Sabe quando você não cria expectativas com relação ao filme e a trama te agrada? A Visita é um exemplo. Dirigido por Manoj Nelliyattu (Night) Shyamalan, a história traz uma premissa muito simples: dois irmãos resolvem passar uma semana na fazenda dos avós, enquanto a mãe descansa e se diverte em um cruzeiro. O que parece ser algo rotineiro torna-se bastante perturbador quando os netos e, ao mesmo tempo os espectadores, descobrem que algo muito estranho ronda os idosos.
A Visita agrada o público por três fatores. A primeira é o roteiro simples e bem estruturado. Os diálogos não são complexos e ricos, mas também não são esdrúxulos. A narrativa é linear e crescente, ou seja, nos dois primeiros atos, o espectador acompanha a evolução dos personagens e da história até seu ápice. O segundo fator é o próprio terror. O público é pego de surpresa de forma natural. As cenas de susto são simples e funcionam perfeitamente. Ou seja, não foi necessário recorrer ao exagero de elementos escatológicos para criar o horror aos olhos de quem assiste. O terceiro fator bastante usado no filme é o humor. Em outras resenhas, eu sempre reclamei do uso de piadas em filmes de terror. Pra mim, essa mistura nunca deu certo, pois sempre quebrava a emoção (medo) que a trama propunha. Só que dessa vez, a técnica funcionou. O roteiro é recheado de piadas e raps (isso mesmo rs) que arrancam risadas de quem assiste. E mesmo utilizando esse recurso, o horror não fica ausente na trama. A piada alivia a tensão, mas o espectador não deixa de se preocupar com a cena seguinte. Por causa desse recurso, fica até difícil classificar o filme. Seria apenas um terror? Nesse caso, eu classificaria A Visita como terror, comédia e suspense.
Assim como esses elementos agradam e funcionam, pode ser que outros três elementos desagradem. O primeiro são os personagens. Pra mim, todas as interpretações foram boas, mas pode ser que algumas pessoas se irritem com um personagem pela forma como ele lida com a situação. Irei comentar sobre isso mais pra frente. O segundo elemento é o uso da câmera. A Visita utiliza o mesmo recurso de filmagem caseira igual aos filmes Atividade Paranormal e a Bruxa de Blair. Os personagens sempre estão com a câmera na mão gravando tudo o que acontece, o tempo todo. Se você é fã dessa técnica, OK. Mas, quem não é talvez se incomode bastante, pois o filme é assim do começo ao fim. O último elemento é o terceiro ato. O espectador se surpreende com a situação após fazer a grande descoberta, além de achar as cenas seguintes mais aceleradas com o objetivo de dar um fim decente à história. Aqui, a trama também recorre aos famosos jump scares, técnica clichê usada nos filmes de terror, para direcionar a história ao seu ponto final.
Personagens
As interpretações são muito boas, mas há dois personagens que ganham destaque na trama. O primeiro é Tyler, interpretado por Ed Oxenbould. O garoto é astuto, inteligente e bastante brincalhão. Ele é o grande responsável pela maioria das piadas e autor de todos os raps cantados durante o filme. Por ser o irmão mais novo e meio “malandro”, sua personalidade é 8 ou 80, ou seja, ele vai conquistar ou irritar o espectador. A mim ele conquistou e muito.
Quem surpreende também é atriz Deanna Dunagan no papel de Doris. Aparentemente ela é a típica vovó fofa, meiga, agradável, que prepara cookies e faz todos os mimos dos seus netinhos. Porém, o horror fica sob sua responsabilidade, já que é ela quem apresenta os distúrbios mais perturbadores da trama. A personagem deixa o público bastante aflito com suas loucuras momentâneas e expressões frias e assustadoras.
Rebecca (Becca), interpretada Olivia DeJonge, é a peça principal da trama. A história se desenvolve por meio do documentário que a garota propõe a fazer para relatar a rotina de sua família e também para desvendar o passado que separou sua mãe de seus avós. Os acontecimentos a deixam assustada, mas isso não a impede de ir atrás da verdade. O medo a faz agir de forma impulsiva para se defender, mas, em muitas cenas, suas atitudes são bem pensadas.
O avô John (Peter McRobbie) é um personagem que assusta quando quer, mas, ao mesmo tempo, é neutro. Ou seja, ele não faria tanta falta se ficasse ausente no filme, pois ele está ali mais para acobertar o lado sombrio de Doris. Já Paula (Kathryn Hahn) é a típica mãe que se preocupa com os filhos o tempo todo, principalmente quando eles partem para a fazenda. Suas cenas são poucas, mas são fortes e marcantes. Em nenhum momento o espectador se esquece da personagem. Além disso, é ela quem dá o ponta pé inicial da virada na história.
A Visita é um filme de terror/comédia/suspense que agrada pela dose certa de horror e surpreende com bom roteiro, bons personagens e um humor que funciona bem com o terror. O final da trama não é surpreendente, mas agrada o público. É um filme que vale a pena assistir para quem curte terror e uma boa opção de passatempo.
E aí? Quem assistiu A Visita? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
A Visita
Direção: Manoj Nelliyattu (Night) Shyamalan
Elenco: Olivia DeJonge. Ed Oxenbould, Deanna Dunagan, Kathryn Hahn e Peter McRobbie.
Duração: 1h34min
Nota: 7,5