Uma coisa eu não posso negar: eu adoro o Paulo Gustavo. Admiro o trabalho dele desde que fui assistir ao Hiperativo no teatro e fiquei viciada no programa 220W. Quando conheci Dona Hermínia já me tornei fã da personagem logo de cara e, assim que Minha Mãe É Uma Peça estreou nos cinemas eu assisti três vezes, fora as vezes que assisti quando passou na televisão. Com Minha Mãe É Uma Peça 2, dirigido por César Rodrigues não foi diferente e fui correndo ao cinema para conferir de perto a nova saga da mãe mais querida do Brasil.
Em Minha Mãe É Uma Peça 2, Dona Hermínia (Paulo Gustavo) continua com o seu programa de televisão a todo o vapor, está muito bem de vida, dá aquele up na sua auto estima e agora é vovó. Mas, sabe o que não mudou? Seu lado mãe protetora. Ela continua cuidando e pegando no pé de Marcelina (Mariana Xavier) e Juliano (Rodrigo Pandolfo), só que desta vez, ela terá que segurar as pontas, pois uma mudança radical vai mudar completamente a estrutura de sua família. Enquanto sua irmã mais velha Lúcia Helena (Patrycia Travassos) chega de Nova York para passar uns dias em Niteroi, Hermínia precisa cuidar do neto que passa as férias em sua casa e lidar com a grande notícia de que seus filhos irão se mudar para São Paulo.
O roteiro de Minha Mãe É Uma Peça 2 repete a mesma fórmula do primeiro filme: a mãe protetora que quer os filhos por perto, mas adora dar um esculacho neles quando necessário, ou seja, todas as horas. No entanto, essa mesma fórmula ganha algumas mudanças, como o fato de dona Hermínia ter mudado de vida e, agora, ter que lidar com o ninho vazio. A dose de humor, sarcasmo, ironia e piadas são boas e bem equilibradas, bem ao estilo Paulo Gustavo. Você vai rir em vários momentos do filme e não será aquela risada forçada.
Mas, desta vez, o roteiro deixou algumas pontas soltas que não chegam a prejudicar o desenvolvimento do filme, mas faz o público ficar com algumas dúvidas. Primeiro é quando Juliano afirma que não é mais gay e, sim, bissexual. Achei o arco um pouco forçado, já que o primeiro filme deixou bem claro que o rapaz é homossexual. Por que e para que mudar isso de repente? Não vi nenhuma necessidade em colocar esse drama no filme, mas pelo menos gerou cenas divertidas de se assistir. A segunda ponta solta é que, novamente, o roteiro não explorou o filho mais velho de Hermínia, Garib (Bruno Bebianno), ainda mais que ele foi o primeiro a dar um neto à matriarca da família. Queria ter visto mais entrosamento entre mãe e filho mais velho e vovó e neto. Assim, tiraria um pouco do foco em Juliano e Marcelina, que já ganharam bastante destaque no primeiro filme.
O terceiro momento que pode gerar dúvidas na cabeça dos espectadores é quando Dona Hermínia fala do filho mais velho de Iesa (Alexandra Richter). No primeiro filme conhecemos André, o filho que ela perde em um acidente de carro (relaxa, isso não é spoiler), mas em nenhum momento foi citado que a personagem tivesse outro filho, nem mesmo nos flashbacks de quando eles ainda eram pequenos. Por fim, temos a chegada da irmã mais velha Lúcia, considerada a ovelha negra da família. Pra falar a verdade, de ovelha negra ela não tem nada, pelo menos é que o mostra nas cenas da personagem. Talvez, o roteiro quisesse dar uma personalidade mais forte e mais rebelde para Lúcia, mas não deu muito certo. Mas não se pode negar que quando Hermínia, Lúcia e Iesa se juntam em cena, a química entre as três é perfeita e a risada é garantida. Quem tem irmã ou irmão vai se identificar com elas, especialmente com as conversas.
No terceiro ato, o filme ganha um tom mais pesado quando os personagens precisam lidar com a morte novamente, como aconteceu no primeiro filme. Não tem como não ficar balançado neste momento. Querem saber o que acontece? Assistam ao filme e descubram!
Personagens
Paulo Gustavo arrasa no papel de Dona Hermínia e ninguém pode dizer ao contrário. Apesar de continuar sendo superprotetora, Hermínia apresenta uma evolução: ela aceita que o ninho ficará vazio e resolve cuidar mais de si mesma, do seu programa de TV, inclusive, da sua saúde, já que ela apresenta um quadro de estresse muito agudo. Por um momento, cheguei a ficar preocupada, pois achei que fosse acontecer algo com ela após sofrer tantas emoções ao mesmo tempo. Mas, graças a deus, foi apenas um susto e mais algumas cenas para o público se divertir.
Juliano e Marcelina também evoluíram do primeiro para o segundo filme e fiquei feliz com isso. Apesar de eles ganharem muito destaque (algo que deveria ter sido reduzido, ou melhor, distribuído com os demais personagens), o roteiro soube aproveitar esse destaque e mostrar as grandes mudanças em suas vidas: faculdade concluída, novo emprego e mudança de cidade. Foram grandes passos que cada um deu e achei legal o filme ter abordado isso. Mariana Xavier continua ótima no papel e trouxe uma Marcelina mais madura, sem deixar de lado as manias de sempre como deixar as coisas bagunçadas e nunca arrumar. Rodrigo Pandolfo também está ótimo e a única coisa que achei desnecessário mesmo, como falei anteriormente, foi o arco sobre ele ser bissexual.
Considerações finais
O final é satisfatório e, é claro, engraçado, mas também deixou um gancho para um possível terceiro filme. Minha Mãe É Uma Peça 2 repete a fórmula, traz evolução aos personagens e apresenta alguns furos no roteiro, mas nada que prejudique o seu entendimento. O segundo filme é bom e vale a pena assistir, mas o primeiro continua sendo o meu favorito. E se tiver o terceiro filme também irei assistir, afinal, ver Dona Hermínia nunca é demais! O filme estreia hoje nos cinemas.
Ficha Técnica
Minha Mãe É Uma Peça 2
Direção: César Rodrigues
Elenco: Paulo Gustavo, Mariana Xavier, Rodrigo Pandolfo, Patrycia Travassos, Alexandra Richter, Herson Capri, Samantha Schmutz, Suely Franco, Malu Valle, Bruno Bebianno, David Goulart e Ilva Niño.
Nota: 7,9