Se estava com saudades de um filme divertido e aventureiro, talvez Jungle Cruise seja um dica interessante para assistir, afinal, o novo longa da Disney não é só inspirado na atração da Disneyland como traz lembranças nostálgicas de filmes memoráveis deste gênero como Indiana Jones e Piratas do Caribe, que encanta com uma dupla de protagonistas com carisma, traz uma maldição e uma árvore mágica que fazem tudo acontecer e vilões para dar uma chacoalhada na história, mas que não são o ponto importante da trama, uma vez que a própria selva e seus percalços são os responsáveis em elaborar a grande aventura ao longo de duas horas.
Dirigido por Jaume Collet-Serra, Jungle Cruise acompanha a Dra. Lily, especialista em botânica, que viaja de Londres para a floresta amazônica em busca das Lágrimas da Lua, uma árvore milenar com propriedades curativas únicas que tem o poder de mudar o futuro da medicina.
Para chegar ao local misterioso, em que muitos morreram no meio do caminho, Lily contrata os serviços questionáveis do capitão Frank, que desfruta da curiosidade dos turistas para ganhar uma grana e aplicar pequenos golpes durante os cruzeiros pelo rio abaixo em seu barco. Juntos nesta jornada épica, a dupla improvável enfrenta forças sobrenaturais à espreita na beleza enganosa da selva exuberante. Mas, à medida que os segredos da árvore perdida são revelados, os perigos aumentam ainda mais para Lily e Frank, em que o destino deles e o da humanidade está por um fio.
O maior charme de Jungle Cruise está na ambientação do filme, carregada de CGI – alguns bons, outros nem tanto – em que a floresta amazônica e os percalços no rio são o grande cenário protagonista encarregado de elaborar as melhores aventuras para os personagens, desde animais perigosos, águas turbulentas, árvores, galhos e folhas que escondem armadilhas e truques. Mesmo com alguns efeitos nítidos demais aos olhos do público, o filme não perde a sua beleza com uma fotografia extremamente colorida e ensolarada, enquanto outras cenas ganham tons escuros para representar e enaltecer o lado sombrio e perigoso da floresta.
O primeiro ponto que move a narrativa é a lenda por trás da árvore capaz de trazer a cura para a humanidade. Logo no início, o público toma conhecimento desta lenda e os primeiros a irem atrás desta magia, como é o caso do explorador Aguirre, que teve um fim trágico por conta de sua ambição, seu egoísmo e crueldade, submetendo o personagem a uma maldição tortuosa, que seria ressuscitada mais tarde. Aliás, tal maldição é a grande essência da narrativa que não só explica os segredos da floresta, a razão para árvore ser protegida, como também os plots twists mais interessantes à dupla de protagonistas, especialmente para Frank.
Outro ponto relevante do filme que cria uma boa atmosfera aventureira são as cenas coreografadas de lutas, fugas e perseguições que ganham um ‘estilo desenho animado’ em alguns momentos, em que os personagens estão pendurados em janelas e cordas, pulando muros, cercas e caixotes, lutando contra aqueles que querem capturar ou machucar, uma vez que são os responsáveis por guardar o objeto essencial que irá ajudar a encontrar a localização correta das Lágrimas da Lua. Tais cenas são boas e engraçadas, que não só prendem a atenção do espectador, como também contribui para a dinâmica de ‘morde e assopra’ de Lily e Frank.
Não só pela ambientação, mas também por estas cenas que Jungle Cruise bebe de lembranças nostálgicas dos filmes Indiana Jones e Piratas do Caribe, em que alguns momentos vão fazer a memória do espectador voltar para estes longas, como por exemplo na cena em que a dupla é capturada por uma tribo em uma parte sombria da floresta que faz uma grande referência à Piratas do Caribe 2: O Baú da Morte.
Personagens
Confesso que nunca imaginei Emily Blunt e Dwayne Johnson em um filme juntos até assistir Jungle Cruise, e posso dizer que o resultado é divertido e satisfatório. A dupla entrega carisma do início ao fim e uma química em que os personagens discutem e provocam à medida em que um conhece o outro e o laço da confiança passa a ser construído em meio a essa aventura turbulenta e caótica, com direito aos dois falarem algumas palavras em português no decorrer da trama.
Emily Blunt entrega uma performance eletrizante em que Lily é uma personagem inteligente, sagaz, teimosa e insistente naquilo que almeja, o que torna a aventura ainda melhor.
Mais uma vez, Dwayne Johnson diverte com sua atuação e é quase impossível você não curtir seus personagens (desculpem haters do The Rock). Frank é debochado em suas falas, piadas e trocadilhos que ora irritam ora divertem pelo tom irônico do personagem, que tem intenções duvidosas no início por conta de seus pequenos golpes aplicados, mas que são esquecidos à medida que o público conhece melhor suas camadas, a dinâmica com Lily e, principalmente, o seu segredo que traz um plot twist bem interessante ao filme. Aliás, Jungle Cruise acrescenta mais uma cena épica de lutas surreais ao currículo do ator que, desta vez, entra em confronto com uma onça. Impossível não dar risada neste momento.
O ator Jack Whitehall é MacGregor, irmão de Lily, que aceita se aventurar nesta missão, apesar de não concordar com certas decisões e impetuosidades da irmã. MacGregor traz uma representatividade LGBTQIA+ batida e sem novidades ao filme, em que o personagem conta sua história em uma única cena e o público o compreende sem se surpreender. Também é possível se divertir com algumas cenas em que o personagem se encontra em alguma situação inusitada.
Já o ator Jesse Plemons é o príncipe Joachim, que deseja adquirir a magia da árvore para vencer a 1ª Guerra em nome do bem maior que, no caso, é em nome do bem para ele mesmo. Jungle Cruise o coloca como um dos vilões, mas que na verdade se torna mais um obstáculo aos protagonistas e não mais do que isso.
Crítica: Um Lugar Silencioso Parte 2
Assim como o príncipe, Aguirre desperta da maldição para servir de obstáculo aos personagens no filme. O ator Edgar Ramirez faz uma participação especial satisfatória que ajuda a contar os bastidores da lenda, além do segredo de Frank, sem oferecer nada a mais. A caracterização do ator é repleta de efeitos especiais que não ficam a desejar e até lembram o personagem Davy Jones, antagonista de Piratas do Caribe 2 e 3.
Considerações finais
A reta final traz mais plots twists bons e emocionantes que entregam um desfecho feliz e aventureiro. Jungle Cruise bebe da fonte de outros filmes clássicos de aventura e não traz tanta originalidade, mas agrada e diverte com o cenário aventureiro bem elaborado, protagonistas improváveis cuja química funciona e a dinâmica provocativa torna os momentos mais atrativos e engraçados ao espectador, há boas cenas coreografadas, reviravoltas interessantes e vilões esquecíveis, mas que, ainda assim, contribuem nos percalços desta aventura.
Jungle Cruise é aquele filme bom e divertido para curtir em uma tarde preguiçosa e relaxante.
Ficha Técnica
Jungle Cruise
Direção: Jaume Collet-Serra
Elenco: Emily Blunt, Dwayne Johnson, Jack Whitehall, Edgar Ramirez, Jesse Plemons, Paul Giamatti, Veronica Falcón, Dani Rovira, Quim Gutiérrez, Dan Dargan Carter, Raphael Alejandro e Simone Lockhart.
Duração: 2h08min
Nota: 7,2