Quase dois anos depois, a série Cobra Kai está de volta na Netflix para sua grande despedida. O Pipoca na Madrugada já assistiu aos cinco episódios da parte 1 da 6ª temporada e posso dizer que a série prepara o terreno para o gran finale desta história que conquistou milhares de fãs.
Neste início, é possível ver parcerias se fortalecendo, enquanto outros laços são desmantelados; a busca pelo equilíbrio entre os senseis, na qual Johnny e Daniel discutem, brigam e cedem sobre os seus respectivos estilos de ensinar no dojo, um ponto que balança a dupla constantemente; o retorno de John Kreese e a formação do novo grupo oponente que promete dar trabalho; destaques para os personagens coadjuvantes, entre o auge e o declínio; o esperado torneio mundial Sekai Takai e suas novas regras que mexem com os participantes, levando ao futuro promissor dos personagens, seja na luta ou nas escolhas que farão para suas vidas.
No entanto, a primeira parte da 6ª temporada de Cobra Kai apresenta algumas ressalvas diante das decisões do roteiro. No geral, a série retorna com o pé direito e vigor, mas há pontos apresentados que podem fazer grande diferença – positiva ou negativa – no decorrer da temporada final. E vou explicar o porquê.
******CONTÊM SPOILERS******
Mesmo dojo, senseis diferentes

Logo no 1º episódio desta 6ª temporada, a série revela que um dos pequenos conflitos da história é encontrar o equilíbrio ideal que respeite os estilos de cada sensei de ensinar, enquanto atendem as expectativas dos alunos para moldá-los como os melhores lutadores de caratê.
Obviamente que encontrar este balanço entre estilo e personalidade entre os senseis não seria nada fácil, especialmente quando se trata de Johnny e Daniel, que conta com o apoio de Chozen. E ainda há um fator de peso: Daniel descobre um passado obscuro do Sr. Miyagi, quebrando a imagem de perfeição do sensei para Daniel, uma vez que ele já batera e roubara quando era jovem.
Tal descoberta abala Daniel, o que o deixa ainda mais resistente em aceitar o estilo de treino e ensinamento de Johnny. Por um lado, é possível entender a chateação de Daniel; mas por outro, já não dá mais para o protagonista continuar resistindo em se adaptar a um estilo diferente no Miyagi-Do, uma vez que o dojo está misturado e necessita aprender a ter equilíbrio e sensatez, mas também força e coragem em atacar.
E digo isso, pois é possível ver como Johnny cede em vários momentos, seja na aceitação do novo nome do dojo, nos aprendizados que teve com o Miyagi-Do e a ajuda de Daniel e Chozen para ser uma pessoa melhor, agora que sua família cresceu.
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Claro que o estilo durão de ensinar continua o mesmo e será necessário aos alunos, já que eles vão enfrentar oponentes fortes que não hesitarão em atacar. Mas o estilo Miyagi-Do também é fundamental para manter a disciplina e a ação no momento certo, sem perder a ética e o respeito.

O fato de Daniel ter descoberto o passado sombrio do Sr. Miyagi também pode ajudá-lo a entender e aceitar melhor que todo mundo tem falhas e pode melhorar, como o sensei conseguiu e, consequentemente, Johnny segue por este caminho. Quem sabe Daniel consiga enxergar melhor.
Com relação ao Johnny, acredito que ele continua sendo o personagem favorito de muitos – assim como é o meu – e vê-lo subir mais um degrau de amadurecimento nesta 6ª temporada é gratificante, seja em busca de um trabalho fixo, a compra de uma casa para sua família e a esperada do bebê com Carmen que, por sinal, serão pais de uma menina, para a alegria de todos.
É legal ver o crescimento de Johnny, enquanto Daniel entra em um caminho mais desafiador, mas que será bom para ele. Espero que este pequeno conflito dê bons frutos aos dois e ao dojo.
Já o Chozen continua bem na trama como um ótimo sensei, servindo de alívio cômico em alguns momentos, além de um bom parceiro para Daniel e Johnny. No entanto, o personagem está um pouco perdido, relutante em enfrentar algumas questões pessoais, enquanto usa o Miyagi-Do como válvula de escape para lidar com os seus sentimentos.
Inclusive, Amanda até se sente incomodada com a permanência de Chozen em sua casa, uma vez que ele precisa do seu próprio espaço, o que pode ser resolvido em breve. No entanto, o que incomodou (e pode incomodar os demais), é que Chozen decide repentinamente voltar para Okinawa, bem no momento que o dojo precisa da ajuda dele para o torneio Sekai Takai. Achei que a decisão de retirar o personagem de cena foi no timing errado.
Parcerias renovadas, laços desfeitos

