Godzilla 2: Rei dos Monstros (Godzilla 2: King of the Monsters) nada mais é do que um grande espetáculo monstruoso que o público anseia para ver na tela o quanto antes. Os titãs poderosos e imponentes são os grandes protagonistas de uma trama concisa, cujos personagens humanos tem os seus momentos satisfatórios em cena, mas nada que supere a grandeza destes seres que surgem na Terra para cumprir uma missão. Em termos de entretenimento, o filme funciona bem, mas será que é suficiente?

Dirigido por Michael Dougherty, a trama se passa após os eventos de Godzilla de 2014, em que o titã destrói toda a São Francisco, nos Estados Unidos, deixando a cidade às cinzas. A partir daqui, acompanhamos Dra. Emma (Vera Farmiga), Mark Russell (Kyle Chandler) e sua filha Madison, ainda pequena, desesperados à procura de seu filho, Andrew, desaparecido entre os escombros. Os anos passam e a perda do garoto afeta a família, separando o casal e deixando a filha (Millie Bobby Brown) sob os cuidados da mãe, que foca o seu tempo em construir um aparelho capaz de “controlar” os monstros.
Atualmente, a agência cripto-zoológica Monarch entra em confronto com o governo do país para entregar argumentos suficientes de que tais monstros devem permanecer ilesos na Terra, e não aniquilados como desejam as autoridades. Enquanto monitoram os passos de Godzilla pelas profundezas do oceano, eles também acompanham o nascimento de Mothra e outros monstros gigantescos que, até então, não passavam de mitos. Quando finalmente Emma é capaz de utilizar o aparelho de controle, um grupo de eco terroristas invadem o laboratório e sequestram a doutora e Madison com um único objetivo: libertar todos os monstros identificados, inclusive os mais mortais. Para evitar uma destruição total, o único que pode derrotá-los em uma batalha monstruosa (literalmente) é Godzilla.

Godzilla 2 é um grande show de efeitos especiais em que os monstros são os protagonistas de um filme que entrega puro entretenimento ao público. Se você gosta de ficção-científica misturada à fantasia, drama, grandeza e lutas épicas e destrutivas, esta história é o passatempo ideal. Impossível não se fascinar com a imponência do Rei dos Monstros – que já tomamos conhecimento sobre sua origem no primeiro filme – e torcer a favor dele, uma vez que os demais titãs são seus arqui-inimigos por natureza: uma vez detectados, Godzilla não hesita em ir atrás de cada um para destruí-los. E é este o ponto crucial da trama, pois a humanidade irá usar esse fator a seu favor para evitar que algo pior aconteça. Mas isso não significa que a confiança seja sustentável, afinal, o embate é com outros da espécie, mas e depois que tudo acabar? Será que o Godzilla está realmente ajudando os humanos ou apenas atendendo os seus interesses, enquanto as pessoas aproveitam para tirar vantagem disso?
Com relação aos titãs, o mais perigoso é Ghidorah, o dragão de três cabeças, que se iguala na grandeza, força e no poder à Godzilla. Infelizmente, o público não toma conhecimento de sua origem (apenas o local onde se encontrava), somente acompanha o confronto, temendo a sua vitória neste embate. Já as demais criaturas como Mothra, a rainha dos monstros, e Rodan ganham mais detalhes sobre a origem e o objetivo de cada um.

Em termos de grandeza, monstros, guerra e destruição, o filme funciona e prende a atenção do espectador, no entanto o ‘calcanhar de Aquiles’ do longa se encontra no roteiro, que entrega uma estrutura concisa, pouco ousada, monótona e nada empolgante. A história em si entrega uma missão radical. A ideia de libertar tais monstros é para reconstruir o ecossistema novamente, uma vez que os humanos são a verdadeira infecção do planeta Terra, causando danos intermináveis e irreparáveis. Uma premissa como é essa tem ousadia, afinal, como torcer para algo que colocará tudo e todos em risco?
De um lado temos a Dra. Emma que é favor desta ideia, enquanto Mark luta para que isso não chegue ao extermínio da humanidade. No meio deste confronto temos Madison, que sofre por não aceitar tal decisão radical, mas deseja encontrar um meio termo para que os pais possam concordar. A premissa é intrigante e um bom gatilho, porém o desenvolvimento é lento e cansativo, dando ‘barrigadas’ no segundo ato (ou seja, a história demora para tomar uma decisão para seguir em frente), o que faz a ansiedade e o interesse do espectador diluir.

O elenco é bom e composto por um time de peso, no entanto, o público não consegue criar um laço forte pelos personagens. Vera Farmiga e Kyle Chandler estão bem e somente se destacam pelo confronto entre pontos de vistas e o que eles podem perder com isso. Por ser o seu primeiro longa-metragem, Millie Bobby Brown está bem no papel e o espectador aceita a ideia de ter uma jovem tomando decisões adultas e radicais em meio ao caos, mas ainda assim, a personagem não tem força suficiente para nos conquistar.

Ken Watanabe, Thomas Middleditch, Sally Hawkins, Bradley Whitford e Zhang Ziyi completam o time que acompanha Godzilla ao confronto com os monstros e luta para que a Terra não seja dizimada. Mas novamente, nenhum deles tem grande destaque – apenas Watanabe tem um momento importante – inclusive, um deles ganha um desfecho brusco, repentino e sem sentimento. Charles Dance é o eco terrorista Jonah, que não causa nenhum tipo temor, apenas servindo de gatilho para o confronto entre titãs.
Considerações finais
O filme entrega um desfecho bom e uma carga de emoção em alguns momentos, deixando portas abertas para a continuação deste universo ficcional Monsterverse. Inclusive, há easter eggs que indicam que um novo filme está prestes a vir.
Godzilla 2: Rei dos Monstros é um espetáculo em termos de efeitos especiais e o grande confronto entre titãs, entregando um grande show monstruoso na tela. Já a história entrega um início promissor, mas se dilui no decorrer do caminho, entregando momentos cansativos e personagens que não se destacam tanto quanto mereciam. Vale a pena assistir pelo show de entretenimento.
PS: Há uma cena pós-créditos. Não saia correndo do cinema.
Ficha Técnica
Godzilla 2: Rei dos Monstros
Direção: Michael Dougherty
Elenco: Vera Farmiga, Kyle Chandler, Milly Bobby Brown, Thomas Middleditch, Ken Watanabe, Charles Dance, Sally Hawkins, Bradley Whitford, Zhang Ziyi, O’Shea Jackson Jr e Aisha Hinds.
Duração: 2h11min
Nota: 6,6