A história clássica do Rei Arthur ganha uma roupagem moderna aos olhos de Guy Ritchie e, devo dizer que fiquei surpreendida com o resultado que revela uma história fantasiosa recheada de ação, dinamismo, lutas fantásticas, alívios cômicos e bons personagens. Vocês esperariam tudo isso ao ouvir a história de como Arthur conquistou o trono? Eu não, mas gostei desse formato e acredito que muitos poderão gostar, mas também sei que o filme não irá agradar todos.
Em Rei Arthur – A Lenda da Espada somos apresentados à história de Arthur (Charlie Hunnam), um jovem que passou a infância e adolescência nas ruas e, já adulto, controla os becos de Londonium. O rapaz desconhece sua predestinação até o momento em que entra em contato com a Excalibur. Desafiado pela espada, Arthur precisa tomar decisões difíceis, enfrentar os demônios que o perseguem desde criança, além de aprender a dominar o poder que possui para conseguir unir seu povo novamente e iniciar uma luta contra o atual rei Vortigern (Jude Law), seu tio que arruinou toda a sua família.
Rei Arthur – A Lenda da Espada tem um roteiro simples e bem estruturado, mas o que torna a história “diferentona” é a edição. Apesar da narrativa se estender bastante desde o instante em que o protagonista descobre sobre a espada e, finalmente, aceita a sua verdadeira identidade junto com o poder da Excalibur, o público não se cansa devido ao uso de cortes rápidos e dinâmicos nas cenas. Logo de cara, o espectador acompanha o crescimento do personagem, desde a infância até a idade adulta num piscar de olhos, o que já empolga para a próxima cena. No desenrolar da história, o diretor aplica um recurso (desculpa, mas não sei se tem um nome específico) que o público acompanha a execução da ação, enquanto o personagem explica o plano a ser executado. Eu sei, lendo assim parece estranho, mas assistam ao filme que vocês vão entender melhor. Vale a pena.
Um ponto interessante é o formato fantasioso que a história clássica ganha. Guy Ritchie entrega cenas de luta feitas em câmera lenta de um jeito fantástico, dando a impressão de que estamos jogando videogame. Pra mim foi um ponto positivo, pois me empolgou e me fez querer ver mais disso na tela. Se fosse a adaptação de algum game, esse formato seria perfeito. Outro ponto interessante são os diálogos que contêm alívios cômicos que, sinceramente, eu não esperava ver em uma história como a de Rei Arthur. Isso significa que é ruim? Pelo contrário, o alívio cômico vem em boa dosagem e nos momentos certos, fazendo o público soltar uma risada natural, mas não uma gargalhada.
Mas sabe o que realmente chama a atenção durante o filme? É a trilha sonora. As batidas e o “sopro” são pontuais, harmonizando com as cenas, dinamizando ainda mais a história e empolgando quem assiste. O filme acaba, mas a batida da música fica na sua cabeça.
Personagens
Charlie Hunnam cumpre o seu papel e entrega o personagem principal com um toque de malandragem e sarcasmo. Não é à toa que há o alívio cômico no filme. Mas tal malandragem não é para deixar a história só engraçadinha, mas também para mostrar como o protagonista conseguiu viver no bordel onde foi criado e sobreviveu pelos becos perigosos da cidade. Charlie consegue transparecer toda a transformação do seu personagem desde o pesadelo de seu passado que o atormenta, até então, embaçado em sua mente, até o momento em que ele retira a espada da pedra, descobre a verdade e enfrenta Vortigern, que mudou o rumo de sua vida radicalmente.
Jude Law não fica para trás e traz Vortigern, um rei extremista, frio e impiedoso. Para ele, suas ações são totalmente positivas e satisfatórias, tanto que ele mesmo não se vê como um vilão, mas para todos os outros, inclusive Arthur, Vortigern não passa de um inescrupuloso que faz o que for preciso (qualquer coisa mesmo) para ter o poder total em suas mãos. Uma coisa que não curti tanto assim foi a luta dele com Arthur. Apesar de a cena ter sido boa, gostaria que fosse menos fantasiosa e um pouco mais real. Não vou falar muito sobre isso para não dar spoiler. Assista e descubra.
Interpretada por Astrid Bergés-Frisbey, a Mago traz sabedoria e mostra o caminho que Arthur deve seguir para conquistar o seu poder e devido posto. Ela tem os seus momentos interessantes no filme, mas esperava ver mais o seu lado sábio sendo aplicado em Arthur e não somente a força durante as lutas. Afinal, ela é a seguidora e “assistente” de Merlim, né? Outra coisa que não curti muito foi o jeito robótico dela falar. Soou um pouco forçado.
Quem também está no filme é Djimon Hounsou na pele de Bedivere, soldado fiel do rei Uther (Eric Bana), pai de Arthur. O filme não revela muita coisa sobre o personagem e nem o que acontece com ele depois que a família real é arruinada. Em determinado momento cheguei a pensar: “será que Bedivere nunca quis saber sobre o paradeiro de Arthur ou ele acreditou que o menino estava morto esse tempo todo?”. Mesmo com essas ressalvas, o personagem é bom, além de ser interessante ver a rápida lealdade que ele tem assim que reencontra Arthur.
Considerações finais
O final é redondo e satisfatório, dando a possibilidade de uma continuação, já que este filme é sobre a lenda da espada. Agora temos que ver a história do Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda. Rei Arthur – A Lenda da Espada traz uma roupagem moderna e fantasiosa da história clássica, com boas intepretações, cenas dinâmicas e empolgantes, lutas ao estilo videogame, alívio cômico e uma trilha sonora que gruda na cabeça. Agora, se você curte a história clássica, mas não curte esse formato, nem o alívio cômico e muito menos a direção de Guy Ritchie, sinto lhe dizer, mas Rei Arthur não é para você. É por isso que há chances do filme dividir opiniões. Vai do gosto de cada um. Eu gostei e, para mim, vale a pena assistir.
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
Rei Arthur – A Lenda da Espada
Direção: Guy Ritchie
Elenco: Charlie Hunnam, Jude Law, Djimon Hounsou, Astrid Bergès-Frisbey, Eric Bana, Aidan Gillen, Katie McGrath, Freddie Fox, David Beckham, Michael McElhatton, Tom Wu, Neil Maskell, Annabelle Wallis, Peter Ferdinando, Georgina Campbell, Geoff Bell, Mikael Persbrandt e Lorraine Bruce.
Duração: 2h07min
Nota: 8,0