Vox Lux – O Preço da Fama é uma jornada intensa, dramática e escandalosa sobre Celeste que, da forma mais brutal, joga ao mundo o seu talento e constrói o sucesso e a fama sob altos e baixos, mas também sob feriadas não tão bem cicatrizadas.
Dirigido por Brady Corbet, o roteiro entrega uma narrativa dividida em capítulos em que o espectador acompanha três grandes momentos da vida de Celeste: na escola, a descoberta do talento e o auge da fama. Não vou negar, Vox Lux te pega desprevenido e prende a sua atenção com uma sequência chocante e brutal, em que Celeste é uma das poucas vítimas que escapa. A cena é inesperada e o público sente o impacto do trauma na protagonista, sem saber como vai lidar com tudo, uma vez que ela não só presencia a grande tragédia a poucos centímetros, como também carrega sequelas que a lembrarão desse dia fatídico.
O filme se importa em entregar boa parte do tempo a construir uma narrativa em que vamos conhecer direito a personagem desde a tragédia até o início de sua carreira como cantora. O sucesso vem devido à música que ela faz em tributo aos seus amigos, tornando a canção mais escutada no mundo. Assim, ela dá o primeiro passo rumo aos palcos, ao lado de sua irmã mais velha Eleanor (Ellie) e seu agente musical, interpretado por Jude Law. Neste ato, acompanhamos a primeira transformação da protagonista, o seu esforço em seguir em frente, ao mesmo tempo que lembranças angustiantes a interrompem de vez em quando. Raffey Cassidy está muito bem no papel, tem uma boa atuação, conquista o olhar do público especialmente na primeira cena, entregando uma personagem semi-evoluída para Natalie Portman.
Assim que o roteiro ingressa na próxima fase, nos deparamos com uma excelente performance de Portman, que traz uma sequência de emoções que faz você rir e sentir pena ao mesmo tempo. No auge de sua carreira, Celeste é volúvel, temperamental, extremamente dramática com qualquer pequeno problema que possa vir acontecer, e tudo isso a torna esplendorosa na tela, mas também desperta certa irritabilidade no espectador, mesmo que se tenha conhecimento sobre os motivos dela agir desta forma.
No terceiro ato até o final, acompanhamos um único dia da protagonista, que inicia com uma coletiva de imprensa e termina com um grande show de sua nova tour ‘Vox Lux’. Entre idas e vidas pelo hotel, uma entrevista e outra, vemos uma Celeste perturbada, histérica, calma, enfurecida, amorosa e afiada, um mix de emoções difícil de definir quem ela é atualmente, mas possível de compreender que há uma evolução externa e uma revolução interna na personagem.
Por termos uma personagem cujas camadas são complexas, o grande problema é que o filme não explora essa complexidade rica de Celeste e não entrega momentos mais intimistas, diálogos mais reflexivos e reveladores que poderiam mostrar os problemas que ainda persistem em sua mente e seu corpo. Por mais que seja até interessante de acompanhar, o filme foca apenas em diálogos histéricos e carregados de drama, seja Celeste preocupada com sua filha Albertine, carregada de ódio e rancor pela irmã (que também não é tão bem explorado), enfurecida com jornalistas e paparazzi e grata com o seu agente.
Considerações finais
Vox Lux – O Preço da Fama tem um desfecho esplendoroso que traz uma faceta plena e fabulosa de Celeste. Porém o final deixa claro que o filme não tem um propósito, objetivo ou uma mensagem a ser dita ao público, mostrando apenas uma transformação superficial e uma ferida interna não cicatrizada da personagem.
Mesmo com ressalvas, o filme impacta com cenas fortes e traz uma ótima performance de Natalie Portman, mesmo que não seja bem aproveitada.
Ficha Técnica
Vox Lux
Direção: Brady Corbet
Elenco: Natalie Portman, Jude Law, Raffey Cassidy, Stacy Martin, Jennifer Ehle, Maria Dizzia, Natasha Romanova, Daniel London, Sophie Lane Nolte e Christopher Abbott.
Duração: 1h50min
Nota: 6,0