Eu Só Posso Imaginar conta a história da canção I Can Only Imagine, uma criação de Bart Millard de maior sucesso da banda cristã MercyMe, que exprime sua jornada autobiográfica de superação e fé. Dirigido pelos irmãos Andrew e Jon Erwin, o filme mostra a relação conturbada de Bart com sua família e seu encontro com a fé por meio da música. Enquanto Bart se distancia do convívio com o seu pai, ele persegue o sonho de cantar e usa sua dor como inspiração para desenvolver sua carreira. Nesta missão, o artista reencontra o amor e é surpreendido pelo ensinamento que irá ajudá-lo a perdoar e transformar seu pai.
Não posso negar que a história traz uma bonita mensagem sobre o quão é difícil perdoar. O perdão é um exercício, um trabalho na qual se desenvolve com amadurecimento, força e sabedoria e o filme mergulha nesse aspecto. No entanto, tenho que confessar que eu queria ter gostado mais da trama, me emocionado mais, mas infelizmente isso não acontece. Enquanto o trailer vende uma história inspiradora ao público, o roteiro se esforça, mas não convence devido a falhas que atrapalham ao transmitir a carga emocional.
O filme pode ser definido em uma palavra: piegas. Eu Só Posso Imaginar tenta apelar aos sentimentos do espectador, mas entrega poucos elementos que realmente vão pegar o público de jeito. Acredito que os mais sensíveis, sentimentais e fãs da canção se emocionem com mais facilidade. E tudo bem. Mas para mim fica faltando alguma coisa.
Pra começar, o roteiro enfatiza muito a relação conturbada entre pai e filho e há cenas que comprovam isso. No entanto, achei que o longa revela pouco sobre essa relação, deixando tudo mais descritivo (em diálogos) ao invés de visual. Como o pai é descrito como um ‘monstro’, o filme poderia ter ousado mais ao trazer cenas mais fortes que pudessem condizer com a definição dada ao personagem, além de deixar o público mais extasiado sobre o convívio insuportável entre pai e filho. A falta desse impacto diminui a tensão do sentimento que Bart nutri pelo pai durante anos.
Outra coisa que incomoda é a interpretação de J. Michael Finley. Por ser o seu primeiro filme, o ator está um pouco travado e não consegue colocar toda a emoção e raiva para fora. O espectador não se sente tão convencido da dor que ele está sentindo. Outro ponto negativo é que o ator interpreta Bart na versão adolescente e, de novo, não convence. Teria sido melhor se outro ator interpretasse a versão jovem do personagem antes de ingressar para a fase adulta.
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Quando acompanhamos a jornada do personagem em busca do seu sonho, o filme traz alívio e certa calma ao se distanciar da relação árdua com o pai. Além disso, acompanhamos o desenvolvimento de Bart e suas derrapadas em seu amadurecimento, deixando o seu lado egoísta falar mais alto e atrapalhar até mesmo sua relação com a banda e namorada.
Mesmo com ressalvas, há duas coisas que salvam o filme: a voz do protagonista e a atuação de Dennis Quaid. Todas as cenas de Finley cantando são boas e a voz dele é linda. Já Quaid é uma das melhores coisas do filme. Pra mim, toda a emoção se concentra em seu personagem. Arthur é um homem frustrado, de mal com a vida, agressivo, rude e mal-humorado. Ele prefere destruir o sonho do filho para que ele iguale ao seu estilo de vida triste e medíocre, ao invés de incentivá-lo com amor e carinho. Mas após um acontecimento, é nítida a transformação de Arthur e a transição da escuridão para a luz é natural, fazendo o público acreditar na mudança do personagem.
Mas e a canção? É preciso ter um pouco de paciência, pois a canção I Can Only Imagine é cantada apenas no final do filme. Claro que a intenção é que você compreenda tudo o que levou à criação dessa letra.
Considerações finais
Eu Só Posso Imaginar falha por não ousar em entregar cenas mais fortes e impactantes entre pai e filho, para mergulharmos com mais profundidade na dor do protagonista. Em compensação, a voz de J. Michael Finley é excelente e a carga dramática de Dennis Quaid salva a trama.
Ficha Técnica
Eu Só Posso Imaginar
Direção: Andrew e Jon Erwin
Elenco: Dennis Quaid, J. Michael Finley, Cloris Leachman, Trace Adkins, Madeline Carroll, Rhoda Griffis, Jason Burkey, Gianna Simone, Kevin Downes e Brody Rose.
Duração: 1h50min
Nota: 5,9