Com o retorno da franquia Star Wars e os sucessos de O Despertar da Força e Os Últimos Jedi, a Disney e LucasFilm decidiram expandir o universo com spin-offs, como é o caso de Rogue One e, agora, Han Solo: Uma História Star Wars (Han Solo: A Star Wars Story) Vou confessar que não sou fanática pela saga, mas gosto e adorei tanto o Despertar quanto os Últimos Jedi. No entanto, quando achei que haveria um ‘respiro’ entre um filme e outro, fomos surpreendidos com o longa focado em um dos personagens de sucesso interpretado por Harrison Ford. No entanto, será que este filme é realmente necessário? Ele acrescenta informações que vão fazer a diferença dentro da franquia? Infelizmente não, mas vou explicar o porquê.
Dirigido por Ron Howard, Han Solo: Uma História Star Wars tinha tudo para ser um filme promissor e extremamente bom, afinal, traz uma trama focada em um personagem importante do universo, o elenco é bom e acredito que muitos gostam de todos, apresenta efeitos especiais bons e uma gráfica boa. Mas, mesmo com esses elementos, o filme não consegue fazer o público se importar com quase nada. A história não traz uma relevância quanto se espera; os personagens não ganham um grande destaque como merecem e à altura de Star Wars; o vilão é mediano, quase inútil ao filme; o alívio cômico é forçado em alguns momentos e não causa nenhum efeito; e o mais triste é que você sai do cinema com a sensação de que em poucos minutos você vai esquecer de tudo o que viu, pois quase nada impacta, nem mesmo a música tema de Guerra nas Estrelas.
Han Solo se passa uns 10 a 15 anos antes de Star Wars: Uma Nova Esperança, focando nas aventuras do emblemático mercenário Han Solo. O filme mostra como era a vida do protagonista, um criminoso em constante fuga, até que ele consegue escapar da sua cidade e ingressar na academia de pilotos. A partir daqui, Han Solo inicia uma jornada que apresenta boas curiosidades do mundo Star Wars. Descobrimos como o personagem conhece o seu bom e velho amigo Chewbacca (Joonas Suotamo); como ele incorpora certos trejeitos, como o jeito de pegar em uma pistola e atirar, a famosa frase “eu te amo/te amo e eu sei”, as circunstâncias que o levam a conhecer Lando Calrissian e, é claro, como ele ganha a lendária Millenium Falcon. Em termos de fan service, o filme cumpre e acerta o passo, porém o roteiro peca em trazer um trecho muito específico da vida de Han Solo e desenvolver uma história fraca, sem entusiasmo e sem nenhuma conexão pertinente com os filmes Star Wars, algo que você possa falar “isso aconteceu, então é por isso que Han age dessa forma nos outros filmes”. Entendem o que eu quero dizer?
Assim que acompanhamos o ingresso e a expulsão de Han Solo da academia de pilotos e o início da sua jornada ao lado de Tobias Beckett, Lando e Qi’ra, o filme ganha um tom de guerra e, logo depois, torna-se um ‘filme de roubo’. De vez em quando, o longa relembra que faz parte do universo Star Wars ao jogar uma referência ou outra na tela. Não vou dar spoilers, mas só para não ficar muito subtendido, a trama mostra que Han Solo tem uma missão e precisa cumpri-la, explorando o seu lado criminoso, mas também honrado e digno ao tomar as decisões certas. O grande problema é que praticamente o filme todo se passa nesse nicho, deixando de lado o vilão e fazendo o público esquecer o seu ropósito que, no caso, é conhecer o protagonista. Isso deixa a história fraca, chata e muito monótona, ficando a anos luz do que estamos acostumados a ver em Star Wars. Claro que para quem quer matar a curiosidade sobre alguns fatos sobre a vida de Han Solo já citados em outros filmes, este aqui até cumpre o que promete, mas não espere mais do que isso.
Com relação aos personagens, posso dizer que o elenco está bem, mas não existe um peso dramático em nenhum deles. Alden Enrenreich consegue entregar o seu próprio Han Solo, sem fugir do que conhecemos do personagem interpretado por Harrison Ford. O ator cumpre o seu papel e tem uma boa química com todos em tela.
Emilia Clarke é Qi’ra, amiga de Han que entra junto na missão por um motivo. Não dá para falar muita coisa a respeito dela, pois seria spoiler. Mas posso dizer que Emilia até está bem, mas não se destaca e não tem nenhuma grande cena que torne sua personagem memorável.
Donald Glover é Lando e gostei de sua atuação, especialmente nas cenas em que ele faz com a robô L3-37 (Phoebe Waller-Bridge). A dupla interage bem e traz momentos divertidos e bons ao público. Apenas isso.
Woody Harrelson está bem na pele de Beckett e, acho que por gostar do ator, ele agrada no filme, mas o roteiro não ajuda muito no seu desenvolvimento. Há uma reviravolta com ele que tenta surpreender, mas até lá você já está tão desempolgado que simplesmente você não se importa muito com isso.
Enquanto Thandie Newton faz uma breve participação no filme, Paul Bettany é praticamente jogado fora. Interpretando o antagonista Dryden Vos, o vilão mal aparece, tornando-se completamente inútil à trama, muito menos ameaçador. Um desperdício de personagem e talento do ator.
Considerações finais
Han Solo: Uma História Star Wars não é um filme necessário, mas já que existe, a trama poderia ter se conectado melhor ao que já vimos na franquia Star Wars. Infelizmente o longa passa longe disso, trazendo um roteiro focado em um momento muito específico e monótono, com diálogos medianos e alívios cômicos que não causam efeito. Alguns personagens são bons, mas não se destacam; outros se tornam completamente descartáveis. É um spin-off que pode decepcionar os fãs de Star Wars, mas visto como um simples filme de aventura e ficção científica, pode ser que agrade alguns.
Ficha Técnica
Han Solo: Uma História Star Wars
Direção: Ron Howard
Elenco: Alden Ehrenreich, Emilia Clarke, Woody Harrelson, Donald Glover, Paul Bettany, Thandie Newton, Phoebe Waller-Bridge, Joonas Suotamo, Ian Kenny, John Tui, Warwick Davis, Clint Howard, Anthony Daniels, Kiran Shah, Lily Newmark e Ray Park.
Duração: 2h15min
Nota: 5,0