Enquanto acompanhamos a movimentação do dojo e o preparo para o grande torneio, Cobra Kai apresenta novas linhas narrativas para dar início ao futuro promissor dos personagens dentro e fora do tatame.
É muito interessante ver o quarteto principal pensar no futuro, especialmente o Miguel e a Sam que desejam entrar em uma ótima faculdade, assim como Demetri e Falcão. Alguns estão decididos, enquanto outros buscam por opções para saber qual se encaixará melhor em suas vidas.
A sequência da festa da fraternidade em que Miguel, Demetri e Falcão vão é sensacional, com direito ao trio fazer as pazes com aqueles que brigaram no passado, como é o caso de Kyler, até a cena da briga na festa que é deliciosa de assistir.
De um lado, vemos Robby e Miguel em paz e com uma amizade positiva em seus primeiros passos. Agora que são da mesma família, ambos se respeitam dentro e fora do dojo. Mais do que isso, eles não levam o caratê para o lado pessoal, mas não abrem mão de dar o melhor de si para participar do torneio. Robby quer se destacar e não deseja mais ser o ‘2º lugar’; já o Miguel quer usufruir da luta para garantir a sua vaga na universidade dos sonhos. Ambos têm objetivos honestos e coerentes e é legal ver esta parceria, mesmo que um lado vá perder em algum momento.

Do outro lado, vemos Tory e Sam finalmente darem uma trégua na briga, na qual ambas param de se enxergar como inimigas. A sequência da festa do pijama em que Johnny esquenta as coisas, para que as duas retornem mais ‘ferozes’ na luta, acaba selando uma paz, já que as meninas finalmente colocam as cartas sob a mesa. Infelizmente, esta trégua é temporária, por conta de uma decisão impulsiva de Tori.
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Enquanto isso, Falcão e Demetri ganham mais destaque neste começo da 6ª temporada, colocando os melhores amigos em situações que abalam a amizade, como o fato de Falcão não querer mais ir à mesma universidade que Demetri, o que faz ele se sentir traído pelo amigo. E tal briga alimenta o espírito de competitividade de Demetri, que não dá o braço a torcer para participar do Sekai Takai.
A atitude de Demetri em não aceitar a decisão de Falcão não foi madura da parte dele. É compressível a chateação em não ter o amigo por perto durante a faculdade, mas tal sentimento não pode estragar uma amizade de longa data. Espero que o Demetri enxergue isso o mais rápido possível.
Decisões controversas

A 6ª temporada de Cobra Kai decide abalar novamente a vida de Tori com a morte de sua mãe, um momento muito triste para a personagem, que deveria abraçar e viver o luto. Mas infelizmente, a série não explora tal sentimento, se aproveitando da raiva de Tori para descontar no caratê e conseguir a sua vaga no Sekai Takai.
O que realmente é impulsivo é o fato de Tori novamente dar dois passos para trás, por não acreditar no apoio dos seus amigos e senseis e, sim, no apoio de John Kreese que, em uma única cena e reencontro, influencia Tori a ser sua campeã.
Tori estava no caminho certo, e mesmo com um abalo tão grande em sua vida, este deveria ser o momento crucial em que ela deveria depositar sua confiança no Miyagi-Do, e não no inimigo foragido da polícia.
Além de não deixar a personagem viver o luto, ela sofre uma recaída, é facilmente influenciada pela outra parte, muda para o grupo inimigo, onde tem mais chances de vencer. Mas será que vai valer a pena? Todas essas decisões são bem impulsivas e corridas durante o 5º episódio, momento em que o torneio vai começar. Espero que este plot da Tori ganhe um desenvolvimento melhor na parte 2, sem perder a linha.
Quem também retorna nesta 6ª temporada de Cobra Kai é o Kenny, um personagem que divide opiniões entre o público. Se ele passou por uma lavagem cerebral na temporada passada ao se tornar aluno de Terry Silver, aqui, ele tem a chance de se redimir e ingressar em um dojo de caratê idôneo e honesto.
Robby não desiste de Kenny e até bate de frente com Sean, em que o próprio enxerga que o irmão não está bem e pode escolher o caminho errado. Kenny ingressa ao Miyagi-Do, mas infelizmente ele não perde aquela postura de marrento, o que faz ele continuar bastante chato ao ponto de o espectador não torcer por ele. Inclusive, durante uma prova, Kenny é sabotado, o que faz ele acreditar que tenha sido Anthony La Russo, sendo que não foi. Isso pode render em novos conflitos e deixar o personagem insuportável novamente. Está na hora dele baixar a guarda nesta temporada final. Vamos ver como será nos próximos episódios.
Novos inimigos à vista

