entrega uma sequência boa, mais intrigante e com boa carga de suspense que ganha cenas bem mais brutais e sangrentas que impressionam. Os personagens principais não ficam a desejar e fazem o público torcer por eles até o último minuto.
Ficha Técnica
Rua do Medo Parte 2: 1978
Direção: Leigh Janiak
Elenco: Sadie Sink, Emily Rudd, Ryan Simpkins, McCabe Slye, Ted Sutherland, Jordana Spiro, Gillian Jacobs, Kiana Madeira, Benjamin Flores Jr, Ashley Zuckerman, Olivia Scott Welch, Chiara Aurella, Michael Provost, Brandon Spink, Drew Scheid e Jordyn DiNatale.
Duração: 1h50min
Nota: 8,0