The Animals, um título que traz um significado pesado e triste, pois é assim que as detentas de Litchfield são tratadas: como animais. Há onze episódios vimos as personagens serem abusadas psicologicamente e fisicamente; onze episódios que choramos pelo descaso com a mulher. Orange Is The New Black vai muito além do crime cometido: a série mostra o dia a dia da mulher na cadeia, a falta de direitos; a ausência do Estado e o abuso de poder. Sem dúvida, este foi o melhor e o pior episódio que a série nos apresentou até hoje. O melhor por ser um tapa na cara da sociedade; o pior porque mesmo que ainda lutemos por nossos direitos, muitas ainda pagam pelo pato. Infelizmente, tivemos que dar adeus a uma personagem querida desta série, alguém que estava evoluindo dentro da cadeia, construindo um relacionamento e pensando no futuro quando saísse de lá.
Quem já assistiu ao episódio sabe que estou me referindo a Poussey. Infelizmente o seu final foi trágico e absurdo, pois em pleno século XXI, a mulher ainda é submetida a violência e ao abuso, seja lá qual for a sua forma. Aqui, vimos desde o começo da temporada o abuso dos guardas com as detentas, a evolução dessas ações e as consequências que ela poderia trazer. O décimo segundo episódio estourou essa bolha e, agora, vai ser difícil limpar tudo isso sem deixar marcas.
Poussey e Soso estavam planejando o futuro juntas. Entre todas, Poussey foi a única que quis olhar para frente. Que adianta agora olhar para trás? O certo é fazer diferente daqui em diante. Ela quer uma casa, um relacionamento sólido e um trabalho e até fiquei feliz quando Judy King promete lhe ajudar. Uma pena que todo esse sonho foi destruído durante a manifestação que as garotas fizeram no refeitório. O pior disso foi que Poussey foi atingida por um dos guardas que aparentava ser o mais bonzinho: Bayley.
Aqui, acompanhamos o flashback da vida do rapaz e como ele foi parar em Lichfield. Por ainda ser um adolescente/adulto, Bayley teve atitudes feias e totalmente infantis, como ser irresponsável no trabalho, jogar ovos na casa do ex-patrão e até mesmo e uma das detentas, que por sinal era Frieda – enquanto limpava a rua. “I’am a fucking human”. Uma frase simples e tão forte. É aí que Bayley começa a rever os seus atos. Mas, em Litchfield, existe uma explicação para o que ele fez com Poussey? Foi por impulso, desespero, medo? Será que, naquele momento, ele lembrou que todas ali são humanas? Poussey teve o final trágico, mas também quem levou a pior foi Suzanne, pois mexeram com a fragilidade da personagem e isso também foi desumano.
Foi lindo ver todas as mulheres de Litchfield deixar o preconceito de lado para se unir contra os opressores. Todas de pé na mesa protestando pelos seus direitos, por uma condição melhor na cadeia. Mesmo em coro, não foi possível reverter a situação, pelo contrário, o movimento que era pacífico acabou em tragédia como citei anteriormente.
E Caputo? Resolveu agir somente agora? Depois que o circo pegou fogo? Impossível defendê-lo neste momento, pois até mesmo Piscatella sabe o quanto o diretor foi ausente todo esse tempo. E por causa disso, o capitão resolveu agir por conta própria, deixando Caputo de mãos atadas. Diante desse final trágico, quero ver o que o diretor irá fazer daqui em diante e espero que todos os guardas paguem por seus atos.
Mesmo com um plot tão forte, sensível e triste, não posso deixar de lado dois pontos muito importantes que também aconteceram neste episódio: Sophia finalmente saiu da solitária! Finalmente alguém se mexeu e a tirou daquele lugar horrendo. Mas as marcas ainda permanecem nela e torço para que ela supere esse trauma de cabeça erguida. Gostei de ver a Mendoza e Sophia juntas. Aliás, precisam tirar a irmã de lá também, porque não é justo deixá-la presa sendo que foi ela quem armou todo o plano para ajudar a amiga. Além dela, também gostei de ver Boo e Doggett fazendo as pazes. No entanto, já sabemos a posição que Doggett tomou com relação ao policial Donuts e o que Boo pensa a respeito disso. Assim como Boo, não concordo em perdoar o que Coates fez, mas Dogget o perdoou. Algumas vezes, não entendemos a forma de pensar da pessoa, mas temos que respeitar. Mas gostei de ver a Boo dando um belo tapa na cara de Donuts. O aviso foi dado.
The Animals marca tragicamente a reta final da quarta temporada de Orange Is The New Black. Foi um episódio que me marcou e até agora não consegui tirá-lo da minha cabeça, pois sei que tudo isso que vimos na série também acontece na vida real. Com certeza a season finale fará uma homenagem a Poussey e mostrará as consequências dessa tragédia. Vamos ver o que vai acontecer com cada um ali dentro.
E aí, o que acharam do episódio? Deixem nos comentários!
PS: Espero que Judy King conte à imprensa o que aconteceu com Poussey.
PS 2: Depois de ter chamado Poussey de covarde, Soso ficará com a consciência mais do que pesada.
PS 3: Daya está ficando chata de novo.
PS 4: Ver Red chegar à exaustão e pedir socorro a Healy foi de doer o coração.
Avaliação
Melhor personagem: todas
Melhor cena: a manifestação no refeitório; o fim trágico de Poussey
Nota: 10