Em plena semana do Oscar, a maioria deve estar correndo contra o tempo para assistir a todos os filmes indicados. Confesso que também estou assim. Mas, que tal fazermos um break nessa maratona para assistir um thriller de suspense sobrenatural? Nesta quinta-feira (25), estreia nos cinemas o filme Presságios de um Crime (Solace), dirigido pelo brasileiro Afonso Poyart (Dois Coelhos). Tenho que admitir que eu adoro esse gênero porque o espectador desvenda o mistério junto com os personagens. Na trama, dois detetives do FB, Joe Merriwether (Jeffrey Dean Morgan) e Katherine Cowles (Abbie Cornish) são responsáveis em ir atrás de um serial killer, conhecido por matar suas vítimas sem deixar vestígios na cena do crime. Sem provas suficientes, Joe procura pelo seu amigo, doutor John Clancy (Anthony Hopkins), um grande vidente anti-social que vive isolado da cidade após a morte de sua filha. Depois de hesitar, John aceita o pedido do amigo e começa a ajudá-los a entender melhor o que se passa na mente do assassino. Mas, o melhor vem aí: John descobre que Charles Ambrose (Colin Ferrell), o homem responsável pelas mortes, também é vidente, só que mais afiado e poderoso, fazendo com que ele esteja sempre um passo à frente nas investigações.
Em primeiro lugar, o filme chama a atenção por ser um thriller de suspense com o roteiro dividido em três atos no formato de um quebra-cabeça: no primeiro ato, as cenas (peças) são jogadas aleatoriamente para nos familiarizarmos com a história (jogo) e os personagens; No segundo ato, o público, junto com os personagens, começa a reconhecer cada peça e passa conectá-las uma por uma para descobrir quem está por trás dos assassinatos. Isso fica visível através das pistas que o assassino deixa para que John Clancy chegue até ele, através de um “jogo de vidências”. Por fim, o terceiro ato reúne todas essas peças e nos entrega uma cena que irá esclarecer as dúvidas (nem todas) e mostrará o destino de cada personagem.
Aqui, ressalto dois pontos que gostei bastante no filme: o primeiro é a forma como o diretor optou por mostrar as vidências de John Clancy, com cenas em flashes bem rápidos, com uma trilha sonora ao fundo que aumenta ainda mais suspense e, em alguns momentos, causa certo medo. Pra mim, é algo que prende muito bem a atenção do público. O segundo são as “cenas futurísticas”, ou seja, cenas que, algumas vezes irá confundir ou pregar uma peça no espectador, até mesmo, naqueles que são bem críticos ou afiados em thrillers e suspenses.
Além disso, o pano de fundo dessa trama não é somente o jogo de vidência entre John Clancy e Charles Ambrose, mas também as motivações que levaram esse assassino a cometer tais crimes, questionando o protagonista e o espectador se ele concorda ou não com suas ações. Porém, não se sabe como o vilão fez para chegar perto de suas vítimas, ou seja, que tipo de abordagem ele utilizou. Pode ser que alguns se sintam incomodados com essa ponta solta no filme.
A química entre Hopkins, Ferrell, Morgan e Cornish são muito boas. Em nenhum momento, as interpretações ficaram a desejar ou foram forçadas. Aqui, mostra-se o verdadeiro trabalho em equipe. Devo ressaltar também que as cenas de Clancy e Katherine são boas e provocativas, uma vez que ele defende a vidência, enquanto ela acredita no estudo da ciência e psiquiatria.
O desfecho do filme é satisfatório e o público entende as razões do assassino, mas isso não quer dizer que seus atos são aceitáveis. Além disso, o público também compreende os verdadeiros motivos que levaram John Clancy a se afastar de tudo e todos após a morte da filha. Repito, sou muito suspeita para falar sobre filmes thrillers, de suspense ou sobrenaturais, pois eu gosto bastante e, às vezes, até deixo passar algumas falhas. Mas, neste caso, Presságios de um Crime não tem tantas falhas assim. É um filme instigante, que vai prender a sua atenção e você vai torcer para que o caso seja resolvido logo. Aproveite o final de semana para ir ao cinema assistir. Vale à pena. Depois, você pode voltar para a maratona de filmes do Oscar.
Curiosidades
– Presságios de um Crime é o primeiro longa internacional do diretor brasileiroAfonso Poyart;
– Poyart leu quase 70 roteiros hollywoodianos antes de se encantar com Presságios de um Crime (Solace). Ele também ficou super animado em trabalhar com Anthony Hopkins;
– Presságios de um Crime foi anunciado em 2008, com direção de Mark Pellington (O Suspeito da Rua Arlignton). Mas a produção foi engavetada;
– A versão nova do roteiro foi escrita por Peter Morgan.
Ficha Técnica
Presságios de um Crime
Direção: Afonso Poyart
Elenco: Anthony Hopkins, Jeffrey Dean Morgan, Colin Ferrell, Abbie Cornish, Matt Gerald, Jose Pablo Cantillo, Marley Shelton e Xander Berkely
Duração: 1h42min
Nota: 9,0
