Faz muito tempo que os criadores do filme Matrix, Andy e Lana Wachowski, não estavam envolvidos em um projeto tão consistente quanto Sense8. A série, lançada em junho de 2015, conquistou a atenção de muitos telespectadores do serviço de streaming Netflix e, não é por pouco, pois a história de oito estranhos interligados é totalmente envolvente e instigante.
Os personagens que estão em diferentes lugares do mundo passam a ter uma ligação quando Angélica (Daryl Hannah) morre. Cada um consegue sentir sua presença, porém, não sabem quem é a mulher e nem o motivo de poderem vê-la.
Mas, isso tudo é só o início da conexão entre Will Gorski, Riley Blue, Capheus “Van Damme”, Sun Bak, Lito Rodriguez, Kala Dandekar, Wolfgang Bogdanow e Nomi Marks. Cada um tem um perfil diferente: um é policial e outro motorista; tem a DJ, um ator, uma hacker, uma farmacêutica e um chaveiro que foi criado dentro do crime. São tantas características, jeitos e estilos de vida que é impossível imaginar um grupo tão diferente. Esta é a proposta da série, conectar pessoas a partir do sentimento do outro.
A série se desenrola de forma rápida e criativa ao longo dos 12 episódios. Primeiro, as ligações acontecem de forma que um ajude o outro, dê conselhos sobre sentimentos e situações que já vivenciaram uma vez. É uma troca de experiência, amizade e confissões entre pessoas que nunca se viram.
Segundo, não é segredo
De acordo com os criadores, a série é sobre a empatia humana e sua evolução. Como os personagens estão interligados, o que aconteceria se todos tomassem consciência dessa força “natural”? Como eles deveriam se comportar? Quem são eles quando deixam compartilhar experiências, sentimentos, seja de medo, ou seja, de felicidade?
Essas questões são respondidas no desenrolar da temporada. As mudanças de uma cena para outra são de tirar o fôlego, e é a partir disto que a atenção do telespectador se faz tão importante. É impossível tirar os olhos da tela e não apreciar a poesia que se desenvolve aos seus olhos. Pode ser uma cena de violência ou de sexo, cada uma é bem feita e se torna maravilhosa.
Não é só o roteiro que se encaixa perfeitamente, mas sim, a trilha sonora que acompanha o clímax dos episódios e revive músicas do passado, como What’sUp? (4 Non Blondes), de 1992.
O enquadramento da série é feito com maestria durante cada cena, inclusive nas cidades em que as narrativas se passam como Chicago, Seul, Mumbai, São Francisco, Cidade do México, Reykjavík, Londres, Berlim e Nairobi.
Sense8 quebra tabus de estereótipo, gênero e comportamento. A história retrata a reflexão de nossas próprias ações, ao mesmo tempo em que é complexa e profunda. Para alguns pode despertar a facilidade de entender o que é a vida. Afinal de contas, tudo tem uma saída e cada um tem o trabalho de ajudar o próximo para, no final, cada um ter uma escolha: desistir ou consertar.
Vale lembrar que o próprio nome da série é sugestivo. Sense8 é um trocadilho para sensate, que significa consciente, no qual é o despertar para os personagens que estão ligados uns aos outros, mesmo que estejam em lugares diferentes e vivendo de maneiras muito adversas.
PS: A segunda temporada está prevista para junho de 2016.
Ficha Técnica
Sense8
Criadores: Andy Wachowski, Lana Wachowski e J. Michael Straczynski.
Elenco: Aml Ameen, Doona Bae, Jamie Clayton, Tina Desai, Tuppence Middleton, Max Riemel, Miguel Ángel Silvestre, Brian J. Smith, Naveen Andrews, Alfonso Herrera, Terrence Mann, Anupam Kher e Freema Agyeman.
Nota: 10 (+1)