Você tem medo do escuro? Ela mexe com a nossa imaginação fértil, né? Faz a gente enxergar coisas que não existem, cutuca o medo que estava adormecido e as emoções vão à flor da pele. Quem nunca teve medo do escuro e se escondeu debaixo das cobertas, não sabe o que é aquele típico medo da infância. É com esse sentimento que o filme Quando As Luzes Se Apagam brinca. Neste caso, ele assusta o espectador.
O diretor David F. Sandberg desenvolveu a trama a partir do seu curta, de quase três minutos, Lights Out, que ganhou prêmio de melhor curta de terror e assustou muita gente nas redes sociais (não foi uma boa ideia assistir ao vídeo no Facebook às duas da manhã). Mas, afinal, do que se trata este filme? A trama começa quando uma entidade assombra o local de trabalho de Paul (Billy Burke) e o mata a sangue frio. Após essa cena, descobrimos que sua esposa, Sophie (Maria Bello) sofre de depressão desde criança e carrega um sofrimento imenso nas costas. Ao perceber que a doença da mãe está ficando cada vez pior, Martin (Gabriel Bateman), teme ficar em casa sozinho e avisa Rebecca (Teresa Palmer) sobre o que está acontecendo. Com isso, ele descobre que a irmã mais velha, fruto do primeiro casamento de Sophie, passou pela mesma situação na infância, motivo pelo qual ela se afastou de vez da mãe após o desaparecimento do pai. O elemento principal que gera esse emaranhado de problemas psicológicos desta família é Diana, uma entidade que só aparece e ataca na escuridão.
A trama de Quando As Luzes Se Apagam é dinâmica e se desenvolve rapidamente em quase uma hora e meia de filme. Logo de cara, já sabemos com quem os personagens precisam lidar, como esse mal surgiu e o porquê ele assombra essa família. Aqui, o medo é relativo. Talvez, o espectador se assuste em algumas cenas com jump scares ou, simplesmente não se assuste, mas se envolva e sinta a agonia de estar sempre no escuro. Aliás, o diretor usa variadas iluminações (luz negra, vela, farol do carro) de forma inteligente, trazendo ações improvisadas e espertas dos personagens para que eles escapem do perigo. Além disso, há cenas clichês. O que seria dos filmes de terror sem o clichê? Aqui, o óbvio funciona bem e quase passa despercebido, uma vez que as ações são dinâmicas que não dá nem tempo de você reclamar do clichezão. Já passou.
Outro ponto positivo é como o diretor e os produtores construíram a entidade, já que este é o elemento principal que guia todo o filme. Diana ganha uma silhueta medonha, olhos brilhantes e um aspecto totalmente aterrorizante. Poucas vezes o público verá como ela é de verdade, já que o contorno negro é o suficiente para despertar medo. Além disso, o filme já deixa claro, logo na primeira cena, que vamos lidar com uma entidade extremamente violenta e que não aceita ser contrariada.
Personagens
Acompanhamos essa jornada aterrorizante ao lado de Rebecca, interpretada por Teresa Palmer. A atriz traz uma personagem que abrira mão da antiga vida, mas que retorna para ajudar o irmão mais novo. Ao ter que lidar com o perigo em meio à escuridão, vemos nos olhos e nas expressões da personagem o medo e o desespero de não poder enxergar nada, além da agonia de saber que poderá ser atacada a qualquer momento.
Gabriel Bateman traz um Martin mais neutro, que sabe o que está acontecendo, tem medo, mas decide ficar para ajudar a irmã e a mãe. Achei a interpretação satisfatória, pois acharia um pouco estranho se ele se tornasse o “super-heroi”, afinal, ele é apenas uma criança e, aqui, gostaria que ele tivesse transbordado mais os sentimentos de medo e pavor.
Maria Bello traz uma Sophie totalmente depressiva, perturbada e presa dentro de sua própria mente. No fundo, ela está ciente de tudo o que se passa e sabe que necessita de ajuda. O que a impede de fazer isso é Diana, já que seus filhos correm perigo caso ela tente se livrar da entidade. Algumas vezes, o espectador vai achar que a personagem esteja fazendo muito pouco, mas, no decorrer da trama, ele vai compreender que a doença pesa muito nas atitudes da Sophie.
Alexander DiPersia é Bret, namorado de Rebecca. Aqui, ele faz o personagem que apoia os protagonistas e suas decisões. Mesmo sendo mais neutro na trama, ele é fundamental em algumas cenas. Às vezes, você sentirá medo de que algo aconteça com ele, pois você torce para que Bret fique bem e ao lado de Becca.
Considerações Finais
O final de Quando As Luzes Se Apagam é satisfatório, redondo, um pouco clichê, mas bom. Você compreende as atitudes de cada personagem e aceita aquele final. Como disse anteriormente, o medo é relativo e talvez você saia neutro da sala do cinema e satisfeito com o que acabou de assistir. Talvez o medo venha depois, quando você tiver que apagar as luzes de casa na hora de dormir.
E aí, gostaram da resenha? Quem já assistiu ao filme? Quando As Luzes Se Apagam está em cartaz nos cinemas.
Ficha Técnica
Quando As Luzes Se Apagam
Direção: David F. Sandberg
Elenco: Teresa Palmer, Maria Bello, Gabriel Bateman, Alexander DiPersia, Billy Burke, Alicia Vela-Bailey e Emily Alyn Lind.
Duração: 1h21min
Nota: 7,9