Está à procura de um bom filme de ação? Ambulância: Um Dia de Crime (Ambulance) é a mais nova produção do gênero sob a direção de Michael Bay, que entrega um bom desenvolvimento de uma história simples carregada de sequências frenéticas, protagonistas que sabem se destacar dentro desta caçada que inicia com um roubo e termina em uma perseguição alucinante pelas ruas de Los Angeles que prende a atenção do espectador que, a princípio, não espera mais do que um filme de ação genérico e surpreende com um resultado satisfatório dentro da proposta com ousadia e sem prepotência. Vale a pena assistir e vou te dizer o porquê.
Ambulância: Um Dia de Crime apresenta o veterano Will Sharp que, desesperado por dinheiro para pagar as contas médicas de sua esposa doente, ele recorre a uma pessoa que não deveria: seu irmão adotivo Danny, um criminoso conhecido por carregar o legado do pai há anos. Com isso, Danny oferece uma oferta atrativa de participar do maior assalto a banco na história da cidade e roubar 32 milhões de dólares. Entre seguir os princípios e salvar a vida da mulher, Will não tem como dizer não.
Durante o assalto que, de início, começa de forma silenciada e com uma entrada bem elaborada do grupo de assaltantes colocando todos os funcionários como reféns, Danny se passa como gerente do banco, mas tem que lidar com a presença inesperada de um policial à paisana que, infelizmente, aparece no lugar errado e na hora errada, o que faz todo o plano dissolver e a fuga dar completamente errado, deixando alguns do grupo para trás.
Desesperados em sair ilesos, Danny e Will sequestram uma ambulância com o policial ferido – o mesmo que entrou no banco – e a socorrista Cam Thompson disposta a fazer tudo para manter todos vivos. Assim, eles iniciam uma perseguição em alta velocidade que não para e, para escapar, a dupla terá que manter os reféns vivos a qualquer custo e, de alguma forma, tentar não se matar, enquanto executam a fuga mais insana em Los Angeles.
Ambulância: Um Dia de Crime é baseado na história original e no roteiro do filme dinamarquês Ambulancen (2005), de Laurits Munch-Petersen e Lars Andreas Pedersen, que apresenta uma história simples sobre um roubo cujo processo falha, mas o que faz a trama ganhar um desenvolvimento empolgante do início ao fim, sem tornar a trama cansativa, enfadonha ou extremamente fantasiosa, sem dúvidas, é o toque especial que Michael Bay dá em suas sequências de ação que, desta vez, são menos explosivas e mais realistas em uma fuga frenética pelas ruas com direito a negociações com uma polícia bem equipada, decisões impulsivas e pensadas, troca de tiros, batidas alucinantes que deixam o espectador angustiado e hipnotizado para saber se a fuga terá um saldo positivo para alguém ou se o fim da linha está cada vez mais próximo para todos.
Mais do que explosões, tiroteios e acidentes, o que torna estas sequências surreais e, ao mesmo tempo, mais palpáveis, é a forma como o diretor utiliza as câmeras a seu favor, seja nas perseguições entre a polícia e os ladrões, dentro da ambulância que nos dá a perspectiva de uma subtrama vivida pelos protagonistas em um único cenário, além do panorama cinematográfico de toda a perseguição pelas ruas de Los Angeles utilizando vários drones, o que dá ao espectador a sensação de estar assistindo aqueles programas de 24 horas de perseguição e captura.
Poucas são as vezes em que a ambulância aperta o freio, como quando Danny precisa tomar alguma decisão mais radical a fim de proteger a todos, incluindo a própria sobrevivência, e isso faz o desenvolvimento da história ganhar uma leve ‘barrigada’. Ao pedir ajuda a um grupo aliado nos inúmeros assaltos, até a ambulância chegar no esconderijo para dar continuidade ao plano de fuga, tal sequência se estende mais do que o necessário. No entanto, o público não sente tanto esta extensão por conta do que é vivido dentro da ambulância, uma vez que Will tem excelente experiência em dirigir, Danny toma as atitudes mais bruscas e agressivas e Cam precisa salvar o policial que está entre a vida e a morte, expondo a personalidade do trio e como a dinâmica muda à medida que a consciência de cada um sofre e é influenciada com tal situação.
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Enquanto a fuga e as negociações recheiam toda a ação, Ambulância: Um Dia de Crime entrega um drama simples e bem feito dentro da ambulância com os protagonistas lidando com suas personalidades e a forma como enxergam e podem atuar diante do caos.
