Se você estava sentindo falta de uma boa série médica raiz, esta necessidade já pode ser suprida com a estreia de The Pitt, o novo drama médico da Max que oferece uma abordagem diferente na narrativa, além de ser estrelada e produzida por veteranos de uma das maiores e clássicas produções médicas da história da televisão. As primeiras impressões são positivas e a série tem tudo para ficar cada vez melhor ao longo da temporada. Vale a pena acompanhar e vou te dizer o porquê.
The Pitt é criada por R. Scott Gemmill, que também atua como produtor executivo ao lado de John Wells e Noah Wyle. A trama acompanha a rotina de médicos, enfermeiros e pacientes durante um plantão médico em um hospital moderno em Pittsburgh.
E o grande diferencial de The Pitt está em sua estrutura narrativa, pois a história se passa em um único turno no pronto-socorro. Ou seja, ao todo serão 15 episódios e cada um equivale a uma hora do turno, resultando em um plantão de 15 horas nesta 1ª temporada. Atualmente três episódios já estão disponíveis e, logo mais, o 4º episódio vai ao ar.
A proposta da série é sua exibição semanal, que funciona satisfatoriamente bem, prendendo a atenção do público, o que tornou a produção uma das mais assistidas na Max. Além disso, por ser semanal, há sempre uma prévia inicial para recapitular o que foi visto anteriormente, para assim, refrescar a memória do público. Mas por conta da narrativa em blocos em um tempo específico e fechado (o turno), The Pitt também funcionaria se todos os episódios fossem disponíveis de uma vez só, pois o espectador fica assíduo para saber como as situações vão fluir naquele plantão.

Sendo assim, cada episódio de The Pitt apresenta, pouco a pouco, os casos médicos que chegam no hospital, o andamento de cada um, além daqueles que já se encontram no local e o espectador está pronto para conhecer. Enquanto estes casos são discorridos na trama, o público passa a conhecer os personagens em sua ambientação profissional, sem deixar de lado de pontuar suas vidas pessoais na medida certa, despertando uma curiosidade crescente.
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Diferente dos demais dramas médicos, por se tratar de um único turno, há situações cujo desfecho não acontece no mesmo episódio, o que dá um bom gancho para querermos assistir ao próximo episódio.
Entre os casos médicos, temos o da mulher de Nepal que não fala inglês, o que dificulta no atendimento rápido inicialmente; o caso do idoso que não deseja viver por conta de aparelhos, mas os filhos não aceitam a partida do pai; o caso da mãe que inventa uma doença para que os médicos ajudem seu filho, cujo comportamento é suspeito, uma vez que foi encontrado um lista de nomes que o jovem desejar machucar na escola; o caso dos pais que não aceitam a condição do filho, que foi encontrado desacordado em casa; a situação de uma criança que ingeriu um doce suspeito, e a mãe (super controladora) acusa o pai pelo ocorrido.

Além desses, há outros que acabam marcando os próprios médicos e criam situações tanto cômicas quanto dramáticas, como de um homem que chega com dores abdominais e o quadro se agrava; o morador de rua que leva ratos para dentro do hospital acidentalmente; o caso da menina com o quadro de toxicidade, que está conectado com o caso do rapaz encontrado desacordado; a recepção lotada de pacientes e o que pode eclodir a partir dali, entre outras coisas.
À medida que o espectador acompanha cada atendimento, diagnóstico, tratamento e possíveis cirurgias de emergência, The Pitt faz o levantamento da situação financeira e a falta de estrutura do hospital, como a falta de leitos na UTI, pronto-socorro lotado e a falta de profissionais da saúde para atender a alta demanda (isso porque é um hospital-escola), tornando, às vezes, o cenário caótico e claustrofóbico. Não é à toa que o protagonista chama o hospital de ‘the pitt’, ou seja, um buraco.
E isso cria uma bola de neve em que os médicos precisam tomar decisões rápidas ao escolher o caso mais grave, fazer um atendimento preciso e ligeiro a fim de atender um número maior de vidas naquele momento, o que os coloca em posições de profissionais frios. Claro, há sempre um ou outro que coloca a ambição e o poder acima, mas a verdade é que toda vida importa para eles.
Médicos e enfermeiros

The Pitt se passa no plantão diurno, iniciando às 6h da manhã. Conforme os casos médicos vão se desenvolvendo, o espectador conhece os médicos e suas personalidades, caráter e nuances, tanto nos diálogos quanto nas atitudes, seja com pacientes ou colegas de trabalho.
Noah Wyle está em solo conhecido, uma vez que estrelou a série médica E.R. De volta ao universo médico, o ator dá vida ao Dr. Michael Robinavitch, mais conhecido como Dr. Robby. Ele é o chefe de atendimento e do departamento de emergência do hospital. O seu protagonismo é o fio condutor da história, que conecta espectador tanto aos casos médicos quanto aos demais personagens. Ainda não há mais detalhes, mas já temos os primeiros indícios de que Dr. Robby ainda sofre com uma grande perda de um dos médicos do hospital, que faleceu na época da pandemia do Covid-19, um luto que ainda perdura e ele resiste a lidar e tratar, o que acaba refletindo no seu lado profissional e à percepção alheia.
Você já gosta do protagonista desde o 1º episódio, pela forma como ele ensina os residentes, conduz a orquestra médica em um cenário caótico e lida com solidez e centralidade cada caso médico, mesmo que algumas situações aflorem os sentimentos. Ele também é quem bate de frente quando o assunto é a estrutura escassa do hospital e problemas financeiros, especialmente com a chefe do hospital, que joga os problemas em suas costas.
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Enquanto somos guiados pelo protagonista, The Pitt vai apresentando pouco a pouco cada personagem. Temos a Dra. Collins (Tracy Ifeachor) que é excelente no que faz e guarda sua gravidez como um segredo que será descoberto muito em breve. Há certo clima entre ela e o Dr. Robby, indicando que eles já tiveram algum relacionamento, mas nada foi confirmado. Além disso, levanto a teoria de que Robby possa se o pai do bebê que ela está esperando. Será?

