Crítica: A Caminho de Casa

A Caminho de Casa (A Dog’s Way Home) é mais um daqueles filmes de cachorro que não traz tantas surpresas, afinal em algum momento já vimos uma história semelhante, porém é impossível não se emocionar com a história de Bella, sua jornada de reencontro ao seu dono em que lições que os animais se destacam mais do que o homem.

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Na trama, conhecemos Bella, uma cachorrinha que vive com a mãe Pitbull e uma família de gatos sob os escombros de casas que estão prestes a serem demolidas. Quando Lucas e Olivia os encontram, Bella enxerga no rapaz uma bondade imensa a ser desfrutada entre cachorro e dono. Amor à primeira lambida, Bella passa a viver com o estudante de medicina veterinária, que trabalha em um hospital local, e sua mãe, ex-combatente que passa por uma depressão pós-exército. Com uma rotina divertida e cheia de amor, a família passa a se preocupar com um pequeno detalhe: o estado não permite que se tenha Pitbull e, caso isso venha acontecer, há o risco de ter o animal sacrificado. Devido à grande pressão do Controle de Animais, Lucas decide levar Bella para uma fazenda a fim de protegê-la de qualquer mal. Mas como sua lealdade, coragem e amor falam mais alto, a cachorra decide iniciar uma jornada de volta para casa, emocionando a todos que cruzam seu caminho.

Por mais batida que seja a história, o roteiro entrega uma narrativa linear, simples e bem desenvolvida que explora tanto os sentimentos dos personagens quanto do próprio espectador, afinal, como não sentir empatia por animais que ensinam os fundamentos do amor da forma mais singela? Com Bryce Dallas Howard dando voz à Bella, a cachorrinha entrega carisma, audácia e esperteza em todas as suas ações, mais do que isso, ela demonstra o verdadeiro amor à Lucas e a inocência e pureza da relação entre homem e animal. Há cenas divertidas em que o rapaz brinca com ela no parque, cria o momento do ‘queijo’, tornando-se seu petisco preferido, a brincadeira chata de ‘ir ao trabalho’, a manta com o cheirinho do seu dono, entre outros pontos que fortalecem essa relação.

Assim que a interferência humana abala essa relação, o filme apresenta gatilhos que fazem Bella provar sua lealdade ao dono, sem se importar quanto tempo passe até se reencontrarem novamente. A Caminho de Casa destaca o peso da atitude do homem que pode acarretar uma série de consequências negativas como, por exemplo, o vizinho denunciar a família por ter um cachorro cuja raça é proibida; o funcionário do controle de animais que analisa a situação friamente e abusa da autoridade para atacar; a crueldade do homem ao fazer da caça animal um esporte prazeroso; o desprezo do dono pelo seu fiel animal de estimação, entre outros pontos. Tais sequências revelam que, às vezes, há uma inversão de papeis, tornando a figura humana selvagem, enquanto os animais afloram a sua humanidade.

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Na jornada de volta para casa, Bella ensina a aprende as lições mais simples, divertidas e bonitas. A sobrevivência entre floresta e estradas faz a cachorra conquistar novas amizades, aprender a “caçar comida” e fortalecer ainda mais o seu bom instinto de ser um animal confiável e conquistador. A relação com sua mãe gata (que lhe adota no começo do filme) ajuda Bella a conviver com a “Gatona”, trazendo uma relação diferente, pura e verdadeira de amizade e proteção. São cenas até inesperadas, mas memoráveis e sentimentais no filme. Nesta aventura, Bella ganha outros donos, seja um casal de esquiadores que a resgatam, ou um morador de rua cuja solidão faz a cachorra sentir empatia em meio ao egoísmo do homem. Além disso, há o carinho e a força que ela consegue dar para aqueles que passaram por algum trauma forte, como é o caso da mãe de Lucas.

Entre caminhadas, perigos e amizades, o desfecho torna-se o mais previsível possível – mesmo que o público acredite que o pior possa acontecer – no entanto, não deixa de ser um final feliz que, no fundo, os espectadores torcem desde o começo.

Considerações finais

A Caminho de Casa é um filme de cachorro clichê, mas que traz as lições mais bonitas e verdadeiras sobre a relação do homem e cachorro, a humanidade dos animais e a frieza e crueldade do homem. É um forte candidato a se tornar o típico filme da Sessão da Tarde para alegrar nossas tardes de preguiça.

Ficha Técnica

A Caminho de Casa

Direção: Charles Martin Smith

Elenco: Bryce Dallas Howard, Ashley Judd, Jonah Hauer-King, Alexandra Shipp, Edward James Olmos, Chris Bauer, Barry Watson, Tammy Gillis, John Cassini, Spencer Drever e Wes Studi.

Duração: 1h36mim

Nota: 7,0