Alita: Anjo de Combate (Alita: Battle Angel) se aventura em um mundo futurista e cyberpunk e acerta ao apresentar uma personagem forte e muito carismática, em meio a excelentes efeitos especiais e imersão tecnológica de ponta. É um filme que chama mais a atenção pelo visual e pelas ótimas sequências de luta do que a trama em si.
Baseado na versão literária da personagem criada pelo japonês Yukito Kishiro, a história apresenta Alita (Rosa Salazar), uma garota que desperta sem memória e identidade em um mundo que ela não reconhece. Ela é encontrada no lixão pelo Dr. Dyson Ido (Christoph Waltz), um cybercirurgião que utiliza de suas habilidades para dar um novo corpo para a ciborgue. Ele descobre que o coração e o cérebro da garota estão intactos, dando a esperança de poder relembrar o passado e quem ela realmente é. Enquanto Alita aprende sobre sua nova vida e as ruas traiçoeiras da cidade, Ido tenta protegê-la enquanto Hugo oferece ajuda para recuperar suas memórias. Mas quando forças mortais e corruptas – que controlam a cidade – vêm atrás de Alita, ela descobre, aos poucos, quem ela é e a especialidade única de técnicas de combate, um fator que irá ajudá-la a enfrentar o verdadeiro inimigo e a salvar família, amigos e o mundo.
Com direção de Robert Rodriguez e a excelente produção de James Cameron, um dos pontos fortes de Alita: Anjo de Combate é a deslumbrante criação do cenário distópico e cyberpunk que garante uma boa contextualização da jornada da heroína. A história se passa, aproximadamente, em 2500, em um ambiente futurista dividido. No céu encontramos Zalem, uma cidade flutuante, enorme e bonita, mas que só recebe cidadãos dignos de pisarem lá. Embaixo está a Cidade de Ferro, uma grande sucata velha, feia e abandonada que se torna a “lata de lixo” de Zalem, que elimina descartáveis que colaboram para a sobrevivência dos habitantes.
Até onde a maioria tem conhecimento, 300 anos atrás houve uma guerra (A Queda) que dizimou 11 das 12 cidades originais, restando apenas Zalem, enquanto A Cidade de Ferro foi criada para os desafortunados. A descrição das duas cidades, o que ocorre entre as ruas e, especialmente, quem são as pessoas que habitam ajudam o público a entender melhor a razão de o cenário ser dessa forma, além de contribuir para o conhecimento da protagonista (dela ser uma ciborgue) e como e por que as pessoas têm atitudes dignas e/ou traiçoeiras. Mais do que contextualizar, a ambientação ganha efeitos especiais sensacionais que vão atrair a atenção e imergir o espectador na trama. Por isso, a dica é assistir este filme no cinema, de preferência em uma sala IMAX com o objetivo de aproveitar o máximo possível o apelo visual e sonoro.
Outro ponto interessante da história é a introdução do Motorball, um jogo que garante um ticket para o paraíso de Zalem. Com o objetivo de colocar a bola de metal no buraco destinado, a brincadeira exige ataque, defesa, velocidade, agilidade, foco e agressividade, o que rende cenas violentas e desperta a verdadeira personalidade e intenção de cada um, seja para o bem ou para o mal, levando a plot twists bem interessantes no filme.
Ciborgue carismática e badass
Interpretada por Rosa Salazar, Alita tinha tudo para ser uma personagem endurecida, sem muitas expressões e emoções e, até mesmo, um pouco irritante. Mas devo dizer que, quem for assistir, vai se enganar facilmente, pois a garota é a primeira ciborgue que poderia muito bem mergulhar em um mundo sombrio para lutar contra conflitos internos e vilões, mas se afasta completamente desse tipo de personalidade e entrega uma garota esperta, inteligente, ágil, inocente, corajosa, extremamente simpática e, nas horas infalíveis, desperta o seu lado badass que impressiona qualquer um.
Mesmo relembrando aos poucos sobre o seu passado, a protagonista sabe usar suas habilidades (ainda que não tenha conhecimento total, mas seu subconsciente tem) e se arrisca em momentos bem perigosos, como as lutas contra o gigante ciborgue Grewishka e o caçador Zapan. Impetuosa e adorável, o público se sente cativado pela personagem logo na primeira cena.
A história é boa?
Se por um lado o filme se engrandece pela fantástica criação do cenário cyberpunk mergulhado em ótimos efeitos especiais, por outro lado, a história é simples e boa até derrapar em alguns momentos, deixando a trama um pouco enfraquecida e o público receoso com relação ao desfecho.
Sessão Pipoca: Uma Nova Chance
A relação entre Alita e Hugo (Keean Johnson) é consistente até determinado plot twist, pois assim que o espectador se dá conta da reviravolta protagonizada pelo rapaz, este deixa Alita vulnerável, sendo movida por sentimentos cegos que não condiz com a inteligência e força da ciborgue. Em um dado momento, Hugo torna-se a “kryptonita” de Alita, causando certa antipatia com o personagem. Devido às circunstâncias e os efeitos colaterais de suas atitudes, Hugo ganha um desfecho até que justo.
Outros personagens
Os personagens coadjuvantes são bons e relevantes, especialmente a de Christoph Waltz, que está bem confortável no papel. Dr. Dyson Ido cria um laço paternal com Alita que faz com que o espectador torça para que essa relação não sofra nenhum abalo.
Jennifer Connelly e Mahershala Ali estão bem, mas acredito que os seus personagens poderiam ter sido melhores aproveitados, uma vez que Chiren possui uma conexão forte com Ido e nutre o desejo de ir para Zalem, deixando-a dividida entre o bem e o mal. Já Vector tinha tudo para ser um antagonista que causasse medo, mas no final, ele se torna mais um personagem manipulado por outro, do que, de fato, um vilão para temer.
Considerações finais
O filme ganha um final que foge do óbvio e previsível e ainda abre a possibilidade da história ganhar uma futura sequência. Alita: Anjo de Combate tem uma trama simples, boa e com alguns tropeços, no entanto, seu ponto forte são os deslumbrantes apelos visuais e sonoros e uma protagonista carismática e badass.
Não é sempre que falo isso, mas este é um filme que merece ser aproveitado em uma grande tela do cinema, de preferência IMAX.
Ficha Técnica
Alita: Anjo de Combate
Direção: Robert Rodriguez
Produção: James Cameron
Elenco: Rosa Salazar, Christoph Waltz, Jennifer Connelly, Mahershala Ali, Keean Johnson, Ed Skrein, Jack Earle Haley, Lana Condor, Jorge Lendeborg Jr, Eiza Gonzalez, Michelle Rodriguez, Casper Van Dien, Derek Mears, Elle LaMont, Jorge A. Jimenez e Marko Zaror.
Duração: 2h02min
Nota: 7,9