Depois de fugir da cadeia, John Kreese procura pela mestre Kim Da-Eun, que trabalhou com Terry Silver na temporada passada. Eles se unem para liderar os alunos dela e trazer o Cobra Kai de volta ao torneio Sekai Takai.
A série mostra mais um flashback de Kreese jovem e como ele conheceu Kim, ainda pequena, e seu avô, um mestre duro e cruel no dojo. Inclusive, o avô testa a confiança de Kreese, que encara um desafio perigoso na floresta, recupera o objetivo perdido do Mestre, que concede a Kresse a chance de ensinar a turma ferrenha, incluindo um dos alunos que promete ser o malvadão e a grande pedra no sapato, especialmente do Miyagi-Do.
Torneio Sekai Takai

O torneio Sekai Takai anuncia que a sede será em Barcelona, na Espanha. Além disso, novas regras são estabelecidas, como o fato de apenas seis alunos de cada dojo participar do torneio, com dois capitães para representar o lado feminino e masculino durante a competição.
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Com isso, o Miyagi-Do estipula uma disputa para escolher os seis melhores e, com isso, Daniel e Johnny contam com a ajuda de Mike Barnes, que usa das suas habilidades e raiva para escolher de forma justa. Gostei da participação do personagem, especialmente por ele demonstrar frustração pelo o que aconteceu com ele na temporada passada, já que seu negócio foi incendiado por Terry Silver. Também curti a forma como ele conduz a disputa e avalia os melhores lutadores.
Na competição, os quatro primeiros escolhidos são Robby, Tori, Sam e Miguel. Eles disputam a vaga para capitão, na qual Robby vence de forma justa, enquanto Miguel fica chateado, mas aceita a decisão. Gostei da escolha que a série fez e esta é a oportunidade perfeita para Robby brilhar e mostrar o seu potencial.
Sam é escolhida como capitã, já que a Tori está abalada com a morte da mãe e, consequentemente sai do dojo, ingressando para o lado inimigo. Além disso, Daniel também descobre que o Sr. Miyagi lutou no torneio Sekai Takai, já que ele guardou a faixa que usou dentro da caixa misteriosa encontrada pelo protagonista.
Com a saída de Tori, Falcão entra no grupo, já que ele havia perdido a disputa para Demetri. Esta será a oportunidade ideal para os dois acertarem suas diferenças e fazerem as pazes.
Quem também é escolhida é a Devon que, desesperada em não participar do torneio, ela sabota Kenny durante a disputa, ao colocar laxante na água do menino. Foi errado? Sim, mas passarei pano para Devon, pois gosto da personagem. Se ela errou, foi tentando acertar. Mas acredito que ela irá confessar o erro que cometeu.
O torneio de Sekai Takai é iniciado no 5º episódio, apresentando todos os grupos participantes – o Brasil está lá rs. Mas a grande surpresa fica pelo choque dos integrantes do Miyagi-Do ver a Tori no grupo de John Kreese e da mestre Kim Da-Eun.
A pergunta que não quer calar é: como a parte técnica do torneio não verificou a ficha criminal de John Kreese e não percebeu que tem um sensei procurado pela polícia? Pode ser que a mestre Kim esteja a frente de tudo, mas a presença de Kreese em um torneio mundial é bem controversa, dado a sua fuga da cadeia.
Considerações finais
A 6ª temporada de Cobra Kai se inicia bem, com um desenvolvimento positivo em meio a decisões controversas e corriqueiras, mas que podem resultar em bons plots nos próximos episódios desta temporada final.
O que acharam do começo da 6ª temporada de Cobra Kai?
Ficha Técnica
Cobra Kai
Criação: Jon Hurwitz, Hayden Schlossberg, e Josh Heald
Elenco: Ralph Macchio, William Zabka, Xolo Maridueña, Tanner Buchanan, Mary Mouser, Martin Kove, Yuji Okumoto, Jacob Bertrand, Courtney Henggeler, Peyton List, Gianni DeCenzo, Vanessa Rubio, Rose Bianco, Joe Seo, Aedin Mincks, Owen Morgan, Hannah Kepple, Griffin Santopietro, Sean Kanan, Paul Walter Hauser, Dallas Dupree Young e Oona O’Brien.
Duração: (6ª temporada – 5 episódios – parte 1)
Nota: 3,5/5,0