O Dr. Langdon (Patrick Ball) é o residente sênior ágil, esperto e braço direito de Robby. O espectador gosta dele imediatamente. Pelos diálogos, já se descobre que ele é casado e tem um filho e, agora, deseja dar ao filho pet de estimação, mas não sabe se é uma boa ideia tanto para ele, quanto para a esposa que pode ficar com a responsabilidade maior. Acredito que teremos mais informações deste personagem em breve.
Do grupo de residentes mais novos, temos a Dra. Mohan (Supriya Ganesh), conhecida por se devagar no atendimento. A verdade é que ela se importa com cada um de seus pacientes e cria uma conexão mais forte com eles, o que a faz ficar dedicar mais da sua atenção a eles. Mas isso não significa que ela é uma médica ruim, pelo contrário, ela é uma residente promissora na qual Robby vê um futuro brilhante para ela.
A Dra. McKay (Fiona Dourif) é a médica da triagem, que não esconde suas boas habilidades, carisma e gentileza em cada atendimento. Ela abraça os novos residentes e faz questão de colocá-los em ação instantaneamente. O mistério ronda pelo fato dela usar uma tornozeleira eletrônica, o que aumenta a curiosidade sobre seu passado que, em breve, saberemos mais a respeito. Até agora, as informações que temos é que ela é mãe solteira.

A Dra. Javandi (Shabana Azzez) é a nova residente do hospital e está em seu primeiro dia de atuação no pronto-socorro. Ela é inteligente, astuta e proativa, mas por ser novata, há situações que ainda mexem bastante com ela (ela desmaia durante um procedimento). Mas o que ela realmente quer é fazer o seu próprio nome e se tornar uma grande médica, independentemente de ser filha da diretora do hospital.
O Dr. Whitaker (Gerrar Howell) é estudante do 4º ano de medicina e também inicia no hospital neste plantão médico que assistimos em The Pitt. Vindo do interior, ele sonha alto e se dedica fortemente à carreira de médico, mas contratempos chacoalham o personagem, que passa duvidar de sua capacidade. Por exemplo, ele é o primeiro médico residente a perder um paciente. A primeira morte no currículo mexe com o seu psicológico, o que o deixa com o peso da culpa e o medo de fazer o próximo atendimento.
A Dra. King (Taylor Dearden) também é residente, mas já carrega boas experiências anteriores com a medicina. Inteligente e grande entusiasta da área médica, a personagem é bem empolgada, ao mesmo tempo que mostra uma carência pela aprovação de outros profissionais e, possivelmente, de amigos. Mas como a simpatia exala, não tem como não gostar dela.

Já a Dra. Santos (Isa Briones) é um residente bem ambiciosa e com pouco filtro na hora de falar. Por conta dos diálogos jocosos, brincadeirinhas fora de hora em que coloca apelidos indesejados nos outros, ela se torna uma personagem pouco querida em The Pitt. Além disso, ela demonstra aquela frieza cômica com os pacientes, se importando mais em dar o diagnóstico primeiro e realizar procedimentos difíceis, do que de fato analisar se sua atuação é realmente eficaz ao paciente. Até este momento esta é a personagem que menos gosto da série.
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Por fim, temos a enfermeira Dana Evans (Katherine LaNasa), chefe de enfermagem do hospital e a figura que os médicos mais respeitam. Até o momento, é uma personagem que exala simpatia, empatia e gentileza. É super profissional e ajuda o Dr. Robby a orquestrar o pronto-socorro.

Considerações finais
The Pitt é a nova série médica da Max que começa com o pé direito, fisga o espectador no primeiro episódio e conquista tanto a base de fãs veteranos de séries médicas quanto um novo público que deseja ver uma produção médica pela primeira vez. Acredito que a série ainda vai apresentar novos casos médicos, assim como novos personagens, além de se aprofundar nas linhas narrativas já apresentadas.
The Pitt é aquela dica de série que vale o seu play e o seu tempo.
Ficha Técnica
The Pitt
Criação: R. Scott Gemmill
Elenco: Noah Wyle, Tracy Ifeachor, Patrick Marron Ball, Supriya Ganesh, Fiona Dourif, Katherine LaNasa, Taylor Dearden, Isa Briones, Gerran Howell, Shabana Azeez, Shawn Hatosy, Michael Hyatt, Jalen Thomas Brooks, Brandon Mendez Homer, Kristin Villanueva, Amielynn Abellera, Alexandra Metz, Krystel V. McNeil e Deepti Gupta.
Duração: 1ª temporada (15 episódios)
Nota: 4,0/5,0 (3 primeiros episódios)