Tanto os filmes de terror ou de qualquer outro gênero têm os seus altos e baixos e, é claro que a franquia Sobrenatural não escaparia dessa montanha russa. Confesso que o primeiro filme me causou certa monotonia, enquanto que o segundo prendeu mais a minha atenção. Lembro que em 2015, sai do cinema empolgada depois de ver Sobrenatural: A Origem, mas se eu assistisse ao filme novamente, talvez minha opinião seria um pouco diferente. Me recordo perfeitamente que aquele não seria o último filme e, agora, eis aqui a minha opinião sobre o novo longa. Sobrenatural: A Última Chave faz um bom retorno da franquia. Claro que o filme não é perfeito e tem suas ressalvas, mas é uma opção satisfatória para o puro entretenimento.
Dirigido por Adam Robitel, o quarto filme da franquia traz novamente a brilhante parapsicóloga Dra. Elise Rainier para resolver um novo caso de assombração no Novo México. O grande ‘porém’ é que tal ocorrido é justamente na casa em que ela passou os primeiros anos de vida. Agora, ela irá encarar os fantasmas mais pessoais e intensos que já enfrentou na vida. Robitel não perde tempo e inicia o filme com cenas do passado de Elise, revelando uma infância conturbada, uma vez que lidar com sua paranormalidade causava momentos tensos e difíceis dentro de casa. Enquanto a mãe acreditava na filha, o pai usava a violência para desmentir o dom de Elise. O público acompanha o desenvolvimento da mediunidade e a origem dos primeiros seres sobrenaturais malignos. Além disso, é revelado algo trágico que a protagonista carrega em suas costas até hoje.
No geral, o roteiro tem uma estrutura regular e a trama não dá voltas no desenvolvimento e não entrega soluções toscas e superficiais ao mistério principal. Um ponto interessante é que o filme não tem só como objetivo derrotar a assombração que há anos vem aterrorizando. Mesmo que não seja impactante, é possível notar a mensagem sobre a luta do bem contra o mal e como este é capaz de absorver a boa essência do ser humano, uma vez que a raiva, a vingança e o medo são alimentos poderosos de manipulação e destruição do homem e daqueles que estão ao seu redor.
É claro que, como em todo filme de terror, há as típicas cenas clichês, como o personagem entrando em um local escuro, assombrado, mexendo em objetos que não deveriam ser tocados, entre outras coisas, mas são clichês aceitáveis (é possível se conformar) que funcionam bem na trama. Além disso, o longa abraça uma série de jump scares. Você não vai se assustar com a assombração em si, mas com os barulhos repentinos, as viradas de pescoço angustiantes e efeitos de som que assustam. Acredite, você vai se encolher na cadeira e tampar o rosto várias vezes. Se por um lado o excesso de jump scares é aceitável, por outro, a técnica diminui a tentativa de criar uma atmosfera de suspense, já que o fator ‘susto’ quebra esse clima o tempo todo.
Como sempre, o elemento ‘menos é mais’ é essencial em filmes de terror. Eu aprecio muito mais quando o filme brinca com a imaginação dos personagens e do espectador. Prefiro quando a história não entrega a forma por completo da entidade ou não a torna muito caricata. É incrível como a nossa imaginação é capaz de criar uma atmosfera mais assombrada do que o ato em si. Além disso, eu sou contra o excesso de humor em filmes de terror, pois destrói completamente o clima aterrorizante. Mas Sobrenatural: A Última Chave consegue dosar sua parte cômica. Não é algo que eu curto ver, mas é possível relevar. Com relação ao cenário, o ambiente obscuro é satisfatório, o que nos remete a um pesadelo quase que real.
Mais uma vez, Lin Shaye encarna Elise para enfrentar novas assombrações. Mais do que isso, a personagem também lida com questões inacabadas sobre seu passado para, finalmente, ter um pouco de paz, mesmo que seja temporário. Aqui, a interpretação de Shaye não surpreende, mas ela continua sendo o grande elo da história e figura marcada da franquia Sobrenatural.
Considerações finais
O desfecho é satisfatório, sem muitas surpresas e ainda faz referências aos filmes anteriores, deixando aberta a possibilidade de termos um novo filme. Sobrenatural: A Última Chave não inova na história, mas entrega uma boa solução ao mistério, apresenta personagens agradáveis e exagera nos clichês e jump scares, mas que funcionam bem. Se este é o fim eu ainda não sei, mas pode se dizer que o quarto filme faz um bom retorno da franquia.
Ficha Técnica
Sobrenatural: A Última Chave
Direção: Adam Robitel
Elenco: Lyn Shaye, Leigh Whannell, Angus Sampson, Kirk Acevedo, Caitlin Gerard, Spencer Locke, Josh Stweart, Bruce Davison, Tessa Ferrer, Javier Botet e Ty Simpkins.
Duração: 1h44min
Nota: 7,0