Primeiramente peço mil desculpas pela demora! Eu sei que o Oscar já passou, mas a TAG Oscar 2015 continua no Pipoca na Madrugada. Para dar continuidade, o filme da vez é O Jogo da Imitação, dirigido por Morten Tyldum. A história relata a vida do matemático Alan Turing, interpretado por Benedict Cumberbatch. Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico forma uma equipe para quebrar o Enigma, um famoso código que os alemães usavam para enviar mensagens aos submarinos. Aos 27 anos, Turing é escalado para desvendar esse código. Estritamente lógico e focado somente em seu trabalho, ele apresenta problemas de relacionamento, principalmente com os seus colegas de trabalho. Apesar desses contratempos, ele lidera o grupo com o grande objetivo de construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades de decodificar o Enigma em apenas 18 horas. Além de relatar o árduo trabalho do grupo para sair à frente dos alemães, o filme também ressalta a homossexualidade de Turing, um dos pontos altos da história.
Com um roteiro adaptado e muito bem escrito, posso dizer que O Jogo da Imitação é um filme redondo. Como assim? A história é muito bem moldada, lapidada, em que o telespectador acompanha as três fases da vida de Alan Turing: a adolescência, onde conhecemos sua personalidade; os conflitos durante a guerra, tanto para lidar com a montagem da máquina quanto com as pessoas em sua volta; e os dias de sua condenação por ser homossexual. O filme investe neste momento específico de sua vida, mas achei que faltou um pouco mais de ousadia e movimentação nas cenas. Senti falta das cenas de guerra, um elemento complementar que traria mais força à história.
Com relação ao personagem, Benedict Cumberbatch está excelente no papel. O ator interpreta um Alan inteligente, genial, arrogante, anti-social, narcisista e desprovido de sentimentos. Posso dizer que eles acertaram em cheio ao escolher Benedict, pois ele já nos deu uma prova de sua brilhante performance na série Sherlock. Aliás, essas características são bem comuns entre os dois personagens, não acham? Quando disse que a história deveria ter mais cenas de guerra, foi porque tal elemento reforçaria a personalidade de Turing, ou seja, mostraria o quanto ele se importava somente com a construção da máquina, deixando guerra em si em segundo plano. Espero que meu ponto de vista tenha ficado claro. rs
Keira Knightley é a força plus do grupo, interpretando Joan Clark. A personagem traz carisma, dedicação, paciência e inteligência não só para desvendar o código, mas também para lidar com a personalidade de Turing. Ela revela ao telespectador o outro lado do protagonista e o ajuda até o último momento.
Os personagens Hugh Alexander (Matthew Goode), Stewart Menzies (Mark Strong), Peter Hilton (Matthew Beard) e John Cairncross (Allen Leech) são os integrantes do grupo que fazem parte do conflito em volta de Alan Turing, pois logo de cara os rapazes não aceitam sua forma de liderar e muito menos o seu jeito de ignorar e desprezar as pessoas ao redor. Uma das cenas que retrata isso, de forma até engraçada, é quando um deles chama Alan para almoçar e ele finge que não escuta e depois fica falando “O quê? Almoço? Traz pra mim um sanduíche.” No entanto, ao longo do filme, eles aceitam a personalidade de Turing e engatam na jornada da construção da máquina ao seu lado. Essa fórmula é bem típica nos filmes: a pessoa que não aceita a outra de primeira, mas depois se junta a ela para salvar algo ou alguém. No entanto, deu certo na história.
O Jogo da Imitação é um filme curioso por tratar não só a vida do matemático, mas também por ressaltar sua homossexualidade. O final mostra que tudo o que ele passou não foi levado em consideração pelo simples fato de ser gay, algo que vemos muito nos dias atuais e em diversas situações. É um filme que vale a pena assistir, sem dúvidas, porém, não é um dos meus preferidos.
O Jogo da Imitação levou o Oscar de melhor roteiro adaptado. Já assistiram? Contem-me o que acharam nos comentários!
Ficha Técnica
O Jogo da Imitação
Direção: Morten Tyldum
Elenco: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Mark Strong, Matthew Beard, Allen Leech, Charles Dance e Rory Kinnear
Duração: 1h55min
Nota: 8,0