Quando descobri que o livro Cinquenta Tons de Cinza, escrito por E.L James, iria para as telas dos cinemas, a primeira pergunta que veio à cabeça foi: como será que eles vão adaptar essa história? Para quem não sabe (o que eu acho muito difícil rs), o livro/filme conta a história de Anastasia Steele (Dakota Johnson), uma jovem de 21 anos, estudante de letras, recatada, tímida e virgem. Para ajudar a amiga Kate (Eloise Mumford), ela vai até Seattle entrevistar o multimilionário Christian Grey (Jamie Dornan). A partir daí, nasce uma relação bastante complexa entre os dois. Com a descoberta amorosa e sexual, Anastasia conhece os prazeres do sadomasoquismo, tornando-se objeto sexual do dominador e sádico Christian.
Essa é a história principal e não há mais nada a acrescentar. Isso mesmo. Eu li o livro e sabia disso. No entanto, a maior expectativa de todos com relação ao filme, dirigido por Sam Taylor-Johnson, eram as cenas eróticas, pois 90% do livro retrata, de forma explícita, as relações sexuais de Ana e Christian. Acredito que a maior decepção foi que o filme não atendeu isso. O roteiro seguiu direitinho todos os acontecimentos do livro, mas as cenas de sexo foram bem fracas.
Por que estou dizendo isso? Se for feita uma análise, não há uma história profunda, com conflitos e, sim, uma relação intensa que envolve a prática do sadomasoquismo. Se eu fosse definir o livro em uma palavra, diria excitante. Mas, que culpa tem o filme se o livro não tem história?
A verdade é que o filme pecou nas cenas de sexo e nas interpretações. Assim como o livro é excitante, a versão cinematográfica também deveria ser. Já com relação aos personagens, faltou mais de entrega. Nesse caso, eu dou crédito à Dakota Johnson, pois eu consegui enxergar a Anastasia, sua personalidade e paixão por Christian. Já a interpretação de Jamie Dornan ficou a desejar. Pra começar, cada um deve ter imaginado um Christian Grey diferente e, acredito que muitos não conseguiram enxergar o personagem quando o ator foi escalado para o filme. Depois de assistir a trama, eu consegui enxergar o Christian, porém sua interpretação foi muito endurecida e robótica. Queria ver mais o seu lado sensual, sádico e misterioso. Digo isso, pois algumas cenas confirmam isso, como quando ele chama Ana de “baby”. Ao invés de soar sexy, soa como uma piada (muitos riram durante o filme quando fui assistir). Não ficou nenhum pouco legal.
Os outros personagens não passaram de meros coadjuvantes, quase figurantes. Os irmãos de Christian, Mia (Rita Ora) e Elliot (Luke Grimes) e o amigo de Ana, José (Victor Rasuk) mal aparecem. Eles deveriam ter tido mais espaço, mais diálogos (e bons) e mais ações. Os únicos que mais aparecem são os pais dos protagonistas. Com relação à trilha sonora e fotografia, não posso me queixar, pois acho que ambos atenderam as expectativas.
O que teve e o que não teve
Veja as diferenças do livro e do filme:
– No livro, Anastasia troca muitas mensagens com Christian. Muitas mesmo. No filme, essa troca de emails e sms são poucas;
– Anastasia pega emprestado o famoso vestido ameixa com a amiga Kate. No filme, ela já aparece com o vestido e o empréstimo nem se quer é mencionado;
– No livro, a discussão sobre o contrato acontece no hotel onde Grey está hospedado. No filme, isso acontece no escritório de Christian;
– O contrato traz termos muito mais pesados. No filme, o uso das palavras é amenizado;
– Anastasia consegue o estágio em uma editora e o personagem Jack Hyde (chefe de Ana) é introduzido na história. No filme isso nem sequer é mencionado.
– Após a formatura, ela e Christian vão para suas respectivas casas. No filme, a cena vai direto à comemoração de Grey e Ana com os dois tomando champanhe em uma xícara de chá.
– No final do livro, Ana termina com Christian, vai para casa e chora por causa do rompimento. No filme, Ana termina com o empresário e os dois se despedem no elevador.
Com certeza deve ter mais coisas, mas não estou lembrando.
Considerações finais
Apesar de todos esses pontos negativos, Cinquenta Tons de Cinza é um filme que desperta a curiosidade de todos, até mesmo daqueles que odeiam a história. Disparado na bilheteria, acredito que haverá a continuação (Cinquenta Tons Mais Escuros e Cinquenta Tons de Liberdade), até porque a cena final do filme é cortada bruscamente, o que deixa vários telespectadores irritados. Eu já sabia que seria assim.
Se sair os próximos filmes vou querer ver sim. Mas de verdade? Espero que os próximos sejam melhores, pelo menos nas interpretações e, principalmente, nas cenas de sexo, já que a história não dá para mudar.
Ficha Técnica
Cinquenta Tons de Cinza
Direção: Sam Taylor-Johnson
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Eloise Mumford, Luke Grimes, Victor Rasuk, Jennifer Ehle, Marcia Gay Harden, Rita Ora, Max Martini, Callum Keith Rennie e Andrew Airlie.
Nota: 4,0