As Golpistas (Hustlers) é insinuante, sexy e poderoso, um filme que caminha pelos trilhos do drama e da comédia em que o golpe, poder, sustento e a união são os pilares dos momentos girl power deste longa.
Dirigido e roteirizado por Lorene Scafaria e inspirado no artigo ‘The Hustlers at Scores’, de Jessica Pressler, publicado no New York Magazine, As Golpistas retrata a história real de um grupo de strippers que arquitetaram um grande plano para aplicar golpes em seus clientes, mais precisamente, nos executivos e investidores do Wall Street.

O roteiro apresenta uma narrativa em que se divide entre passado e presente. Nos dias atuais vemos Destiny (Constance Wu) dando uma entrevista à jornalista Elizabeth (Julia Stiles), em que o público vai acompanhar, por meio da sua narração, como tudo aconteceu desde os tempos em que trabalhava em boates até o grande golpe. Assim que nos deparamos com este tipo de narrativa, o espectador capta o tom e compreende que a história, em algum momento, terá um grande ápice, uma vez que a atmosfera de suspense é criada aos poucos, quando cada fato é jogado na mesa um atrás do outro.
Crítica: Uma Segunda Chance Para Amar
Assim, o filme migra ao passado, em meados dos anos 2000, uma época considerada o auge para os Estados Unidos em termos de economia e dinheiro no bolso dos cidadãos. Aqui damos início à trama de Destiny, que para cuidar da avó e sustentar a casa, ela trabalha em boates como stripper e/ou acompanhante a fim de garantir o seu dinheiro da noite que, muitas vezes, acabam sobrando poucas notas na carteira. Em um dia qualquer de trabalho, ela se depara com a performance estonteante, sexy, explícita e maravilhosa de Ramona (Jennifer Lopez), considerada uma das melhores strippers e a que mais chama a atenção dos clientes, uma vez que a chuva de dinheiro cobre o palco. Mesmo imediata, o público compra a amizade e já inicia a torcida para que as coisas comecem a dar certo para esta dupla que, dia e noite, usa da dança e da sedução para se sustentar.

As atrizes Constance Wu e Jennifer Lopez são os pilares que sustentam As Golpistas do início ao fim, dividindo entre elas a carga dramática, glamourizada e cômica de suas vidas. Enquanto vemos o glamour e a exuberância de Ramona, junto a sua vida rotineira como mãe, dona de casa e, em alguns momentos, trabalhadora em outras áreas (fora do universo de strippers) para nunca faltar nada à sua filha, Destiny ganha mais espaço dramático em que vemos sua evolução na carreira de stripper junto com a amizade de Ramona – que lhe dá dicas, aulas e apoio na profissão – a distância deste universo quando ela decide iniciar uma família, a dificuldade quando as coisas se complicam, o que a obriga a retornar à antiga profissão.
A partir daqui os problemas iniciam, uma vez que a economia do país entra em grande crise, levando os clientes para bem longe de seus hobbies. É com esta nova situação que Ramona e Destiny arquitetam o plano de dopar os clientes da vez a fim de fazê-los gastar ao máximo em seus cartões de crédito, somente retomando a consciência no dia seguinte, quando a conta já está mais do que estourada.

O plano não só dá certo, como rende para o grupo e dura por muito tempo, no entanto, o que faz As Golpistas ser ótimo é que o filme não está aqui para julgar os personagens, nem seus atos e, sim, apenas contar o que realmente aconteceu, cabendo a cada um tirar suas próprias conclusões sem fortes influências. Acredite: haverá momentos em que o público dará completa razão às mulheres, enquanto em outros momentos surgirão dúvidas e inseguranças sobre tais atitudes, e isso é completamente normal, além de uma boa jogada do roteiro ao fazer o espectador refletir.
Entre idas e vindas, altos e baixos, vemos momentos de alegria, união e amizade, misturados a desentendimentos, discussões, tristeza, desespero e, é claro, ao ultimato que chega para todas devido ao plano. Há boas cenas de tensão, quando o plano vai por água abaixo, levando as garotas ao improviso para que o cliente não descubra absolutamente nada.

Claro que no meio de todo esse drama, As Golpistas entrega cenas hilárias não só com as protagonistas, como também com as personagens coadjuvantes que complementam formidavelmente a trama, seja a doce Annabelle (Lili Reinhart), que sempre passa mal em momentos de risco; a desesperada e divertida Mercedes (Keke Palmer), a extravagante Liz (Lizzo), a ousada Diamond (Cardi B) que não tem papas na língua e a misteriosa Dawn (Medeline Brewer), que faz todas ficarem com o pé atrás com suas ações.
Infelizmente a personagem de Julia Stiles apenas ajuda na narração ao lado de Constance Wu, fazendo o público almejar mais de Elizabeth. É possível acreditar que ela seja mais do que uma jornalista, afinal, suas intenções em querer saber os detalhes sobre a vida das strippers chegam a ser suspeitas, mas fica apenas nisso. Uma pena.
Considerações finais
Independente de conhecer a história real ou não, o final é atrativo e bom, mostrando o destino feliz ou não de cada uma das integrantes do grupo e o principal, se esta amizade prevaleceu ou não. As Golpistas traz uma história real que mistura drama e comédia em uma atmosfera de glamour, charme e sedução protagonizados por duas atrizes que carregam bem o filme e recebem a ajuda de coadjuvantes que não ficam a desejar. Se vale a pena assistir? Com certeza.
PS: A cena da Jennifer Lopez dançando é simplesmente hipnotizante!
PS 2: Tem uma participação especial sensacional!
Ficha Técnica
As Golpistas
Direção: Lorene Scafaria
Elenco: Jennifer Lopez, Constance Wu, Julia Stiles, Lili Reinhart, Keke Palmer, Madeleine Brewer, Lizzo, Cardi B, Mette Towley, Wai Ching Ho, Emma Batiz e Frank Whaley.
Duração: 1h50min
Nota: 8,9