O ator Jake Gyllenhaal está ótimo no papel de Danny, um dos maiores assaltantes da cidade na qual já roubou inúmeros bancos, sendo esta missão com o maior valor já roubado. Todos os truques e artimanhas foram herdados de seu pai, cujo legado permanece vivo até o momento, um ponto que chama ainda mais a atenção das autoridades por saber com quem estão lidando, especialmente o agente do FBI Anson Clark (Keir O’Donnell), que já tem um histórico longínquo com Danny, o que torna a conexão mais forte e instigante para as negociações.
Danny é implacável, agressivo, egoísta e impetuoso na forma como fala e age, o que torna o personagem ainda mais interessante por ser leal à sua personalidade e convicções.
Completamente diferente do irmão, Will (Yahya Abdul-Mateen II) resolve se alistar no exército para fugir do legado do pai adotivo, porém as circunstâncias o fazem retornar para este caminho a fim de salvar a esposa e proteger o filho. No entanto, Will é quem mais fica em cima do muro na história, afinal, ele precisa terminar o plano, retribuir a ajuda e proteger o irmão, enquanto sua consciência martela para fazer o que é certo sem ferir os inocentes, o que faz Will e Cam criarem um laço funcional.
Já a atriz Eiza González rouba a cena no filme como Cam, uma socorrista justa e determinada ao seu trabalho, mas avessa à intimidade com os próximos. Nesta fuga, ela segue justa aos seus princípios para manter todos salvos, enquanto precisa se aproximar dos ladrões para se adaptar a situação em nome da sobrevivência. É ela quem cria uma conexão mais íntima com Will, enquanto aprende a lidar com a impetuosidade de Danny. No geral, a dinâmica dos três funciona muitíssimo bem, especialmente quando as decisões se afunilam na reta final do filme.
Aliás, o trio protagoniza uma ótima sequência quando o policial corre grande risco de morte, obrigando todos a entrar em contato com médicos para realizar procedimentos mais invasivos e arriscados, o que torna o perigo ainda maior.
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Do outro lado da situação, o filme destaca uma polícia bem equipada, determinada e frenética em alcançar e colocar as mãos nos culpados e salvar as vítimas. Há decisões precipitadas das autoridades que trazem alguns resultados negativos? Sim, mas é isso que dá gás à trama, sem também menosprezar a inteligência dos agentes, com destaque para o agente Clarke, o Capitão Monroe (Garret Dillahunt) e o policial Mark (Cedric Sanders) que sente o peso da culpa por ter colocado o colega de trabalho na posição de gatilho para este caos.
Considerações finais
A reta final ganha uma sequência que mistura as últimas ações a se tomar e impulsividade em meio ao drama de tudo o que foi vivido dentro da ambulância culminando em decisões altruístas por parte de Cam, enquanto a conta de todo este caos chega para Danny e Will, em que cada um paga de uma forma diferente por conta de como suas consciências agem diante do caos iniciado por ambos. Quem morre? Quem sobrevive? Quem a polícia prende? O dinheiro é resgatado? Só assistindo para saber as respostas e o filme não perder a graça.
Ambulância: Um Dia de Crime traz uma história simples sobre um roubo falho que ganha um desenvolvimento frenético de fuga e perseguição, cujos cenários vão do panorâmico ao mais recluso dentro da ambulância. Mais do que tiros, explosões e batidas que, por sinal, são bem realizadas, é a forma como as câmeras são usadas que tornam o ritmo das sequências boas e dinâmicas. Já o drama é carregado pelo ótimo trio de protagonistas que defende suas posições e pensamentos, entregando um desfecho bom e justo para todos.
Se você está procurando por um bom filme de ação, Ambulância: Um Dia de Crime é a dica da vez.
Ficha Técnica
Ambulância: Um Dia de Crime
Direção: Michael Bay
Elenco: Jake Gyllenhaal, Yayha Abdul-Mateen II, Eiza González, Garret Dillahunt, Keir O’Donnell, Jackson White, Cedric Sanders, Moses Ingram, Olivia Stambouliah, Colin Woodell, Jesse Garcia, A. Martinez, Jose Pablo Cantillo, Wale, Devan Chandler Long, Briella Guiza e Victor Gojcaj.
Duração: 2h16min
Nota: 3,0/5,0
