Acredito que a maioria, assim como eu, é da época em que assistia a série Power Rangers na década de 90. Eu me divertia muito com o programa e adorava brincar com os bonecos que trocavam de cabeça. Assim como muitos, eu cresci e guardei aquele sentimento nostálgico dentro de mim, mas que infelizmente não foi despertado pelo filme. Calma, a culpa não é do filme. A trama dirigida por Dean Israelite é feita totalmente para o público jovem de hoje, da qual eu não me encaixo mais. Talvez esse seja um dos motivos que impediu que o filme me cativasse, sem despertar aquele lado nostálgico e emocionante, como a live action A Bela e a Fera fez. Apesar de algumas ressalvas, o filme tem seus pontos positivos e, com certeza, será adorado por crianças e adolescentes.
A nova releitura volta ao passado – 65 milhões de anos atrás – quando os primeiros Power Rangers surgem na Terra, sob o comando de Zordon (Bryan Cranston). Traído por um dos integrantes, o grupo é destruído, mas sem antes que o líder guardasse as pedras que, futuramente, trariam novos power rangers para dar continuidade a esse legado.
Dito e feito. Milhões de anos depois, cinco adolescentes têm os seus caminhos cruzados devido a pequenos eventos e um acidente que transformam a vida de todos, dando a força e o poder para se tornarem os power rangers. Escolhidos pelo destino, eles descobrem que são os únicos que podem salvar a Alameda dos Anjos e todo o planeta do plano maligno de Rita Repulsa (Elizabeth Banks). Para isso, eles devem superar os problemas pessoais e inseguranças para juntar suas forças, antes que seja tarde demais.
O grande acerto do filme é a construção dos personagens e o desenvolvimento detalhado de cada um, tanto que algumas pessoas podem achar o primeiro ato do filme prolongado. Por mais que eles tenham adquirido a sua força, não significa que o grupo seja oficialmente os power rangers. Antes de morfar, eles precisam enfrentar os seus medos e provar que são bons o suficiente para merecer as armaduras. Achei interessante a forma como o roteiro apresenta os herois, enaltecendo a humanização de cada um, mostrando que eles são “gente como a gente” e levantando questões importantes e pontuais como o autismo e a homossexualidade.
Com relação ao figurino e efeitos especiais, o filme não fica a desejar. As armaduras dos power rangers são metalizadas, trazendo aquele toque moderno e cool. As lutas são bem coreografadas e os efeitos especiais utilizados em Zordon e na batalha final são boas. Na trilha sonora não poderia faltar a famosa música dos Power Rangers, mas achei que foi rápido demais.
Uma coisa me incomodou, mas depois de algum tempo compreendi, foi a forma inusitada deles saírem pulando e batendo nas coisas depois de adquirir os poderes. Quem não pularia de um prédio ou de um penhasco para provar a força que tem? Até eu mesma faria isso, sem pensar duas vezes. Por isso, em algumas cenas, o melhor que se tem a fazer é aceitar os fatos inusitados e até absurdos.
Outro ponto que fica a desejar é a introdução de Trini (a ranger amarela) na trama. A personagem surge repentinamente, como se tivesse brotado do chão, e você nem sabe quem ela é. Depois que o público conhece sua história, é compreensível a apresentação da personagem, mas antes disso, a cena fica sem pé e nem cabeça.
Personagens
Dois personagens que surpreendem bastante são a Kimberly e o Zach. O filme nos apresenta uma Kimberly (Naomi Scott) injustiçada por estar na detenção da escola e até ficamos com raiva ao vê-la sendo excluída pelas amigas. Mas assim que a conhecemos melhor, entendemos porque tais eventos acontecem. Posso dizer que Kimberly não é a vítima, só que não ficamos contra ela em nenhum momento, pois a personagem procura por redenção não só para se tornar uma power ranger, mas também para ficar em paz consigo mesma. Pra mim, é ela a personagem que mais evolui, amadurece e cresce diante dos seus próprios erros.
Zach (Ludi Lin) não leva as coisas muito a sério e prefere curtir mais o ar livre ao invés de permanecer dentro da sala de aula. Mas nem tudo o que parece, de fato, é. Zach tem seus medos e teme de enfrentá-los. Mas é graças ao seu lado power ranger que ele consegue dar o primeiro passo para enfrentar o que tanto teme. Não vou ficar detalhando para não dar spoiler. Assista ao filme e descubra.
Trini (Becky G) é a “garota invisível” da escola, um jeito que ela adquiriu para “se defender”. Tenho certeza que muitos irão gostar dela, justamente por ter uma personalidade forte, irônica e badass. Seus questionamentos pessoais vão chamar a atenção e conquistar a maior parte do público. Trini é aquela garota meio ranzinza, mas que é legal e você sabe que pode contar com ela?
Um personagem que é legal, mas exagerado demais é o ranger azul. Billy (RJ Cyler) é nerd, adora fazer invenções e explodir coisas. É divertido, inteligente e, algumas vezes, atrapalhado. Porém, acho que ele força em algumas cenas tentando ser engraçado demais, o que para mim ficou um pouco chato. Teve momentos que fiquei pensado: que vontade de apertar o “pause” nesse menino. Menos amigo. Menos!
Pra mim, Jason (Dacre Montgomery) é o mais neutro. Além de legal, sua história é a introdução do filme, mas que não cativa tanto assim. Ele é o famoso jogador de futebol americano da escola que, depois de um grande vacilo, mancha a sua imagem, além de correr o risco de perder o ticket de entrada em uma boa faculdade, o que deixa seu pai bastante decepcionado. Jason se sente o injustiçado que ninguém compreende, mas, para falar a verdade, eu saí do cinema sem também entender o que ele realmente quer. Gostei dele como o líder do grupo, mas ainda assim queria ter visto um pouco mais da sua intimidade, assim como vimos dos demais rangers.
Se você está esperando uma penca de cenas de Zordon, tenho que lhe dizer que a participação do ator Bryan Cranston é razoável. Ele está ali para falar aos garotos sobre os power rangers, além de treiná-los para enfrentar Rita Repulsa. No entanto, queria ter visto mais o lado sábio de Zordon, no sentido de guiar e aconselhar melhor os novos rangers.
Por falar em Rita Repulsa, a vilã interpretada por Elizabeth Banks chega com uma boa carga exagerada de planos diabólicos. Me diverti ao vê-la sedenta por ouro para poder readquirir os seus poderes e destruir tudo o que vê pela frente.
Considerações finais
Mesmo com um final satisfatório, a última cena de luta não empolga tanto assim. Power Rangers é feito para o público infantil e jovem e acredito que a maioria vai adorar, especialmente por se identificar com os cinco adolescentes que questionam sobre si mesmos e mostram coragem ao enfrentar seus medos para conquistar algo maior, além de encontrar o seu próprio caminho sem mudar a personalidade. É também o típico filme estilo Sessão da Tarde que muitos adultos vão gostar de assistir. Alguns se sentirão nostálgicos; outros, como eu, nem tanto. Eu confesso: eu esperava algo menos teen e mais adulto e bem mais sombrio. Mas tudo bem. Dá pra curtir o filme. Ah, não saiam correndo da sala do cinema! Há uma cena pós-créditos!
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
Power Rangers – O Filme
Direção: Dean Israelite
Elenco: Dacre Montgomery, Becky G, RJ Cyler, Naomi Scott, Ludi Lin, Bryan Cranston, Elizabeth Banks, David Denman e Bill Hader (Alpha 5).
Duração: 2h04min
Nota: 7,0
Adorei seu conteúdo Parabéns, bem completo e dinâmico.
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gratidão!